Capítulo Vinte e Dois

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Catarina

Não entendo como Rosa sente prazer em ver as pessoas ao redor de Benjamin sofrendo, é como se ela necessitasse disso para sobreviver. É evidente pelo semblante dela, a satisfação ao me ver completamente destruída.

- Eu já sabia sua idiota - Dispara Fernanda. -, como você teve coragem de fazer isso?

- Você é outra desclassificada.

Meu celular toca, é meu pai. Engulo em seco e atendo o telefone com medo que vou escutar.

- Oi pai!

- Parabéns por destruir nossa família e matar a sua mãe. - Diz com uma voz de coro ao mesmo tempo que sinto raiva e decepção em suas palavras.

- Como assim matar a mamãe? - Pergunto aos prantos. Não pode ser verdade, ele pode estar falando que minha mãe está envergonhada.

- A sua mãe depois de saber que a filha é uma adultera, enfartou. - Ele chora. - Espero... espero que esteja feliz.

- Não pai, Não. - Choro desesperadamente caindo sobre o chão como um lixo que sou.

- Não me chame de pai, para mim você não existe mais eu não tenho mais filha. - Ele desliga.

Fernanda corre até mim e senta no chão ao meu lado, Rosa me observa segurando a vontade de rir. Nunca fiz nada de mal a essa mulher para merecer isso. Eu aceito ser julgada e chamada de todos as barbaridades possível, acho que encarar Maria Luiza e falar a verdade, não seria tão doloroso do quer perder a mãe devido uma decepção e ver o irmão definhar aos poucos.

- Estou quase comovida. - Rosa faz pouco caso aos risos.

- Foi culpa sua! Você matou a minha mãe, sua assassina.

- A sua mãe morreu? - Ela muda a feição, aparenta preocupada e até um pouco arrependia.

Levanto furiosa do chão e aproximo-me de Rosa.

- Eu espero que agora você esteja feliz, porque se eu levo o nome de adultera, você agora é uma assassina. - Digo.

- Sai da minha casa. - Fernanda a empurra até a porta.

- Eu não tive intenção.

- Eu mandei você sair da minha casa, porra.

- Desculpa Catarina.

Fernanda bate a porta na cara daquela desmiolada. Me sento no sofá e volto a chorar. Eu não queria que as coisas chegassem a esse ponto, muito menos calculei algo que me destruísse tanto. É uma dor enorme em meu peito, um vazio que só aumente mais e mais.

Se eu soubesse que os homens que me envolvi causaria tamanho prejuízo, teria optado por viver minha vida sozinha. Acho que antes de Benjamin, me sentia solitária, sem ninguém, mas depois dele, me sinto uma verdadeira "ninguém". É doloroso pensar assim, mas é a verdade.

Fernanda senta ao meu lado e conforta-me em um abraço aconchegante.

- Como eu vou contar para o Rick, Fê?

- Calma amiga! A gente vai resolver tudo.

- Meu pai disse que eu sou a culpada e que não sou mais filha dele. - Soluço. - É tão doloroso escutar essas palavras Fê.

- Vai ver que isso é na hora da raiva, só tenha calma.

Eu estava a pá do que poderia acontecer se soubessem de tudo entre o Benjamin e eu, principalmente se Maria Luiza soubesse, e pelo o que parece ela não sabe, mas, o que jamais passou pela minha cabeça era "E se minha família soubesse?". Escutar do meu pai que ele não mais me considera, é uma dor no peito que jamais imaginei passar na vida, porém, é outra consequência que tenho que arcar com as responsabilidades.

...

Fernanda e eu chegamos ao hospital, entramos na enfermaria que Rick está, o observo guardar as roupas, ele me olha contente e tento disfarçar um sorriso. Fernanda pede para que eu fique na porta, ela vai até meu irmão contar a notícia. Olhando da porta, vejo a agitação dele, Rick nunca foi uma pessoa escandalosa, ele é sempre cauteloso ao mesmo tempo que demonstrar as emoções com o olhar.

Neste momento, percebo ele sentando na cama e chorando. Fernanda se vira para mim e balança a cabeça para que eu saia. Do lado de fora, sento em um dos bancos no corredor. Eu vejo as pessoas passando em câmara lenta, como se o tempo estivesse parando para mim. Eu sou a culpada por tudo, penso.

Fernanda senta ao meu lado, tirando-me dos meus pensamentos. Ela sorri e levemente, coloca a mão nas minhas costas.

- Vai lá conversar com ele. - Diz.

- Será que Rick ainda quer olhar na minha cara?

- Vocês sempre conseguem se entender Catarina, vai lá!

Levanto-me e entro novamente na enfermaria. Há alguns minutos, ele estava arrumando as coisas no intuito de voltar para casa, agora, está deitado encarando o nada, conectado a mais uma bolsa de soro. Sento na cadeira ao seu lado e seguro a mão dele.

- Você não foi para o enterro dela? - Pergunta sem olhar para mim.

- Papai disse que não me considera mais, preferi evitar.

- Imagino.

Me levanto da cadeira e apoio as duas mãos na cama tentando me manter em pé.

- Eu não to me sentindo bem.

- Com tudo isso eu também não.

Tento respirar, mas não consigo. O mundo ao meu redor, está ficando cada vez mais escuro, já não consigo mais me segurar em pé. Caio no chão e tudo apaga de vez.

Abro os olhos devagar por causa da luz, avisto Fernanda um pouco preocupada, mas ainda assim consigo ver um brilho em seu olhar. Coloco a mão na cabeça e percebo que também estou conectada a uma bolsa de soro.

- O que aconteceu? - Pergunto.

- Está se sentindo melhor?

- A minha cabeça ainda dói. O que aconteceu?

- Eu não sei se você vai reagir bem ao que vou falar.

Fê faz um silencio que me incomoda.

- Fala logo Fernanda, o que eu tenho?

- O médico de que... - Pausa. - Que você está gravida de dois meses.

- O que? - Indago descrente.

Meu Deus! Não sei se escutei direito, mas estou gravida. Um bebê meu e de Benjamin cresce dentro de mim, isso é um problema, porque eu não posso contar para ele, até porque, o pai do meu filho é casado com outra. Mas uma coisa que não estava dentro da minha lista de consequências.

Amante de um homem casado LIVRO IOnde histórias criam vida. Descubra agora