Capítulo 21 - Partindo

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Dois meses depois

Finjo tão bem, engano a todos, digo que sempre estou me divertindo. Na verdade, não tem problema nenhum em mentir para mim mesma, porque minha bebida é da melhor.

Quando olho pra trás em minha vida e tento identificar o que ao certo estou perdendo, cego-me, não que eu não queira ver as coisas como elas realmente são, apenas... odeio a realidade.

Tenho tido a minha dose de fantasia diariamente e isso vicia, mentir vicia, viver uma mentira vicia. De repente a realidade já não é mais tão real e você se encontra perdido em você mesmo.

Não tenho ideia do que estou falando, minha mente está num furacão. Sinto um pressentimento, um mau pressentimento.

Realmente não sei o que fazer, quero fugir, mas não no modo literal, apenas fugir de mim mesma, ao menos por um dia, viver outra vida, algo simples e descontraído. Sabe, não ter que mentir, mentir para mim mesma.

Estou com medo do desconhecido, isso é normal, acho que temo a mim mesma. Olhe o que estou fazendo... Sou uma tremenda egoísta, uma bela mentirosa também, deveria ser condenada.

Jake está impregnado em minhas veias, em minha carne, minha pele, minha mente. Já não há mais sentido pra mim, não sem ele e isso me espanta, me amedronta pensar sobre isso, sobre meu amor por ele.

Sim, tenho medo de Jake. Seus olhos às vezes são vazios, quando ele diz: Você é minha. Eu apenas sorrio, pois sinto medo, um medo que vem do fundo e me arrepia. Mas não consigo escapar, ir embora, fugir dele, na verdade não quero.

Minha bipolaridade está cada dia mais a mostra, sou louca pra caralho, olhe as baboseiras que falo. Dizem que quando amamos, enlouquecemos, então por favor, já podem levar-me para o hospício.

Fugir, fugir, fugir. Essa palavra curta, mas com tanto poder, ela poderá definir meu futuro daqui um mês. Apenas um mês. Como vivi esses dois últimos meses? Debaixo das asas de Jake, obviamente.

Será que estou me arrependendo, regressando? Será que meu amor por ele vale tudo isso? Valho eu tudo isso? Minha mente cansa em apenas pensar.

Está feito, estou perdida, estou amando.

– Tá bom, já chega, Carmen! – Mari chegou ao meu lado e sentou-se, estávamos no pátio do colégio – Diga-me o que tanto lhe aflige e nem pense em mentir, ok? Chega de mentiras! Hoje é seu aniversário, deveria estar feliz.

Encarei Marina em seu cabelo negro na altura dos ombros, a garota era bela e irradiava felicidade, a invejava.

– Mari, estou fodida – exclamei baixo enquanto segurava minha garrafa de coca-cola.

A morena suspirou.

– Sou toda ouvidos. É algo com Jake? Olhe, eu realmente estou surpresa pelo relacionamento de vocês ter durado e sabe, ninguém ter descoberto. Ele parece gostar de verdade de você, isso impressiona.

– Sim, é sobre Jake. Eu e Jake.

Ela arqueou as sobrancelhas bem-feitas.

– Fale-me – tocou meu ombro.

Minha feição devia estar infeliz, mas eu deveria estar feliz por estar quase mandando-me dali. Não era o que eu queria?

– Vou embora daqui, de Nashville...

– Quê? – ela interrompeu-me – Quando?

– Isso mesmo, depois da formatura... com Jake.

Mari ficou abismada, sua boca estava entreaberta.

Jogando Perigosamente | Jake GyllenhaalOnde histórias criam vida. Descubra agora