Capítulo 4_ Mais desejos e curiosidade sobre o autor da peça

81 13 0
                                    

Jenny olhou desanimada para a prova diante dela. Ela detestava álgebra! Por mais que tentasse, ela sentia que jamais entenderia aquilo, que seria sempre algo tão estranho quanto uma língua estrangeira.

-Puxa! Como eu queria entender isso - ela murmurou, enrolando o cabelo com os dedos e mastigando a ponta do lápis.- relutante, ela colocou o lápis no papel e começou a fazer a prova.

Dois dias depois, ao devolver-lhe a prova corrigida, o professor Carter deu um enorme sorriso para Jenny.

-Muito bem! - ele elogiou.- Você deve ter estudado muitas horas para tirar essa nota. Estou impressionado.

Jenny olhou para o resultado da prova e não acreditou: nove! Ela conferiu o nome no alto da folha, achando que o professor Carter havia lhe entregado a prova errada. Mas não, era dela mesmo. Jo olhou intrigada para Jenny, que lhe mostrou a prova.

-Uau! - cochichou a amiga.- Como você fez isso?

Jenny deu de ombros e abriu a apostila, pronta para a lição do dia. Tinha conseguido tirar um nove, quase dez, numa matéria que ela nunca tinha entendido. Talvez ela estivesse finalmente começando a entender a matéria.

Algum tempo depois, quando as garotas fizeram uma retrospectiva dos eventos relacionados à peça, elas perceberam que seus desejos se realizavam rapidamente. Eram coisas bobas. Jo desejou que a verruga saísse, depois Jenny desejou ir bem em uma prova de álgebra e, em seguida, Melissa desejou que sua mãe lhe comprasse um tênis novo. Bastava elas manifestarem seus desejos, as coisas aconteciam. Mas elas só começaram a ficar assustadas no dia em que desejaram mal a Danny Cottrill.

O sol brilhava e a maioria dos estudantes estavam lá fora assistindo à gincana dos alunos do oitavo ano. Os eventos ocorriam em diferentes partes da quadra, mas as garotas assistiam à corrida de obstáculos, pois Jonathan, o herói delas, era o favorito para vencer. A largada foi dada e os meninos começaram a correr. Jonathan corria por fora, na pista externa e, à direita dele, vinha Danny Cottrill. Os dois disputaram grande parte da corrida lado a lado, até que Danny caiu, e pareceu que ele colocou o pé intencionalmente no caminho de Jonathan, fazendo com que ele também caísse.

-Que babaca! - gritou Melissa.- Por que ele sempre tem que fazer isso? O Jonathan estava correndo muito bem. Ele com certeza venceria se esse idiota não o tivesse derrubado!

-Às vezes eu realmente queria que esse estúpido se machucasse pra valer - concordou Jenny.-

A corrida continuou, é claro, e Jonathan se levantou lentamente, verificando se havia algum ferimento. Ele tinha um corte no joelho, nada muito grave, e foi mancando em direção a Danny para oferecer ajuda. Danny não se mexia. Jonathan se inclinou para perto dele, assim que o enfermeiro da escola correu para a pista.

-Acho que ele bateu a cabeça quando caiu - disse Jonathan.- Talvez tenha tido uma concussão.

O enfermeiro analizou rapidamente o menino e decidiu que era melhor chamar uma ambulância. Levaram Danny de maca para fora da quadra e, com as luzes da ambulância piscando e a sirene tocando, ele foi levado direto para o hospital local.

Na manhã seguinte, o senhor Paul, o diretor, convocou uma reunião e comunicou à escola as lesões de Danny. Ele só não tinha quabrado as duas pernas como tinha sofrido algum tipo de hemorragia interna e entrou em coma. A família estava ao lado da cama do garoto e tinha sido avisada que era possível que Danny sobrevivesse, mas que eles deveriam se preparar para o pior.

Jenny tapou a boca com as mãos.

-Minha nossa! - ela exclamou quando Melissa e Jo olharam para ela.- Eu desejei isso para ele. Vocês se lembram? Na quadra de esportes? Eu desejei que alguma coisa grave acontecesse com o Danny, e agora aconteceu.

-Ora, não seja boba, Jenny.- Jo retrucou.- Você não pode desejar que alguém entre em coma!

-Será que não? - perguntou Jenny.- Não tenho tanta certeza. Vamos dar uma boa olhada no que vem acontecendo nesses últimos dias.

As garotas saíram do auditório e ficaram paradas aguardando a próxima aula. Com ajuda de Jenny, Melissa começou a lembrar de todas as coisas que elas tinham desejado e que se tornaram realidade. Elas estavam céticas a princípio, mas aconteceram tantas coisas que Jo teve que concordar que aquilo tudo poderia ser mais do que uma simples coincidência.

-Mas como... Eu não entendo por que de repente tudo isso passou a acontecer conosco - disse Jo.- Quantas vezes vocês fecharam os olhos e fizeram um desejo, meio sem esperanças de que ele se realizasse, e que, é claro, nunca se realizou, e agora, por uma razão inexplicável, estamos conseguindo tudo o que pedimos? Por quê?

-A peça - disse Jenny, calmamente.- Eu acho que tudo está ligado à peça de alguma forma. Pensem bem. Isso tudo começou a acontecer quando aceitamos os papéis das bruxas.

A professora Karen se inclinou no batente da porta e olhou para as três garotas.

-Alguma coisa que eu deveria saber, garotas? Vocês foram dispensadas da minha aula e ninguém se preocupou em me comunicar? - ela perguntou.-

-Perdão, professora, já estávamos entrando - gaguejou Melissa, enquanto as três garotas iam para a sala de aula.-

Antes de se sentar, ela cochichou para as amigas:

-Lembrem-se do velho ditado: "Cuidado com o que deseja, pois pode se tornar realidade". Acho que deveríamos começar a tomar cuidado com...

-MELISSA! - gritou a professora Karen.- Tem certeza de que você faz parte desta classe? Se sim, por favor, sente-se, pegue seus livros e preste atenção na aula de hoje.

O sinal que anunciaria o fim da aula pareceu demorar uma eternidade para tocar. As garotas se reuniram no portão da escola, e Melissa pegou a cópia do roteiro na mochila.

-Geraldine Somers - ela leu em voz alta.- Foi ela quem escreveu a peça, e acho que deveríamos começar a pesquisar sobre ela. Quanto mais eu penso nesses desejos, mais convencida eu fico de que eles têm alguma coisa a ver com a peça, e conhecer a autora parece um bom começo.

Jenny e Jo concordaram plenamente.

-Vamos ver, amanhã é sábado, então podemos ir à biblioteca de manhã para ver se conseguimos encontrar algum registro dela, o local onde ela mora e descobrir se ela escreveu outras peças e assim por diante.

-Mas lembrem-se - disse Jo-, essa peça foi escrita a pelo menos 60 anos. Se a Geraldine tivesse uns 13 ou 14 anos quando a escreveu, ela deve ser bem velhinha agora. Teremos que tomar muito cuidado se a encontrarmos mesmo, não queremos perturbar uma senhora idosa sem motivo.

As garotas combinaram de se encontrar na manhã seguinte às nove em ponto na entrada da biblioteca, depois se separaram.

-Nove da manhã no sábado, lá se vai a minha soneca - resmungou Jenny.-

O Teatro das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora