Depois

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Sinto como se um caminhão tivesse passado por cima de mim, estou simplesmente exausta, como nunca antes. Ainda sinto meu corpo grudento, não me lembro de ter tomado banho ontem depois que os meninos nasceram, só me lembro de amamenta-los e cair no sono.

— oi, bom dia— O Justin diz com um sorriso bobo no rosto

— bom dia— minha voz soa rouca demais, meus olhos vão direto nos braços dela, as minhas unhas fizeram um estrago

— como você tá? Conseguiu descansar?

— tô bem, eu acho, mas posso melhorar com um banho— ele ri

— as enfermeiras devem estar vindo aí pra isso— assinto e fecho os olhos

— nunca mais quero engravidar denovo

— acho uma boa ideia— abro os olhos quando a porta do quarto se abre

— bom dia senhorita Palvin, vamos te ajudar com o banho— a enfermeira que estava com a gente ontem diz

É estranho ter pessoas me dando banho, me sinto como um bebê denovo. Ao contrário do que pensei, não estou sentindo tanta dor quanto imaginei que sentiria, mas o fato de estar sangrando mais do que nunca me deixa assustada, minha mãe já tinha avisado que isso aconteceria mas na prática é bem mais assustador.
De banho tomado, cabelos lavados e roupa trocada me sinto outra pessoa, o cansaço parece ter evaporado do meu corpo e aqui estou, de pé ao lado dos bercinhos de vidro onde Jordan e Kurt dormem com suas pulseirinhas amarelas nos pulsos. No final das contas, acabamos ficando com esses nomes, já que somos pais irresponsáveis e ainda não tínhamos decidido quando nasceram.

Acaricio delicadamente a bochecha de Kurt que ainda está com os olhos fechados, observo cada detalhe seu pela milésima vez e sinto aquela sensação maravilhosa tomar conta de mim, há alguns meses atrás, ser mãe pra mim era quase uma loucura, eu não estava pronta pra tanta responsabilidade, não estava pronta pra ter dois pedacinhos de mim vivendo fora de mim, era apavorante e eu me sentia incapaz de conseguir, mas agora, observando esse rostinho tão delicado, essa criaturinha tão indefesa e que vai precisar de mim pra quase tudo pelos próximos anos, eu sinto como se tivesse nascido pra isso, como se todos os meus medos e inseguranças tivessem evaporado e eu pudesse fazer qualquer coisa.

— se ele tiver seus olhos, vai ser o maior pegador de gatas— sorrio da idiotice do pai dos meus filhos, ele me dá língua e tira o Jordan do berço

— você é definitivamente um idiota — ele faz cara feia

— não fala assim na frente dos meus filhos— reclama e eu rio

— oi filha— minha mãe entra no quarto acompanhada do meu pai, da Pattie e do Jeremy, os quatro colocam álcool em gel nas mãos antes de se aproximarem dos meninos

— Já estão brigando na frente dos meus netos?— Pattie diz e eu sorrio

— que briga? — o Justin se faz de sonso e deixa que Pattie pegue o Jordan dos braços dele, meu filho está parecendo um sushi, todo enrolado na manta azul

— como foi a noite com eles ?— minha mãe pergunta

— a Bárbara nem abriu os olhos a noite toda — Justin diz e eu rolo os olhos

Be alrightOnde histórias criam vida. Descubra agora