Capítulo 21

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Tinha acabado de deixar a Valéria em casa, já era de noite, tínhamos ido ver um filme. Estava a passar por um parque e decidi parar um pouco para contemplar a noite, quando o meu telemóvel tocou

Chamada On

Gonçalo: Luna, onde é que estás? Já é tarde e amanhã começam as aulas

Eu: Fui ao cinema com a Valéria e deixei a agora em casa, estou no parque que há aqui perto mas vou já para casa

Gonçalo: Queres que te vá buscar?

Eu: Não é preciso, vou aproveitar para andar um pouco

Gonçalo: De certeza? Já é tarde e pode ser perigoso

Eu: Não te preocupes não há perigo nenhum. Em 10 minutos estou aí, beijo

Chamada Off

Quando desliguei o telemóvel vi um rosto familiar, que logo reconheci como sendo do Miguel. Ele estava sentado num banco a fumar, parecia distante.
Estava prestes a continuar o meu caminho e fingir que não o tinha visto quando me lembrei da conversa que a Kate tinha tido comigo ontem, ela estava preocupada porque o filho quase não saía do quarto e quando o fazia não conversava com ninguém, tinha se isolado do mundo

-Posso?-perguntei quando me sentei ao seu lado e vi o quanto ele estava surpreendido por me ver ali

-Podes o quê?-perguntou confuso

-O cigarro-ele entregou mo e eu coloquei o na boca, sentindo o seu olhar atento nos meus movimentos

-Não sabia que fumavas-comentou

-Não sabes muitas coisas sobre mim. Mas na verdade ainda não tinha fumado desde que cheguei ao Dubai-soltei o fumo e entreguei lhe outra vez o cigarro

-Não estava á espera de te encontrar aqui-a sua voz fez se ouvir depois de alguns minutos de silêncio

-Para ser sincera eu ia seguir caminho e fingir que não te tinha visto-a minha sinceridade falou mais alto

-E o que é que te fez mudar de ideias? Eu não entendo, tu não me devias querer ver á frente, e no entanto não só passaste aquela noite comigo, como estás aqui agora-ele voltou a sua atenção para mim e por instantes eu perdi me na imensidão que era o azul dos seus olhos

-Então foi com ele que passaste a noite em que não dormiste em casa?-a voz do Gonçalo assustou me

-Sim, foi com ele que eu passei a noite Gonçalo. Qual é o problema? Vais me chamar de puta outra vez?-perguntei com a sobrancelha arqueada

-O quê?-o Miguel fez se ouvir mas eu não olhei para ele

-Eu pedi desculpa-o Gonçalo suspirou

-E eu desculpei te, mas isso não quer dizer que tenha esquecido-revirei os olhos

-Porque é que tu a insultaste dessa forma?-o Miguel perguntou irritado

-Não te metas, já estou com vontade de te dar um soco por lhe teres feito um chupão, não piores as coisas para o teu lado-vi um sorriso irónico surgir no rosto do Miguel

-Já percebi, tu estás com ciúmes! Porque querias ser tu a toca la dessa forma, a deixar uma marca no seu corpo. Mas ela não te dá permissão para tal pois não?-o Gonçalo parecia querer bater no Miguel, mas eu coloquei me na frente para evitar isso

-Já chega, isto não vai levar a lado nenhum-eu disse, sem paciência para ver os dois discutirem

-Vamos para casa Luna, antes que eu perca a cabeça-o filho do meu padrasto pegou me pelo pulso, mas eu soltei me dele

-Eu não vou já para casa-fui firme nas minhas palavras

-Vais sim! Já é tarde e temos aulas amanhã-ele voltou a pegar me no pulso, mas desta vez o Miguel colocou o braço na minha cintura e puxou me para ele

-Ela já disse que não quer ir, vai embora de um vez-soltei me também do Miguel, porém fiquei ao seu lado

-Não esperes que eu te acorde amanhã para ir para a escola-o Gonçalo disse irritado

-Ainda bem que eu tenho despertador e ele desempenha muito bem essa função-disse com um sorriso cínico, não estava a gostar da sua atitude

Sem me responder, ele virou costas e foi embora. Voltei a sentar me e suspirei

-Tu não me pareces bem-comentei enquanto o observava fumar o segundo cigarro

-É só impressão tua-ele respondeu e coçou a nuca

-Estás a mentir. Coças a nuca sempre que não estás a falar a verdade-desta vez ele olhou para mim

-Ok, tens razão, eu estou a mentir. A verdade é que não estou a saber lidar bem com toda esta situação. Os últimos tempos foram uma mentira, eu fiz tantos planos.. Eu queria tanto ser pai!-os seus olhos encheram de lágrimas e eu senti o meu coração apertar

Ele abraçou me e eu rapidamente retribuí o gesto, ouvi o suluçar e apertei o mais

-Desculpa, não queria que me visses chorar. Deves estar a achar me um fraco-ele disse quando se afastou

-Nunca pensaria isso. Chorar não é sinal de fraqueza Miguel-a minha voz soou baixa e calma enquanto eu secava as suas lágrimas

-Vou levar te a casa-ele levantou se e eu fiz o mesmo

-Não é preciso, a tua casa é mesmo aqui ao pé. Deixo te lá e depois vou para a minha-sem lhe dar hipótese de responder, comecei a puxa lo na direção do seu prédio

-Tens a certeza que não queres subir? A minha mãe pode levar te a casa-ele insistiu enquanto esperávamos pelo elevador

-Não é preciso. Miguel não chores mais por favor, ela não merece isso-ele assentiu

-Obrigado Luna, obrigado por me teres ouvido e teres limpado as minhas lágrimas. Sei que não mereço a tua amizade neste momento, deves estar muito magoada e com razão, mas eu vou provar te que mereço uma segunda oportunidade-o elevador chegou, e depois de me piscar o olho ele entrou no mesmo

Fiquei estática a olhar para o elevador até que senti uma mão no meu ombro, assustada virei me rapidamente

-Desculpa, não te queria assustar. Mas acho que já te vi antes-um rapaz disse com um sorriso simpático

-Deves estar a confundir me-ele ficou a olhar para mim pensativo

-Já sei, eu nunca esqueço uma cara bonita. És a rapariga que estava a tentar chamar o elevador no outro dia, quando ele estava avariado. Sou o Louis-quando ele falou, lembrei me daquele dia e rapidamente o reconheci como sendo o rapaz que me avisou que o elevador estava avariado

-Já me lembro, sou a Luna-retribuí o sorriso

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