Capítulo 13 - A Dor de um Filho

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6887 palavras

Eu decidi que as coisas precisavam mudar. Eu precisava. Eu já havia me cansado de ser um peso morto por todos esses anos. Desde o momento em que eu nasci até hoje nunca deixei de depender das outras pessoas e perceber isso me deixa tão agoniada a ponto de me causar náuseas.

Aquela noite, naquele beco frio e escuro, foi a gota d'água para mim. Se não fosse por um momento de sorte em que um estranho precisou me salvar, eu provavelmente não estaria mais viva. Até quando eu terei que depender da sorte para sobreviver?

Tais questionamentos e raiva vinham à tona a cada vez que meus punhos socavam aquele enorme saco de areia pendurado no teto. Era impressionante como aquele sentimento conseguia fluir mais facilmente agora e os pensamentos não ficavam se acumulando como insetos em água parada. Minha mente estava mais fluída agora que eu tinha iniciado essa jornada de auto cuidado e isso era impressionante. Com as idas frequentes na academia, enfim tenho algo a mais para me distrair.

Terminando mais um dia de aula com o soar do sino de meio dia, tomei minha bolsa e comecei o percurso para fora da escola.

— Ele é tão gato, não é? — Não pude deixar de escutar um grupinho de meninas um tanto quanto jovens cruzando comigo no corredor, fazendo uma clara algazarra pelo o que provavelmente era um garoto.

Sei que pode ser um pouco intolerante da minha parte achar tal comportamento incomodo. Talvez porque eu nunca passei por essa fase e tudo o que me preocupava na adolescência não eram garotos e sim ser descoberta pelas autoridades e acabar morrendo.

Rindo da minha própria ignorância, continuei com meu caminho.

Como eu havia combinado com Yukine de encontrar com ele dentro do campus para irmos almoçar juntos, lá estava eu, vagando pelo lugar na busca dele. Por um aspecto ele é fácil de ser avistado, já que é o único elfo de cabelo roxo da escola. — Na verdade, é o único elfo de cabelo roxo que eu conheço — Por outro aspecto, é impossível prever onde ele vai estar pelo simples fato de que ele faz amizade com quase todo mundo.

Fui até a cantina e nada de encontra-lo. A impaciência já estava tomando conta de mim por estar com fome e ainda ter que ver outras pessoas comendo, então acelerei meu passo para tentar encontrar o bendito elfo. Atravessei corredores, passei por algumas salas, dei uma olhada no pátio e nada dele. Eu estava me movendo na força do ódio até ser atraída por um alto som de torcedores na quadra de esportes. Com a minha baixa estatura, claro que eu demorei entender do que se tratava. Mas ao me espremer entre a multidão pude ver que não apenas se tratava de uma gincana, mas que Yukine também estava participando.

— Agora vai ser o desafio da camiseta congelada. — Ouvi alguém comentar.

O desafio da camiseta congelada é algo simples. Você molha uma camiseta, coloca ela em um refrigerador e depois dela já estar congelada, coloca as pessoas para vestirem. Aquele que vestir mais rápido ganha. Uma típica brincadeira que nunca perde a graça, não importa o quão velhos ficamos.

Ao momento que os rapazes foram tirando suas roupas uma ensurdecedora manada de meninas veio chegando. Havia até quem não era devidamente matriculado no colégio e veio apenas para torcer, o que explicarias as meninas que vi antes.

Yukine, como esperado, é um dos que mais chama atenção. Eis aí outra coisa que vem tomado grande parte do meu tempo e paciência. Eu não diria que a palavra é ciúmes! Eu só... acho um aborrecimento. Já não é novidade para mais ninguém que ele foi abençoado na sua puberdade para ter ficado tão bonito. Não preciso de um bando inteiro de mulheres olhando e falando do óbvio todo santo dia!

Eu sei, ele é claramente gentil, engraçado, tem talento com instrumentos de corda como violão, tem uma bela voz, é muito inteligente, bonito de corpo e rosto, tem habilidade com línguas estrangeiras... Eu já entendi!

O Nobre Coração de CristalOnde histórias criam vida. Descubra agora