Quatro e meia em ponto. Melissa olhou o relógio. Onde estavam as outras? Bem nesse momento, ela ouviu as amigas conversando enquanto chegavam ao topo da colina para se juntarem a ela.
-... E isso aconteceu logo que tiveram que colocar um curativo em mim - finalizou Jo.- Que vergonha. Lá estava a Katy, patinando e rodopiando como uma profissional, e eu levei o maior tombo. E o sangramento simplesmente não parava, o que era ainda pior. Quando a atendente insistiu para que eu fosse à enfermaria, achei que fosse morrer de vergonha. Quer dizer, aos 14 anos de idade e vou ficar com uma linda cicatriz enorme no joelho, ficará uma beleza no Baile de Natal. Que ótimo.
-Ei, Melissa, está aí há muito tempo? - perguntou Jenny.-
Melissa mudava de posição, batendo os pés na tentativa de se manter aquecida.
-Não - ela sorriu, meio sem graça.- Acabei de chegar.
Realmente era uma tarde cruelmente gelada. Os caminhos levavam a diferentes direções e brilhavam na semiescuridão com a geada.
-Certo - disse Melissa, assumindo a liderança como sempre.- O plano é o seguinte: acho que devemos nos separar. Cada uma de nós procura em uma parte do cemitério até encontrarmos o túmulo. É a maneira mais rápida de fazermos isso, não faz sentido procurarmos no mesmo lugar. Então, o que acham de irmos sozinhas e voltarmos a nos reunir aqui às sete? Acho que é tempo suficiente.
-E se acharmos o túmulo antes disso? - Jenny perguntou.-
-Ah, o cemitério não é tão grande assim - disse Melissa, pensativa.- Que tal nos encontrarmos no mausoléu às seis? Acham que é tempo suficiente?
Jenny se arrepiou com o uso da palavra "mausoléu". O prédio grande e imponente que ficava no limite do cemitério tinha sido erguido a 100 anos atrás pelo senhor Carruthers, em memória de sua esposa. A princípio, um imponente monumento à memória da senhora Carruthers e de muitos membros da família dele. Jenny admitiu, contrariada, que era uma bela construção, mas o mausoléu lhe causava arrepios, e ela passaria ali o mais rápido possível se tivesse de ir por aquele caminho. Ela observou as altas cúpulas de edifício e, logo em seguida, desviou o olhar.
Naquele momento, o que ela realmente queria fazer era dar meia-volta e ir para casa. Ela detestava coisas e lugares assustadores, e também detestava ser tão fácil convencê-la a fazer coisas de que ela não gostava. Jenny suspirou. Apesar disso, ela gostava muito de Melissa e Jo e não queria abandonar as amigas nessa hora.
-Claro - ela disse, com falso entusiasmo.- Seis da tarde é um ótimo horário. Quem vai seguir por qual caminho?
Depois de decidirem, as garotas partiram, cada uma com seus pensamentos, e todas determinadas a encontrar a lápide. Jenny estava mais convencida do que as outras de que voltaria antes que o céu escurecesse totalmente. Ela queria que essa busca terminasse o quanto antes.
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O Teatro das Bruxas
HorrorVocê já ouviu o ditado "Cuidado com o que deseja, pois pode se tornar realidade"? Jo, Melissa e Jenny, as estrelas da nova peça da escola, estão prestes a descobrir que conseguir tudo o que deseja nem sempre é uma coisa boa. As amigas fazem o papel...