-Jenny, aqui - ela ouviu a voz da amiga.- Estávamos esperando por você.
Ela olhou em volta e conseguiu reconhecer as imagens de Melissa e Jo.
-Ainda bem! - ela respirou, abafando um pequeno soluço enquanto corria em direção às amigas.- Estou tão feliz de ver vocês. Acabei de passar por uma experiência terrível. Acho que temos que sair daqui agora.
Melissa e Jo olharam na direção dela.
-Não seja boba - disse Melissa.- Está tudo bem agora. Vamos, venha e sente-se ao meu lado.
As duas garotas estavam sentadas num banco baixo na frente de uma plataforma elevada, quase como um altar. Melissa virou-se em direção à amiga e estendeu os braços para ela. Mas alguma coisa estava faltando.
-Sua mão! - gritou Jenny, recuando horrorizada.- O que aconteceu com sua mão?
A mão de Melissa não estava mais lá! O braço dela parecia terminar logo na manga do casaco.
-Não entendo - Jenny resmungou.- Está de brincadeira comigo? Porque, se estiver, saiba que não estou achando graça nenhuma.
Ela virou-se para a outra amiga.
-Jo, Jo, fale comigo!
-Calma - Jo começou a falar.- Não precisa ficar histérica.
Jenny se virou para a amiga, então engasgou e gritou de horror. Jo estava sem o olho direito.
-Não grite, bobinha. É só uma cavidade ocular. Nossa, não sabia que você era tão medrosa.
Jenny cobriu o rosto com as mãos. Devia estar tendo um pesadelo, com certeza. Não havia outra explicação para aquilo. Ela abriu os olhos e se virou de novo para as amigas. Para seu horror, Melissa e Jo estavam sofrendo alguma transformação bizarra bem diante de seus olhos. A pele delas se tornou marrom e quebradiça e o rosto delas começou a descascar. Por baixo, surgiram rostos muito mais velhos, que Jenny reconheceu como pertencentes às bruxas da peça. Seus rostos estavam cobertos de verrugas, rugas, com enormes narizes em forma de gancho e dentes tortos enegrecidos. As roupas também tinham sido substituídas pelas capas pretas que Jenny já conhecia bem. O mau cheiro permeava o mausoléu e o terror de Jenny era completo.
Ela queria correr, mas sabia que teria de passar pelos túmulos, que continham corpos podres, e pelo chão, que parecia estar vivo, com tantas larvas se retorcendo. Ela sentiu uma cutucada nas costas e se virou para ver quem era. Ela prendeu o ar bruscamente. Era a terceira bruxa, aquela que ela representava na peça.
-O que estão fazendo? O que querem de mim? - ela perguntou, hesitante.-
-Não queremos nada de você, querida - respondeu uma delas.- O que importa é o que você quer de nós, entendeu?
-Infelizmente, não - Jenny tentou falar sem tremer.-
As três bruxas agora a rodeavam. A respiração fétida delas tocava no rosto de Jenny conforme elas caminhavam lentamente em volta da garota, arrastando as capas pretas no chão.
-Como você é inocente! - gargalhou a bruxa caolha.- A peça, meu amor, a peça. Oh, fantasmas, obedeçam-nos!, lembra? Aquela que você está encenando na escola? Não sabe sobre o que ela é? Não sabe que é perigoso mexer com bruxaria quando não se entende nada a respeito disso?
-Mas... Mas... É só uma peça - Jenny balbuciou, tentando desesperadamente manter a calma.
As bruxas pararam de andar.
-Só uma peça? - perguntou a primeira, num tom de voz baixo e ameaçador.- Você, garota burra, não sabe de nada? Você não pode simplesmente recitar feitiços, mexer com bruxaria, cortar mechas de cabelo e depois dar o fora. A bruxaria é uma coisa muito perigosa, sabia?
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O Teatro das Bruxas
HorrorVocê já ouviu o ditado "Cuidado com o que deseja, pois pode se tornar realidade"? Jo, Melissa e Jenny, as estrelas da nova peça da escola, estão prestes a descobrir que conseguir tudo o que deseja nem sempre é uma coisa boa. As amigas fazem o papel...