Duas semanas se passaram, duas semanas desde aquela noite em que eu prometi nunca mais tentar abrir os olhos ao Miguel, e estou a cumprir isso á risca, apesar de nos encontrarmos algumas vezes por pertencermos ao mesmo grupo de amigos, apenas trocamos olhares, exatamente como está a acontecer agora...
-Para o que é que tu tanto olhas?-o Gonçalo perguntou, por ironia do destino a Dalila e o Miguel almoçavam a poucas mesas de distância de nós
Quando percebi a sua presença, os seus olhos captaram a minha atenção e desde esse momento que apenas concordo com as palavras do filho do meu padrasto, mesmo que na realidade não o esteja a ouvir
-Nada-voltei o meu olhar para ele e forcei um sorriso, mas o Gonçalo ainda assim quis saber o que estava a tirar a minha atenção e avistou o rapaz de olhos azuis
-Não acredito que não me estavas a ouvir por estares a olhar para aquele imbecil. A sério que mesmo depois de tudo ainda estás apaixonada por ele?-engasguei me com a comida
-De onde é que tu tiraste essa ideia absurda? Eu não estou apaixonada pelo Miguel!-respondi com firmeza
-Porque é que me enganas Luna? Porque é que te enganas? Não imaginas como me dói isto tudo, ver a pessoa que amo apaixonada por alguém que não a merece-arregalei os olhos ao ouvir aquela declaração
-Gonçalo..-tentei falar, mas ele pediu que parasse
-Tudo bem, eu sei que não é recíproco. Só espero que um dia olhes para mim da mesma maneira que eu te olho, mas até lá conformar me ei em ser apenas teu amigo-um sorriso triste surgiu no seu rosto e isso fez o meu coração apertar
Continuamos o almoço em silêncio, recusei me a voltar a olhar para o Miguel e assim que pagamos a conta voltamos para casa
Decidi ir dar uma volta á praia, que estava vazia pelo facto de estar frio, e sentei me na areia a olhar para o mar. Senti uma lágrima escorrer e logo a seguir muitas outras, eu queria tanto poder retribuir os sentimentos do Gonçalo, mas infelizmente era pelo Miguel que o meu coração batia mais forte..
-Chega, o Miguel está comprometido e vai ser pai, eu tenho de seguir em frente-disse para mim mesma, levantei me e fiz o caminho de volta para casa
Quando entrei no quarto fui até ao guarda roupa e tirei de lá um saco, á cerca de uma semana havia comprado uma par de sapatos de bebé, foi um impulso mas estava disposta a livrar me daquilo
-Vais sair?-a minha mãe perguntou, entrando como sempre sem bater
-Vou a casa da Kate. Antes que perguntes, não eu não vou falar com o Miguel-dei um beijo na sua testa e saí novamente de casa
Toquei à campainha e quem me abriu a porta foi a pequena Lia, que saltou para o meu colo e me abraçou com força
-Estava com tantas saudades Luna! Vieste brincar comigo?-a menina perguntou quando eu a coloquei no chão
-Terá de ficar para outro dia meu amor, eu vim falar com a tua mãe. Podes chama la?-ela fez beicinho, mas acabou por fazer o que eu pedi
-Olá querida, não estava á espera da tua visita. Aconteceu alguma coisa? Vamos entrar e conversamos melhor, eu acabei de fazer as tuas bolachas preferidas-a Kate desviou se um pouco, para que eu pudesse entrar, mas não me mexi
-Não há necessidade, o que eu vim fazer é rápido. Como sabes eu e o Miguel não estamos bem-suspirei
-Sim, e tenho muita pena que já não falem! Sinto falta de quando vinhas para cá-sorri com as suas palavras
-Eu também, mas é melhor assim.. Enfim eu num impulso comprei isto-mostrei lhe o saco da loja de bebés- mas não faz sentido ficar com isto e muito menos dar ao teu filho, por isso pensei que talvez pudesses oferecer tu e dizer que foste tu que compraste-a Kate ia responder, porém nenhuma palavra saiu da sua boca
-Acho que o teu plano de eu não saber que foste tu que compraste foi por água abaixo-assustei me ao ouvir a sua voz
O Miguel estava atrás de mim, com uma expressão séria e os olhos no saco que estava na minha mão
-Não importa, toma. Espero que essa criança seja muito feliz-entreguei lhe o saco e ouvi a porta fechar se, a Kate tinha acabado de nos deixar sozinhos
-Porque é que os compraste?-ele perguntou ao ver os sapatinhos amarelos
-Como eu disse á tua mãe, foi um impulso-passei por ele e chamei o elevador
-Luna!-ele chamou me, a sua mão no meu braço obrigou me a olha lo- Obrigado, é importante para mim-pela primeira vez em duas semanas, ele sorriu para mim
-Que seja, é apenas um par de sapatinhos-soltei me dele e entrei no elevador
O meu telemóvel tocou e depois de colocar os fones, atendi a chamada da Valéria
-Vim cá a casa e a tua mãe disse me que tinhas ido á casa do Miguel-a minha melhor amiga disse assim que atendi
-Olá amiga linda, eu estou bem e tu?-fui irónica e ela reclamou
-Não venhas com essa lenga lenga Luna, conta me tudo-eu suspirei
Resumi o que tinha acabado de acontecer, e assim que saí do prédio vi a Dalila-Tu queres mesmo esquece lo?-a Valéria perguntou depois de alguns segundos em silêncio
-É a coisa certa a fazer, há tantos rapazes no mundo! E mais, é melhor eu faze lo já, antes que me apaixone mesmo por ele-disse lhe
-Eu acho que já estás apaixonada por ele, apenas não queres admitir-suspirei outra vez, já era a segunda vez no dia que alguém me dizia aquilo
-Olá prima-a Dalila disse, parando á minha frente
-Já te ligo Valéria-tirei o fone do ouvido e olhei para a minha prima- O que é que tu queres? Não estou com paciência-como sempre, a minha voz saiu fria
-Eu decidi contar te a verdade-revirei os olhos
-Eu não quero saber de verdade nenhuma! Nada que te diga respeito me interessa-disse irritada
-Mas eu vou contar na mesma, e sabes porquê? Porque vou adorar ver te contar ao Miguel o que te vou dizer agora e ele não acreditar numa única palavra, quero ver te correr atrás dele vezes e vezes sem conta na tentativa de o fazer ver e ele continuar a escolher me a mim-um sorriso maligno surgiu no seu rosto
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O Reencontro
Ficção Adolescente"Sempre pensei que o Miguel estivesse do outro lado do mundo. E de repente descubro que ele está aqui, no mesmo país que eu, tão perto..."-Luna Luna vê se obrigada a sair do país onde nasceu e cresceu e mudar se para o Dubai, por conta do noivado da...