5: de vexame no pub a ira de Taehyung

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Se alguma parte de minha sanidade estava pronta para agir e me fazer repensar todo aquele plano, esta foi atropelada pelo ímpeto que veio com a lembrança feita em presente em minha frente. Agarrei o braço de Jimin e ignorei seus murmúrios enquanto marchava até uma mesa próxima o suficiente para ótima observação, mas não o suficiente para estragarmos tudo sendo facilmente percebidos. Se bem que, com a incapacidade de Jimin de ficar quieto, nenhuma distância nos tirava da linha de risco de sermos pegos no pulo.

— Jimin, fica quietinho, por favor? — Eu pedi, num cochicho entredentes, deslizando no assento e escondendo-me atrás do cardápio.

— Essas batatas fritas me parecem boas, mas devem ser oleosas demais. Eu queria mesmo era um milkshake — ele continuou tagarelando enquanto perdia-se no cardápio dali. Francamente, mais ignorado que isso eu não podia ser.

— Olha lá pro Taehyung, caindo igual um patinho na ladainha do ruivo. Passando vergonha. Tadinho, é retardado — pensei alto.

— Esse aqui é tão bonito, mas eu não sei, deve ter álcool e eu já ultrapassei minha cota de álcool do mês.

— Jimin, você quer focar!? — Trouxe meu olhar para o garoto a minha frente para vê-lo largar o cardápio, finalmente.

— Eu já decidi, quero um milkshake de morango — falou e uniu as mãos sobre a mesa de madeira.

— Que milkshake, Jimin? — Eu estreitei meu olhar para tentar enxergar o senso no meu amigo, mas não vi nenhum. — O foco aqui são aqueles dois.

— Olha, foi você que me convidou. Tenha ao menos a decência de me pagar uma bebida — ele disse, sério. — De preferência, um milkshake de morango.

— Ai, porra! — Murmurei antes de chamar o garçom do modo mais discreto que eu podia, ciente de que seria mais difícil tirar da cabeça de Jimin a ideia de que aquilo era um tipo de encontro. — Por favor, uma batida de morango pro meu amigo aqui, sem álcool.

— Eu disse milkshake! — Jimin disparou logo depois de o garçom dar as costas.

— Aqui nem tem isso, Jimin! Sossega aí.

— Desse jeito, não vai ter um segundo encontro nunca — ouvi seu resmungo e revirei os olhos, sendo levado novamente à mesa um pouco mais atrás.

Se eu fizesse minhas provas com a concentração que olhava para aqueles dois, a situação de notas em certas matérias não seria crítica como eram. Eu mal percebi a bebida do Park ser posta sobre a mesa, muito menos prestava atenção ao que o anão tinha a dizer.

— O que será que estão falando? — Deixei escapar, em meio ao momento detetive em que me joguei.

— Hum, Hoseok-ah, qual o tamanho do seu pau? Me come, Hoseok-ah! — Jimin começou uma dublagem que ninguém pediu para ele fazer.

— Cala essa boca, caralho! — Ele gargalhou, mexendo no canudo do seu copo meio cheio. Um copo que chamou atenção. Ou eu estava daltônico, ou aquela não era a bebida que eu tinha pedido para ele.

— Jimin, quantos disso você bebeu?

— O de morango, o de maracujá e o de abacaxi. Mas, relaxa, Kookie! Não tem álcool, o moço falou.

— É. Só tem açúcar pra caralho. — Comecei a balançar minha perna nervosamente. Era merda, na certa, não havia como negar. Era como uma verdade universal: todo mundo morre um dia, G-Dragon é incrível, tudo que fazemos dá em merda.

— Ei, Alberto! Trás mais um pro seu amigo aqui — Jimin parou o garçom com uma empolgação contestável. — O sabor? Bem, me surpreenda.

Eu não tive oportunidade de me intrometer, com os sentidos bloqueados para a droga de uma cena que eu não pedi para ver, explodindo em minha mente. Eu senti meu corpo responder à cena antes mesmo que eu voltasse ao mundo real. O papinho mole, a proximidade dos rostos, o toque da mão de Hoseok no cabelo de Taehyung. No mesmo instante em que retornei do mundo das previsões ao planeta Terra, meus olhos foram direto à mesa e lá estavam eles, tão próximos quanto os vira em minha cabeça. De imediato, pulei do meu lugar, fazendo minha sensatez dar um salto também. Um salto dali para o espaço.

As visões de JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora