Todos querem ser amados

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Xiao Rou

Depois da aula não vi mais Mi Le, fui à biblioteca mesmo sendo minha tarde de folga, andei pela quadra de basquete, rodei o campus e nenhum sinal dela. Estava preocupada nunca tinha visto ela tão irritada e muito menos respondendo á ninguém com a voz tão fria, tentei me manter ocupada, mas nada deu certo então apenas voltei para o quarto e me jogo na cama completamente perdida na confusão que se instalou no meu cérebro.

Mi Le entra batendo a porta forte, ela joga a jaqueta em cima da cadeira vai até nossa mini geladeira pega um pote de sorvete e a colher que roubamos do refeitório, ela acaba concentrando sua raiva na colher e assim que tenta pegar um pouco de sorvete entorta e á transforma em um "L".

-"Merda!" – ela diz irritada deixando ambos em cima de sua mesa, saio da cama e vou até ela.

-"O que houve? Está assim desde o debate. O que está te incomodando? Estou preocupada com você. – ela apoia as mãos na mesa e me encara com uma expressão dura.

-"Você não percebeu? Realmente não viu que aquele babaca do Xia Yu disse tudo aquilo para me atingir? Ele queria me atingir desde o início, aquelas merdas todas foram para mim, um ataque direto encoberto pela desculpa de estar em um "debate". – tento toca-la, mas ela se desvia me deixando desnorteada.

-"Você não acha que está sendo um pouco... Exagerada? Mi Le era só um debate, todos queríamos ganhar nota." – ela ri e passa a língua nos dentes sem desviar os olhos dos meus.

-"Eu não sou idiota Xiao Rou, ele é louco por você e me odeia puramente e simplesmente por existir e estar ao seu lado todos os dias, eu odeio esse tipo de joguinhos, não é a primeira vez que passo por isso. – fico á encarando sem saber ao certo o que dizer.

-"Mas... E se não for tudo sobre você e simplesmente esteja implicando com ele? Mi Le, por favor, seja mais compreensiva não leve tanto para o lado pessoal." – ela se aproxima mais de mim e pela primeira vez á vejo realmente magoada, seus olhos já não tem mais raiva e isso é ainda pior.

-"Compreensiva? Eu engoli as malditas piadas deles, fui insultada, ofendida e humilhada milhares de vezes, ouvi a palavra "aberração" sair da boca daquele lixo e para te proteger apenas fiquei ouvindo e sabe por quê? Por que eu não quero ver você ser humilhada e tratada com eu fui, como se eu fosse menos que ele, como se minha opção sexual me fizesse menos humana então, por favor, não me peça compreensão nunca mais. Ele quer você, e ele sabe que é meu ponto fraco, enquanto ele usar você para me provocar não vou arriscar sua segurança, mas... – quando me dou conta estou contra a escada de minha cama, Mi Le está a poucos centímetros de mim com seus olhos fixados nos meus, ela passa seus dedos delicadamente no meu rosto e volta a falar. – Xiao Rou você é minha destruição, meu calcanhar de Aquiles." – ela diz antes de se afastar pegando suas chaves e sua jaqueta, me deixando sem ar encostada na escada.

Levo minhas mãos á cabeça tentando compreender tudo o que houve, assimilando as palavras dela que caíram feito chumbo no meu estômago. Percebo que ela tem razão eu sou o que usam para atingi-la, eu sou seu ponto fraco, eu nunca tinha a visto perder a calma com nada, ela não temia ser quem ela é sempre andando de cabeça erguida sem medo, ignorando todos os comentários e olhares de reprovação, agora ela está nervosa por ser quem é, está temerosa não por ela, mas por mim e eu não abri meus olhos para isso até agora... Sou eu o seu medo, sou eu quem ela quer proteger não posso deixa-la ir... Não posso.

-"Mi Le! Mi Le!" – pego meu casaco ás pressas e saio correndo em busca de alguma dica de onde ela pode ter ido, desço para o estacionamento e não vejo sua moto e para piorar o lugar está vazio, não há ninguém para quem eu possa perguntar.

