– Carmen? Pode abrir a porta, por favor? – indagou meu pai batendo de leve em minha porta.
Droga, não estava a fim de falar com ninguém. Virei meus olhos e andei em direção a porta e a destranquei.
– Entra – falei e o dei as costas. Parei no meio de meu quarto, virei-me para encará-lo – O que foi?
Ele adentrou o recinto e encarou o ambiente, depois seu olhar caiu sobre mim.
– Estou preocupado com você, minha filha. Imagino que esse seu comportamento não seja normal. Sei que a morte de seu avô veio num momento não esperado, quero dizer, a morte nunca é esperada e também soube que um amigo próximo seu também faleceu há pouco tempo...
– Não quero falar sobre isso, pai – o interrompi.
Ele suspirou de olhos fechados.
– Tudo bem, mas se trancar aqui não vai mudar nada. Fechar-se o dia todo nesse quarto e à noite passar a madrugada toda fora. Eu sei que esteve fazendo isso nos últimos dias. Precisa ir para o colégio, ver seus amigos e...
– Vejo meus amigos nas festas e estou muito bem aqui, em meu quarto, sozinha. Quanto ao colégio, amanhã irei, adiantarei tudo que perdi nesses dias. Não vou cometer os mesmos erros de antes.
Ele meneou a cabeça.
– Não, minha querida, não está nada bem. Será que você não vê que não pode deixar tudo parecer tão escuro? Você é jovem e bela, Carmen. Onde está a minha garotinha de corpo elétrico? Aquela que me deixava de cabelos em pé lá em Nova York – ele deu sorrisinho.
Sabe, se eu não estivesse tão mal como estou. Tão abatida e perdida, meu pai até estaria me ajudando, mas ele somente fazia-me ver o quão infeliz estou. Eu amo meu pai, sei que ele quer meu bem, não quer ver-me nessa situação, não que eu esteja tão mal assim. Não pareço uma suicida louca, não é? Ele nem imagina de minha tentativa de suicídio.
– Essa Carmen não existe mais, pai. Ficou lá em Nova York – dei-o as costas e andei até a janela, me apoiei na mesma – E não se preocupe comigo, estou ótima, realmente bem. Só preciso desse tempo, tudo bem?
Meu pai andou até onde eu estava e parou ao meu lado.
– Eu e sua avó estivemos conversando e achamos melhor que você volte para Nova York.
– O quê? Não! Eu não quero.
Meu pai franziu o cenho intrigado.
– Achei que esse fosse o seu maior desejo. Voltar para Nova York.
Meneei minha cabeça fortemente.
– Não, pai, não. Eu não posso, quer dizer, eu não quero – umedeci meus lábios – Pense na vovó, ela ficaria sozinha... melhor não. Sabe, agora eu gosto daqui. Fiz amigos e tem a Marina – e também há o Jake, pensei comigo mesma.
– Tem certeza? Vou voltar para Nova York daqui dois dias. Pense melhor, ok?
– Não há o que pensar, pai. Eu não vou, não quero. Foi difícil pra mim sair de Nova York e difícil também será sair daqui. Entenda, não posso simplesmente ir embora.
– Por que diz isso?
Em minha cabeça somente se passavam imagens de Jake. O homem pipocava em minha mente, eu não queria estar com ele, não agora, mas também não queria ir embora e deixá-lo... pra sempre? Não.
– A vovó. Ela ficaria tão deprimida e sozinha. Imagine, pai... Logo sairei de meu estupor e voltarei ao normal – sorri para meu pai na tentativa de convencê-lo de minha sensatez.
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Jogando Perigosamente | Jake Gyllenhaal
FanfictionTudo o que Carmen menos esperava, depois de ter sido obrigada a mudar de cidade, era começar um romance perigoso e secreto com o Sheriff do condado. Jake também não esperava pela jovem garota que apareceria em seu caminho e viraria sua vida de cabeç...