Capítulo 11_ Roteiro novo

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-Jo, onde você está? - gritou o pai de Jo, do andar de baixo.-

-No banheiro - a garota resmungou.- O que foi?

-O irmãozinho da Melissa trouxe um pacote para você, está na mesa do telefone. Venha pegar. Eu ia levar aí em cima, mas estou muito atrasado para o trabalho.

Jo apareceu no alto da escada.

-Tudo bem, pai. Vou descer num minuto. A Melissa disse que mandaria umas revistas para mim, não é nada importante.

-Certo, então. Preciso ir. Até mais tarde, querida! - o pai respondeu enquanto tentava soltar a corrente da porta.-

-Não é melhor você deixar a pasta no chão primeiro? - sugeriu a filha.-

Ele colocou a pasta no chão com uma mão e, com a outra mão, pôs metade de uma torrada na boca. Então, conseguiu soltar a corrente da porta.

-Tchau! - ele se despediu de novo e fechou a porta.-

Jo balançou a cabeça.

"Pais..." - ela pensou.- "Às vezes são piores que os filhos."

Ela desceu a escada voando e pegou o envelope marrom que estava sobre a mesa. Dois dias haviam se passado desde o incidente do cemitério, e restava apenas um dia antes da estreia da peça. Jo foi para a cozinha, preparou chá fresco com torradas, colocou tudo numa bandeja e levou para seu quarto. Abriu um pouco as cortinas para deixar entrar um pouco da luz cinzenta do mês de novembro no quarto e sentou-se para ver as correções de Melissa.

Uma cena bem parecida ocorreu na casa de Jenny, quando ela examinou as páginas para ver as modificações que Melissa havia feito. A amiga tinha usado um marca-texto amarelo para facilitar a leitura das alterações. Jenny começou a estudar as palavras novas. Ela não poderia dizer as palavras corretas na noite de estreia. Ela precisava se concentrar e aprender os feitiços do jeito que Melissa tinha reescrito.

Enquanto isso, na escola, a professora Debby estava arrancando os cabelos.

-Não, não, não - ela advertiu.- Não é esse momento que você deve sair. Você tem que esperar os trolls entrarem.

Ela passou os dedos no cabelo bagunçado e respirou fundo.

Ela devia ter escutado o diretor. Ele havia lhe alertado sobre a história da peça, e ela insistiu que era capaz de encenar o espetáculo com sucesso. Mas o que aconteceu foi: as três protagonistas estavam doentes, todas elas! E, além disso, ninguém parecia ter a menor ideia de onde ficar no palco ou o que dizer. Ela se perguntava se eles tinham alguma noção da peça que estavam estrelando!

-Pessoal, sei que é difícil - ela começou a falar em um tom mais elevado.- E principalmente agora que estamos sem as três bruxas, embora os pais delas tenham me garantido que elas estarão aqui na noite de estreia. Então, por enquanto, vamos simplesmente fingir que elas estão aqui. Usem um pouco a imaginação e se concentrem nas cenas em que vão atuar. Talvez assim possamos terminar isso antes que eu perca a paciência com vocês.

Alguns alunos riram, forçando a professora Debby a sorrir também.

-E poderemos realmente apresentar para os pais, professores e alunos, na noite de estreia, um espetáculo digno de aplausos!

Alguns atores pigarrearam, para limpar a garganta. Outros concordaram, balançando a cabeça.

-Tudo bem, Grant, do início da cena, por favor! E lembrem-se: duendes não mascam chicletes.

O Teatro das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora