6: de discussão reveladora a retorno da paz

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— Onde foi que eu errei nessa vida? — Jimin murmurou, a caminho de abrir a tal da porta.

— Não abre! — Eu pedi, em um pulo que me deixou sentado em uma postura tensa. — O que eu pedi pra você?

— NÃO ABRE O CARALHO! — A fera Kim persistia em descontar na porta o que provavelmente queira fazer comigo. — JUNGKOOK, EU VOU TE MATAR, SEU FILHO DA PUTA!

— Jimin! — Eu repreendi o garoto que já destrancava a fechadura.

— A porta não é sua e você não vai pagar se ele destruir. — Ele falou e abriu. Felizmente, o mínimo que podia abrir. Um filete de abertura que apenas me permitia enxergar parte do rosto do garoto que espumava lá fora.

— Posso ajudar? — A cara da sonsice era a de Park Jimin naquele momento.

— Sai da frente que eu quero descer a pancada naquele viado!

— Você não vai fazer isso. — A cara da coragem também era a dele.

— Se você ficar na frente, vou fazer em você.

— Taehyung, você está ouvindo a si mesmo? — Jimin prosseguiu com sua calmaria digna de aplausos. Só não aplaudi para não inflar seu ego já grande demais para seu tamanho. — A voz da razão está sendo sufocada pelo monstro não evoluído que age por instintos dos primórdios que vive em você.

— Quê? Para de falar merda que só vai me estressar mais, pirralho! Anda sai da minha frente — Taehyung ameaçou invadir, mas ele mesmo não achou brecha para sequer empurrar Jimin de seu caminho.

— O que você deseja aqui?

— Quero ter uma conversinha com o Jungkook.

— Ele não quer falar com você.

— Foda-se! Sai da frente.

— Eu tentei — Jimin falou-me, com um dar de ombros. Então, Jimin cedeu. A cara da falsidade também era a dele, vale dizer.

O mínimo que o menor se afastou da entrada foi suficiente para Taehyung cuidar do resto. O mais alto escancarou a posta com um único empurrão de sua mão e avançou como uma besta de histórias de ficção que procurava carne fresca para devorar.

— Ah, seu amigo da onça! — E os olhos da besta brilharam para mim. — Vai se explicar agora ou depois que eu matar você?

— Eu não tenho nada para explicar, eu não tenho nada para falar com você.

— Com todo respeito, sem assassinatos no meu quarto. Grato — Jimin disse, como se Taehyung tivesse algum interesse em ouvi-lo.

— Não, Jungkook?! — o Kim deu um berro de sarcasmo. — Tá bom então, eu mato você primeiro!

Então, Taehyung avançou para cima de mim. Há sempre uma primeira vez para tudo, é o que dizem. Bem, foi a primeira vez de eu agradecer mentalmente por ter me tornado um especialista na prática de esquivar durante os vários episódios da minha infância. Foi graças a isso que consegui salvar minha pele. Taehyung veio e, do mesmo jeito que ele veio, eu fui. No estilo ninja de ser, rolei para fora da cama e dei dois passos largos de distância só por garantia.

Don't touch me! — Tive o impulso de dizer, sentindo uma gota de suor brotar em minha testa.

— Ora seu... — Taehyung resmungou, vendo-me do outro lado. Não demorou para ele levantar e vir com tudo em minha direção, outra vez. Dessa vez, eu usei da minha agilidade de esquivar para fugir de seus golpes enquanto seguia em círculos pelo quarto.

A minha decisão daquele instante não foi a mais lógica, porém foi o que minha mente conseguiu no momento de desespero. Escondi-me atrás de Jimin. Não exatamente me escondi, usei o garoto de escudo humano, para ser mais correto. Uma atitude tosca e desprovida de senso, mas o baixinho estava ali, dando sopa, eu não tinha culpa. Além do mais, veio bem a calhar, porque Taehyung simplesmente parou seus passos. O mais alto ainda emanava ódio e disparava xingamentos, mas não ousou cruzar a linha limitante que era o corpo de Jimin.

As visões de JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora