Capítulo 25

35 4 0
                                    

Domingo tinha chegado, o meu dia favorito da semana, dia que dedicava a ver séries e filmes.
Qual foi a minha surpresa quando abri os olhos e dei de caras com uma cesta, que dentro tinha chocolates, nutella, pipocas, coca cola e mais uma vez um bilhete.
Com as mãos trémulas peguei no pequeno papel, que dizia:
"Sei que Domingo, para ti, é o dia de não fazer nada, e como o dia da preguiça não é dia da preguiça sem doces, decidi enviar te alguns. Com amor, Miguel"

Suspirei e levantei me da cama, ainda descabelada fui para a cozinha, onde encontrei a minha mãe

-Mãe!-dei lhe um abraço apertado

-Está tudo bem querida?-ela perguntou enquanto afagava o meu cabelo

-Eu estava com saudades tuas, sei que nos vemos todos os dias, mas não com a frequência que eu gostaria-disse baixinho ainda agarrada a ela

-O que é que se passou Luna?-ela questionou me

-O Miguel tem me mandado presentes, quer dizer, mandou ontem e hoje-desabafei

-Sou eu quem os ponho no teu quarto, portanto eu já sabia. Como é que tu te sentes em relação a isso?-eu parei para pensar na resposta à sua pergunta

-Eu não sei, é um misto de emoções-respondi por fim

-Vive um dia de cada vez, demora o tempo que for preciso para esclareceres as coisas no teu coração-a voz calma e as palavras da minha progenitora tranquilizaram me

Abracei a outra vez e voltei para o meu quarto, pegando um chocolate e colocando um pedaço à boca, enquanto procurava um filme para ver

No dia seguinte

-Bom dia-disse sem ânimo nenhum quando entrei na cozinha, pelo simples facto de odiar acordar cedo, ainda mais se for para ir para a escola

-Os anos passam e o teu mau humor matinal continua. Toma, talvez isto alegre um pouco o teu dia-dito isto, a minha progenitora entregou me um copo de café

Preparava me para lhe agradecer, achando que tinha sido ela a comprar, quando reparei que me tinha sido entregue também um pequeno bilhetinho, que dizia:
"Lembro me de um dia me teres dito que café melhorava qualquer situação, e como eu quero ver o teu lindo sorriso quando chegares à escola, pensei que este seria o presente mais indicado para esta manhã. Com amor, Miguel"

-Presentinhos todos os dias? Parece que alguém está mesmo interessado em ti-o Ivan brincou

-Foi o Miguel-respondi, e um sorriso involuntário escapou quando pronunciei o seu nome

Vi a tristeza e a raiva nos olhos do Gonçalo ao ouvir as palavras do meu padrasto e as minhas, e sem dizer uma palavra ele levantou se e saiu da cozinha

-O que é que lhe deu?-o Ivan perguntou confuso

-Eu vou lá falar com ele-rapidamente cheguei ao quarto do rapaz, que autorizou a minha entrada quando bati à sua porta

-Porque é que estás aqui?-perguntou sem olhar para mim

-Pela forma como saíste da mesa. Desculpa se te magoei-ele veio na minha direção, até parar à minha frente

-Dizem que os olhos são o espelho da alma, e enquanto lias aquele bilhete vi tantas coisas no teu olhar, entre elas amor. E por mais que te ame, sei que o teu coração não me pertence-senti o meu coração apertar com as suas palavras

-Luna! A Valeria chegou!-quando abri a boca para responder lhe, a campainha tocou, e logo em seguida o grito da minha mãe foi ouvido

-Vamos?-o Gonçalo perguntou com um pequeno sorriso, e eu concordei

-Bom dia desaparecida-cumprimentei a loira quando a vi

-Fiquei o fim de semana a recuperar me da ressaca-nós rimos

-Nem te vi mais na festa, suponho que estivesses com o Gabriel-comentei com um sorriso malicioso

-Não comeces com isso, nós somos apenas amigos que se beijam de vez em quando. Seria louca se me apegasse a um rapaz como ele-ouvi a suspirar

-Eu sou a prova de que o amor muda as pessoas-diante da fala do Gonçalo, a minha amiga não voltou a falar sobre isso

Quando chegamos à escola a aula estava quase a começar, por isso fomos diretamente para a sala, onde teríamos português

-Bom dia alunos. Hoje eu quero que façam uma composição sobre o que, para vocês, é o amor-a professora informou quando nos sentamos nos nossos respetivos lugares

-E quem não acredita no amor?-a pergunta de Clara, que à pouco tempo descobri ser ex namorada de Gonçalo, surpreendeu todos

-Tu não acreditas?-a professora perguntou

-Não. A meu ver, o que existe é apenas atração sexual, e quando sentimos isso com frequência por uma pessoa, chamamos amor. Esse sentimento de que falam, que sentimos borbuletas na barriga, não existe-ela respondeu confiante das suas palavras

-Eu não concordo. Se dizes isso é porque nunca amas te ninguém realmente-eu respondi lhe, levantando me, e todos olharam para mim

-Amar é rir, e chorar-a Valeria disse

-É conquistar a pessoa que amamos dia após dia-ao ouvir a voz do Miguel, virei me para trás, e para minha surpresa ele olhou diretamente para os meus olhos e sorriu

-É parar de pensar apenas em si-foi a vez da Catarina falar

-E incluir o outro na nossa vida, fazer planos a dois-a Bárbara terminou a fala da Cata

-É abdicar da nossa felicidade, para que o outro seja feliz-o Gonçalo disse cada palavra a olhar para mim

-O amor transforma nos, torna nos melhores-para surpresa da minha melhor amiga, o Gabriel disse isso sem tirar os olhos dela

-Vocês acreditam mesmo nisso? São ridículos!-a Clara riu se de nós

-Ridículo é esse teu ponto de vista. Na verdade é triste, é triste ver que o teu coração ainda não foi capaz de bater mais rápido por alguém-ela olhou para mim e pude ver o quão irritada estava pelas minhas palavras

-Devo dizer que vocês me surpreenderam. Apesar de novos, pelo que posso ver, vocês amam ou já amaram alguém. Tenho uma sugestão, ao invés da composição, vamos usar o resto da aula para continuar a debater este assunto-todos concordamos

"É conquistar a pessoa que amamos dia após dia" a frase do Miguel passava repetidamente na minha cabeça enquanto eu me olhava no espelho da casa de banho

-Luna-a mesma voz que passou pela minha cabeça inúmeras vezes à segundos atrás, chamou pelo meu nome assim que saí da casa de banho

-Miguel!-suspirei, surpreendida por o ver ali

-Estou curioso para saber o que é que, para ti, é amar alguém. Não o chegaste a dizer quando estávamos na sala-ele disse com um pequeno sorriso

-Vamos voltar para a sala, eu tenciono participar do debate e aí poderás matar a tua curiosidade-comecei a andar, mas o toque quente da sua mão no meu pulso parou me

-Não, quero que o digas apenas para eu ouvir-ele sussurrou, puxando me para ele

-O que é que tu queres com isto tudo? Primeiro os presentes, agora isto.. Para quê? Eu não entendo-confessei

-Para te provar que mereço uma segunda oportunidade, que mereço a tua amizade, e quem sabe algo mais que isso no futuro-arregalei os olhos ao ouvir as suas palavras

-Eu vou voltar para a aula-acabei por dizer, depois de alguns segundos em que tudo o que parecia existir eram os seus olhos azuis, que brilhavam com esperança

O ReencontroOnde histórias criam vida. Descubra agora