Capítulo 4 - Poderes Escondidos

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OBS.: Se atente às linhas no meio do texto! Eles servirão para a troca de narrador daqui para frente!

Boa leitura 😉
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TEMPOS ATUAIS...

Ao momento que a chaleira começou a chiar, a tirei do fogo. Terminando de fazer o chá, o café da manhã estava finalizado. Olhei pela janela e o sol já se mostrava por completo no céu. Eu tinha que me arrumar logo, ou me atrasaria para o trabalho. Me direcionei até as escadas, no intuito de ir para o meu quarto. Porém, me assustei quando meu pé afundou ao quebrar o piso de madeira, fazendo um alto barulho.

— Droga, mais uma madeira podre...

— Mãe? — Escuto a voz sonolenta de Kira, que se punha frente a escada no andar de cima.

— Ah! Bom dia, filho! — Volto a me erguer, retirando o pé daquele buraco. — Desculpa, eu te acordei? — Comentei, vendo o jovem bruxo bocejar enquanto descia as escadas.

— Não, eu já estava de pé. A senhora está bem? — Questionou, olhando de forma receosa para meu tornozelo.

— Estou, meu menino. Não se preocupe. — Sorri ao levar minhas mãos até seu rosto, o puxando para beijar sua testa.

O mesmo então fez uma careta de desaprovação, com o rosto ruborizado.

— Não deveria me tratar como criança... — Falou de forma emburrada, me tirando uma risada. — Poxa, a senhora fez o café sozinha. Porquê não me acordou? — Disse ao se voltar para a mesa já feita. — Eu teria te ajudado como sempre faço!

— Não tenho a menor dúvida, meu querido. Mas você parecia tão cansado ontem que pensei em te deixar dormir um pouco mais. — Contornei o buraco, começando a subir as escadas. — Mas pode cuidar disso pra mim?

— Claro. — Ele riu, como se a resposta para minha pergunta fosse óbvia. — Já é a terceira vez só nesse mês. — Ele comentou enquanto ia procurar outras tábuas para substituição.

Me impressiona essa motivação dele para me ajudar sempre que preciso. Me pergunto se ele tem vivido como um adolescente de 17 anos normal, saindo com amigos, tendo sonhos, se apaixonando, ou qualquer outra coisa do tipo. Não quero que ele fique se cobrando além do necessário.

Chegando ao segundo andar, comecei o caminho até meu quarto. Entretanto, parei frente ao quarto de Katty. Abrindo levemente a porta, pude a ver ainda embalada pelo sono com tranquilidade e então sorri. Analisando um pouco seu rosto, recordo-me de minha infância, quando possuía aquela mesma face rosada e redonda.

Minha mãe, quando ainda estava grávida de mim, havia fugido da central pela queda do rei Alford e foi acolhida por uma família de lobisomens. Nasci na casa deles, que ficava num vilarejo pouco movimentado do Estado Leste. Fomos muito bem recebidas por lá. Tanto que possuo até os dias de hoje uma amiga chamada Megan que conheci em minha infância. Sempre tão unidas que muitos diziam sermos irmãs, não de sangue, mas unidas pelo amor e carinho.

De qualquer forma, fui crescendo por lá e me vi sendo dona de uma grande curiosidade, sempre procurando saber sobre tudo e todos. Nisto incluso, me questionava sobre a história por trás de minha família e a razão de eu não possuir um pai como a maioria das outras crianças. Minha querida mãe, apesar de relutante, sempre soltava uma história ou outra sobre quem seria o meu pai. Meus olhos brilhavam quando ela dizia que ele era um homem honrado que lutava pelo seu povo.

Contudo, a vida de criança cheia de inocência, aos poucos, foi desaparecendo e a verdade não poderia mais ser encoberta. Quando estava fazendo alguns experimentos nas aulas de controle místico da escola, me vi tendo poderes estranhamente mais fortes do que era esperado para uma híbrida como eu. Neste mesmo dia, minha mãe revelou a identidade do meu misterioso e heroico pai.

O Nobre Coração de CristalOnde histórias criam vida. Descubra agora