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Ainda naquela noite, pouco depois de ter conhecido face a face o lado assassino do vampiro com quem tenho viajado, comecei a me organizar para ir me deitar. Mesmo Yukine e Rosally também sabiam que precisavam descansar, pois Jasper não estava brincando quando disse que levantaríamos cedo no dia seguinte.
Os dois se ofereceram para me ajudar a carregar os copos e pratos que usamos até o restaurante de onde vieram, porém neguei, ciente de que era uma tarefa simples e rápida.
Ainda ouvindo os instrumentos dos aldeões que festejavam, entreguei os pertences e comecei a perambular pela vila. Me chateava saber que aqueles diversos sorrisos logo desapareceriam, pois o mal não havia se extinguido pela raiz. Tudo isso estava muito longe de acabar...
Vendo que eu estava a bocejar, comecei a me direcionar até o caminho da pousada. Entretanto, estranhei quando tive a sensação de estar sendo vigiada. Olhei para trás, mas não havia nada. Apenas uma rua afastada e pouco movimentada. Voltando-me para frente, a impressão persistia. Me virei novamente, só que de forma mais rápida. Nada à vista ainda. Contudo, fiquei parada, na espera de ouvir algo. Foi então que um barulho de vidros quebrando se fez presente, vindo de um beco não muito distante da própria hospedaria.
Talvez seja só um aldeão curioso a meu respeito?
Não vejo perigo em ir dar uma olhada.
Caminhando com cuidado, fui até o local de onde o som fora reproduzido. Meu semblante curioso logo foi substituído por surpresa. Tinha uma menina caída no chão e os sons de vidro vinham das garrafas que, aparentemente, teriam quebrado por um esbarrão acidental.
— Puxa, você está bem? — Pergunto, me aproximando no intuito de ajudá-la.
Fui então surpreendida por um garoto, provavelmente da mesma idade dela, se colocando em sua frente com uma posição defensiva.
— Não encoste na minha irmã! — O garoto ordenou sem pensar duas vezes.
— Eu só quero ver se ela está bem! — Ergui ambas as mãos, expondo minha rendição.
— Eu só me cortei... — A garota diz, se levantando com dificuldade, permitindo que eu visse sua perna sangrando, devido ao pedaço de vidro que entrou em sua pele. — Vamos embora. — Ela afirmou, logo sendo apoiada pelo menino, que em momento algum deixou de me encarar com desconfiança.
— Esperem! Não é seguro irem desse jeito. — Expliquei assim que ela se pôs de pé.
— Nós nos viramos sozinhos. Obrigado! — O menino enviou uma resposta curta e ríspida, evidenciando o quanto não me queria ali, servindo de apoio ao lado da outra criança.
Eu sei que essa não é a melhor hora para encarnar com o espírito de médica, mas são duas crianças, poxa. Quase posso enxergar o Yukine e Rosally neles quando ainda eram crianças...
— Se vocês ficarem, ela pode ser curada aqui e agora! — Declarei com ênfase para que parassem.
O menino me olhou por cima do ombro, me encarando de forma desafiadora.
Me admirava com um adolescente daquele jeito, menor do que eu e parecendo tão mais novo, mas ainda assim, expondo um olhar tão firme.
— A ferida dela pode infeccionar se o vidro contaminado permanecer aí. Seria ideal tratarmos dela agora mesmo e essa é a minha especialidade. — Afirmei com convicção, o que fez a menina ferida também me analisar.
— Não temos como pagar seus serviços. — Ele confessou.
— Não será necessário. — Garanti.
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O Nobre Coração de Cristal
Fantasy■ LIVRO 1 ■ E se você fosse o único humano da sua casa e do seu reino? O único humano em meio à uma população inteira de criaturas místicas? Como você se sentiria num lugar que, a cada momento, tudo parece te lembrar que você é fraco de mais para s...