7: de tretas na quadra a boas novas

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Ver a cara de Yoongi e seus puxa-saco nunca foi uma parte agradável dos treinos de basquete. Na verdade, se não fosse a parte da minha paixão pelo esporte, eu já havia renunciado a equipe há tempo. Minha paixão, que bancava minha estadia naquela faculdade, válido dizer. Contudo, mesmo que fosse um desgaste para minha beleza ter que estar na presença daquele grupinho de gente boa que não prestava, esse treino em especial excedeu os níveis de desconforto. Digo por mim, embora claramente eu não fosse o único encabulado com vontade explícita de cavar um buraco e se enterrar na terra ali.

Namjoon mal conseguia manter o olhar direcionado para cima, o que era perceptivelmente estranho para alguém de sua altura. A situação era tão trágica para ele que, por mais que aquela fosse sua estratégia de passar desapercebido, só resultou em muitas coisas derrubadas no vestiário. Yoongi, quem geralmente faria uma piada sobre ou daria uma bronca no amigo, não abriu a boca. Literalmente, palavra alguma saiu da boca do baixinho, era questionável que seus lábios estivessem colados com super-cola, mas eu que não perguntaria. Hoseok apareceu mais atrasado que o normal e esqueceu de trazer seu rosto usualmente radiante com ele. No lugar, uma carranca trevosa de assustar criancinhas inocentes.

- Que climão, cruzes! Parece que morreu alguém - Yugyeom, um dos alas do time, deixou o comentário escorregar de sua boca, alto demais. Pobre coitado, quem morreu foi ele mesmo com as encaradas que recebeu de resposta.

Depois do ocorrido, ninguém mais arriscou dizer um ai que não fosse de conteúdo técnico até o fim do jogo. Era algo bom, de certa forma, para mim. O que eu tinha ali era um campo livre de paz para eu aproveitar sem preocupações, apenas jogar sem precisar lidar com piadinhas ou brincadeiras às quais não pertenço.

Pena que eu não tive capacidade.

Com uma mente mais perturbada que o normal, um ambiente propício para paz não foi suficiente para eu ficar tranquilo. O que eu fiz foi me denunciar todinho enquanto fugia de Yoongi e Hoseok o tempo inteiro como se aquela quadra fosse um campo minado e eles, as minas com alta capacidade destrutiva. Minha sorte era que a esquisitice já estava extrema naquele time, eu fui só mais um louco agindo estranho.

O tanto que me empenhei em torcer mentalmente pelo fim do treino até fez o tempo passar mais rápido. Assim que ouvi o apito, eu caminhei rápido em direção à porta do vestiário, sem olhar para trás. Porque eu sabia quem vinha logo atrás de mim e eu preferi fazer o sonso. Eu havia visto seu olhar em minha no momento que o treinador anunciou o término do treino, olhar de quem me queria morto. Mas Hoseok só me teria morto por cima do meu cadáver.

- Ei, Jungkook - o grito veio de trás. Embora longe, estava mais perto do que eu achava.

- Diga não à violência! - Eu gritei de volta, apertando meus passos. Porque, se Hoseok só me teria morto por cima do meu cadáver, de preferência, que meu cadáver estivesse longe dele quando isso acontecesse.

- Jungkook! - a mão tocou meu ombro e eu me esquivei enquanto virava em sua direção, com peito estufado. Mas o desestufei no mesmo segundo.

- Suga? - Foi uma surpresa, mas não exatamente um alívio.

- Será que podemos conversar? - Yoongi falou, seriamente encarando-me.

Minha vontade real naquele instante foi de virar novamente e sair correndo. Esquecer a parte da moral que me impede de passar vergonha e simplesmente sair correndo dali igual uma galinha fujona. E, como eu já não vim com essa tal parte do senso por defeito de fábrica, não vou negar, eu tentei. Tentei mesmo correr, meu mal foi escolher o lado errado e dar de cara com a parede em menos de três passos. Então, apenas ajeitei minha camisa casualmente e fingi que nada demais tinha acontecido.

As visões de JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora