Visita inesperada

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  O coração de Magnus batia desesperadamente. Cada pedaço do seu corpo se esforçava para não deixar transparecer o pânico que lhe invadiu. A taça que ele segurava cai no chão, manchando de vinho o tapete que adquirira séculos atrás.

  - Como escapou de Edom? - Ele consegue dizer por fim.

  - Eu esperava um "que bom vê-lo, pai". Ou que pelo menos me oferecesse uma bebida.

   Asmodeus caminha pela sala, estudando tudo o que seus olhos lhe proporcionavam desfrutar. Ele para diante de uma mesa com inúmeros frascos dos mais diversos ingredientes:  presas de vampiro, pelo de lobisomens, folhas selvagens e outras coisas que você não pode sequer imaginar.

  - Você tem potencial para tanta coisa, Magnus - começa Asmodeus - pode dominar a comunidade dos feiticeiros, construir um império, fazê-los se curvar diante de você, aniquilar qualquer um que ousasse se opor. Em vez disso, prefere fazer favores e prestar serviços a outros. Você nunca entendeu direito o que é ser demônio, não é? Alimentar-se de dor? Mas o que é dor? Tormento físico, isso é tão tedioso. Qualquer demônio de jardim é capaz de fazer isso. Ser um artista da dor, criar agonia, escurecer a alma, transformar motivos nobres em sujeira, amar, cobiçar e depois odiar. Transformar uma fonte de alegria em uma fonte de tortura. É pra isso que existimos!

  - Eu prefiro não ser um monstro como você.

  - Meu sangue corre nas suas veias - grita ele impaciente - Você é como eu. Não há como negar. O que há? Aquele Shadowhunter amoleceu seu coração? Pelo que eu me lembre você estava ótimo antes de me banir para Edom. Estava seguindo meus passos.

  - O canal de fofocas pega bem lá pelo visto. Não seguir seus passos foi uma escolha minha e apenas minha. O fato de eu ter seu sangue não muda isso. Agora diga-me como saiu de Edom e talvez eu lhe ofereça uma bebida antes de mandá-lo de volta para lá.

  De repente os olhos de Asmodeus ficam negros como o sobretudo que ele usava. Ele ergue Magnus do chão sem precisar fazer quaisquer movimentos. O feiticeiro luta para respirar. Seus olhos de gato se fazem visíveis. O demônio estava deixando sua magia nula.

  - Faça isso e eu…

  - O que? - Grita Magnus, quase sem ar - Vai me matar? Pois então faça-o.

  Asmodeus o atira contra a parede, quebrando uma prateleira e derrubando todos os frascos de poções.

  - Matá-lo? - Ele ri, como se realmente visse graça naquilo - Eu sou o príncipe do inferno. Você não tem poder suficiente nem para mover um fio de cabelo meu.

  - Eu já fiz isso uma vez - Magnus se esforça para levantar - Não hesitarei em fazer novamente. 

  - Séculos atrás eu não tinha o poder de cem demônios. Só a sua magia é inútil contra mim.

  Magnus o encara, sem se preocupar em disfarçar o olhar de confusão que tomou conta de sua face.

  - O que quer dizer com isso?

  - Durante séculos eu venho estudando demônios. Como canalizar seu poderes. Era temporário, mas agora, com as minhas habilidades aprimoradas, posso canalizar quanto poder eu quiser por quanto tempo quiser. O gosto não é muito agradável mas você se acostuma. Durante muito tempo eu os venho colecionando. Dou prioridade aos demônios maiores, é claro, seus poderes são imensuráveis. Mas não faço desfeita dos outros. Com o tempo, aprendi a canalizar poder suficiente para abrir uma brecha e sair daquele inferno. Se tentar me mandar para lá novamente, eu não vou te matar. Você é meu filho. Posso ser um demônio, mas não acabaria com a minha prole. Mas te torturaria das piores formas imagináveis. Agora isso seria muito fácil. Você tem muita coisa a perder. Achei que entenderia o recado quando causei aquele pequeno arranhão no seu precioso Shadowhunter ontem.

Para sempre além do agora (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora