O livro não terminado

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A mesma coisa acontecia em uma mansão no nosso mundo.Porém essa garotinha não estava matando ou comendo pessoas,estava lendo.
Seu nome é Elizabeth,tem 15 anos de idade e 1,55 de altura e não deve passar de 44 kg.

-Que horas são?-ela perguntou para si mesma.

Com esforço ela saiu de debaixo das cobertas e iluminou o relógio na parede com a lanterna que usava para iluminar seu livro.

02:00 da madrugada.

Deveria estar dormindo já que as aulas com a nova professora particular começariam bem cedo.Porém,ficar acordada era menos perturbador do que dormir.
Elizabeth era a única que sabia o quem a esperava todas as noites em seus sonhos.Para ela,pequenos cochilos que mantinham seu corpo e mente cansados era muito melhor do que encarar o inferno todas as noites.
Para não cair no abismo do inferno chamado sono,Elizabeth se acomodava de baixo de pesadas cobertas com seu único porém favorito livro e uma lanterna para poder ler sem chamar atenção das empregadas e da mãe.
O livro tinha sido um presente de sua antiga professora particular que tinha desaparecido em um acidente de trânsito a mais ou menos um mês atrás.
O livro era diferente de qualquer outro que a jovem já tivesse visto na vida,ele não tinha título e nenhuma informação sobre ele na parte de trás,porém,suas páginas eram preenchidas por desenhos com traços delicados e cores extremamente fortes que davam a impressão de que as figuras se movimentavam lentamente.Junto das figuras estavam letras miúdas que criavam pequenas frases que tornavam a leitura rápida e viciante ao mesmo tempo.
Era a terceira vez que Elizabeth lia o livro aquela noite e acabará de chegar na sua parte favorita:

-"Encapuzada da cabeça aos pés,a princesa tocou o portal do espelho.O portal que dependendo de sua escolha poderia mudar a sua vida.Para todos a escolha era óbvia mas,para ela,o lugar a onde estava era um deserto escaldante e o outro lado do portal seria um oásis com um rio cheio de água fresca e muito convidativa para um banho refrescante.Lágrimas brotaram dos olhos da moça.O deserto era na verdade seu reino,seu futuro império e sua futura responsabilidade e o oásis era o mundo humano onde se encontrava o amor de sua vida.Ela era uma princesa,tinha que fazer a escolha certa,não podia ser egoísta,não podia decepcionar os outros,não podia fazer ninguém sofrer,não podia...
Ela engoliu as lágrimas bruscamente,cerrou os dentes,e assim,como qualquer jovem rebelde faria,ignorou suas responsabilidades deixando seu desejo engolir cada gota de sangue de seu corpo e adentrou no portal."-Elizabeth leu silenciosamente e animadamente para ela mesma.

Saiu de debaixo das cobertas e jogou a cabeça no travesseiro e,com a lanterna,iluminou e encarou as delicadas figuras da princesa encapuzada por alguns minutos.
Depois,colocou o livro aberto sobre o travesseiro,deitou de bruços,e virou a página.
Nada.Estava em branco.
Elizabeth fez uma cara de desapontamento.Essa era outra coisa estranha sobre o livro:ele acabava misteriosamente deixando várias páginas em branco sem mostrar o que acontece depois.
Quando leu o livro pela primeira vez Elizabeth pensará que o livro era do tipo que deixaria o leitor terminar a história mas sua professora de explicará que não era isso.
Então todo dia Elizabeth virava a página para ver se figuras e frases apareceriam para completarem a história.
Porém ela sempre encontrava a mesma coisa:páginas em branco sem nenhum sinal de que aquele livro iria terminar.

-Bem,já que o livro não se completou hoje de novo...Eu vou ler de novo!!!-é assim ela se jogou na cama para ler novamente seu amado livro quando escutou um barulho na porta.

Rapidamente,ela jogou o livro de baixo do colchão junto com a lanterna e se ajeitou para fingir que estava dormindo.
Era uma empregada que entrou no quarto.Provavelmente ouviu algum barulho ou o brilho da lanterna e foi conferir se Elizabeth estava dormindo.
Assim que viu aquela perfeita imitação de uma garota angelical dormindo,todas as suspeitas de que Elizabeth estava acordada sumiram da cabeça da empregada que ajeitou os cobertores em cima da menina e foi embora.
Agora Elizabeth poderia parar de fingir e voltar a ler seu livro até o amanhecer.
Mas,ela não sabia como e nem quando o sono a alcançou.
Seu corpo estava preguiçoso,suas cobertas quentes pareciam pesadas e confortáveis a prendendo na cama e a escuridão onde estava parecia não querer soltá-la assim como os braços de uma mãe envolta do corpo de um filho.
Agora era tarde demais:O pesadelo começaria em breve!

As serpentes gêmeas Onde histórias criam vida. Descubra agora