Terceiro

30 1 0
                                    

Relembro o plano várias vezes na minha cabeça para me certificar de que não esqueci nada importante. Estamos quase prontos para sair, tudo precisa ser feito antes das dez para a meia noite.

Enquanto Rodrigo questiona Carlos sobre o papel dele no plano, vou até o banheiro. O som da discussão deles ficava abafado lá, o que me dava um sensação de isolamento muito bem vinda.

Pendurado acima da pia havia um pequeno espelho onde eu conseguia ver o reflexo do meu rosto. Odiava parecer mais nova do que eu realmente era, mas parecer inocente é uma vantagem em algumas situações. Que pena que essa não era uma delas

Abro a pia e lavo o meu rosto. Carlos me disse que havia compartimentos atrás da parede onde eu encontraria uma maleta de maquiagem. Não foi difícil achar. Começo o trabalho marcando as formas arredondadas do meu rosto. Quando termino pareço uns 10 anos mais velha. Quase irreconhecível.

Amarro o meu longo cabelo castanho num coque atrás da cabeça e cubro com uma boné preto. Minha camisa é preta e justa no meu corpo, por cima coloco uma farda preta com botões pratas de cima a baixo, bolsos e um brasão do Império de Mór. Paro um minuto para olhar o brasão, ele é de metal tem uma coroa em cima e barcos a vela como que navegando abaixo. Era bonito, mas não me trazia uma boa sensação.

Calço botas de cano alto com cadarços e finalmente estou parecendo um oficial da Guarda imperial. Agora vem a pior parte. Ligo meu rádio de bolso, está tocando meu tipo de música favorita.

Abro o compartimento secreto e alcanço, dentro do quite enfermagem, um bisturi. Ele pesa na minha mão, junto com meu estômago. Fico sem jeito para começar o procedimento. Meu coração bate rápido até que por fim faço um pequeno corte na palma da minha mão logo abaixo do polegar.

Sinto uma dor aguda e vejo uma gota de sangue escorrer. Não é o suficiente. Fecho os olhos respiro fundo e aprofundo mais o corte. Rapidamente, pego dois objetos metálicos que servem para manter o corte aberto. Abro uma caixinha preta que contém um microchip menor que um grão de arroz e com uma pinça coloco o chip dentro da minha mão.

Esterilizo e cauterizo a área, a última parte me faz gritar de dor. Depois passo um gel refrescante que melhora bem a área do corte. Por fim pego um pedaço de pele sintética bem grudenta que coloco por cima e seco com um secador. Depois de seco, mal parece que eu enfiei um maldito estilete na minha mão.

- Ei Lena!! Vai ficar aí escutando essa música de velho- berra Rodrigo batendo na porta

Dou um pulo, saindo do meu devaneio.

-Velho será você, quando eu acabar com a sua raça- digo abrindo a porta

Mas eu nem estava com raiva. Dou um sorrisinho de lado pra ele que devolve com um sorriso meio preocupado. Ele não sabia disfarçar nada para mim. Pensei em perguntar se estava tudo bem. Mas não deu tempo.

-Você tem certeza que quer fazer isso?

- Claro que sim! E você acha que eu não consigo?

- Você é muito esperta. Mas... sei lá talvez seja muito cedo...

- Eu fui treinada para isso, estou mais que pronta.

Ficamos olhado um para o outro como se estivéssemos num impasse, que só existia para ele. Eu não ia desistir agora.

- Vocês não vão dar pra trás agora né?

- Claro que não "Carlito", você acha que somos do tipo que dá pra trás?- dispara Rodrigo piscando para mim

- Do que você me chamou?- diz Carlos sério

- Carlito. É um apelido, gostou?

Não sei porque, mas aquela situação me fez rir. Até que ouvimos o alarme e a seriedade retorna. São 21:00.

- Está na hora.

* Nota da Autora:
Estou realmente muito feliz que algumas pessoas tenham lido a minha história. Se você chegou até aqui não desista agora ,tenho certeza que você não vai se arrepender de me acompanhar na evolução dessa trama e dos personagens. Minha meta é publicar um capítulo todo domingo, então por favor, fiquem ligados.

Ass : @allerody


Revolução ArdenteOnde histórias criam vida. Descubra agora