Corro pelo campus sentindo meus pulmões explodindo, vou a todos os lugares que ela gosta e meu desespero aumenta quando não á vejo.

-"Aonde você foi... Mi Le..." – penso em ligar pra ela, mas lembro que esqueci o celular e me amaldiçoo por isso, respiro fundo e penso aonde ela poderia ir e me lembro de um lugar que é importante para nós duas.

Corro até o ponto de táxi mais próximo e quase me atiro na frente deles para conseguir para-lo. Sem folego peço um papel e uma caneta e anoto o endereço entregando ao taxista.

-"Não está pensando em se matar? Não está por favor?" – rio involuntariamente com a expressão do homem.

-"Não, na verdade é bem longe disso, agora vá rápido, por favor?!" – ele acelera e seguimos.

No caminho só consigo pensar em todas as vezes que ela me protegeu como ela sempre estava lá para mim, como eu era sua prioridade. A imagem do seu rosto está em minha mente, seus traços perfeitos, seu sorriso, seus olhos que fazem minha cabeça girar. Céus eu não posso perdê-la, eu não quero perder seu toque, seu calor... Não quero perder nenhuma parte dela.

Chego na ponte e começo a procurar por Mi Le, mas como a extensão é absurdamente grande fico desnorteada, começo a procura-la tentando ver ambos os lados, e então á vejo jogando pedras na água, começo a sorrir como na primeira vez que nos esbarramos, mesmo sem saber quem ela era meu coração palpitou inconstantemente todas as vezes que ficávamos juntas.

Corro para ela e começa a gritar seu nome, ela se vira completamente surpresa e começa a caminhar na minha direção.

-"MI LE! MI LE! MI LE EU AMO VOCÊ" – minhas palavras á fazem parar e eu corro para ela com meus olhos marejados, mesmo sentindo meu peito prestes a explodir mantenho o ritmo, chego até onde ela está, mas não á abraço, sinto o desespero diminuir assim que vejo seu rosto.

-"Sua maluca o que está fazendo aqui? Onde está seu casaco? Já não te disse para andar agasalhada?!" – só então me dou conta que na presa deixei meu casaco no taxi, ela tira sua jaqueta e coloca sobre meus ombros.

-"Mi Le... Me desculpe, me desculpe por demorar a perceber que, a perceber eu estava me protegendo... Fui tão covarde, me perdoa por não ter sido honesta antes... Eu amo tanto você... – passo meus braços em volta de seu pescoço á beijando, ela envolve minha cintura me puxando para mais perto, seus lábios se abrem convidativos, quentes, tão suaves que parece um sonho. Nossos lábios apenas se separam quando gotas frias de chuva caem sobre nós, abro meus olhos e vejo o rosto de Mi Le, ela sorri tão linda e em seus olhos vejo lágrimas que ameaçam cair. – Está chovendo em você também não é?" – pergunto encostando meu nariz no seu e fechando meus olhos.

-"Sim, está chovendo alegria..." – a chuva se torna densa e então Mi Le pega em minha mão e corremos juntas para fugir da chuva.

Chegamos a moto e Mi Le me oferece o capacete, mas eu nego com a cabeça, sua expressão se fecha e eu dou alguns passos para trás.

-"Mi Le...".

-"Não pode fazer isso...".

-"Aceita namorar comigo?" – peço e ela começa a rir, uma risada leve daquelas de doer a barriga de tão gostosas.

-"Você me assustou, eu pensei... Ah que se dane o que eu pensei!" – quando me dou conta já estou em seus braços com nossos lábios colados.

-"Isso é um sim?" – pergunto com meu coração explodindo de felicidade.

-"Sim... Sim... MIL VEZES SIM!" – ela grita e me abraça me rodopiando no ar.

Música: The Weeknd - Call Out My Name

Boa Leitura!

Quero agradecer a minha irmãzinha @Malu_Pimpao que me deu um texto maravilhoso para trabalhar, pela música e por tudo! Obrigada por estar me ajudando com esse projeto! 

TE AMO!

Breaking With LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora