Capítulo 3

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Minha mãe resolveu os problemas dela lá com o cara com quem ela tá saindo, sim, com aquele que estava tentando se separar da esposa louca.
Parece que ele finalmente conseguiu, e como comemoração minha mãe resolveu promover um jantar aqui em casa, pra nos apresentar, e o filho pequeno dele também vai vir, aparentemente o moleque vai morar com ele, por que não quer ficar com a mãe.
Que coisa mais chata seria se eu tivesse uma mãe meio "adoidada" e tivesse que morar com meu pai.
O jantar vai ser hoje, claro que hoje sendo sábado eu vou sair mais cedo do Wyn e vir direto pra casa me arrumar e ajudar mamãe a preparar o tal jantar ( ela não gosta de passar uma impressão ruim comprando comida) eu vou fazer meu bolo de chocolate como sobremesa e minha mãe vai fazer uma lasanha de carne que é uma especiaria dela.
Nessa sexta o Vinicius me mandou uma mensagem perguntando se podia me ligar por que precisava conversar.
Ele tem andado estranho, até a Chatini veio perguntar pra mim se eu estava sabendo a causa de tanta estranheza da parte dele.
– Oi, Brianna, queria saber se você tem notícias do Vini, ele me ignorou essa semana toda e eu sei que vocês são amigos e ele deve ter te falado alguma coisa. - piscou aqueles cílios enormes e segurou a minha mão.- Estou muito preocupada com ele.
Você que se lasque vaca!
Soltei minha mão gentilmente da dela e disse :
– Não. Ele me disse que são problemas em casa, nada mais que isso. Vai na casa dele depois da escola talvez ele te fale alguma coisa.
Espero que ele te chute de lá sua intrometida!
– Não sei se é uma boa idéia por que ele quando fica triste normalmente quer ficar sozinho.
Ela fez uma careta. E eu senti raiva por ela conhecer ele a mais tempo que eu, e de muitas formas que eu apenas sonhava em conhecer.
– Então não posso te ajudar Larissa, por que ele também não está falando comigo e eu sinceramente não vou fazer nenhum esforço pra saber.
Claro que eu quero saber, mas não quero ser escorraçada quando for atrás dele.
Eu e ela tínhamos uma relação normal, apesar de eu ficar pensando no beijo toda vez que ela falava comigo. Ela era educada e me tratava bem, às vezes eu me sentia culpada por ter beijado o Vinicius, mas só às vezes, por que a realidade é que eu queria beijar de novo e isso eu tenho que admitir.
– Tudo bem, mas se ele te disser algo você pode me contar? É que eu tenho certeza que ele não quer me dizer pra não me deixar preocupada, mas preciso ajudá-lo.
– Tá. -eu disse e sai rumo ao portão de saída do colégio.
Quando ele me ligou depois do expediente no Wyn eu estava me preparando para ir tomar banho, mas aí quando escutei o celular vibrar sobre a pia eu coloquei a toalha e fui conferir no visor e estava piscando < Vinicius > lá.
Nunca que eu pensei que ele ia ligar mesmo, pensei que ele tinha desistido da ação.
Sentei sobre a tampa do vaso sanitário e passei o dedo na tela.
– Alô? - falei mascarando o nervosismo.
– Você está ocupada? - ele parecia nervoso.
– Am... Não... Quer dizer, mais ou menos. - falei ajeitando a toalha debaixo do braço.
– Queria saber se você quer dar uma volta. Preciso conversar, e não tem melhor pessoa para me ouvir do que você.
Já era quase oito da noite. Ia dizer pra ele que tinha a Chatini como opção mas eu não ia perder a oportunidade de me torturar mais um pouco e passar um tempinho com ele.
– Ta bom. Você pode me esperar tomar banho?! É rapidinho.
– Beleza. Daqui vinte minutos eu passo aí.
– Ok.
Assim que desliguei coloquei o celular em cima da pia e desenrolei a toalha do corpo. Liguei o chuveiro me ensaboei o mais rápido que eu pude e sai.
Que tipo de roupa você usa para dar uma volta com o gatinho por quem você nutre sérios pensamentos impróprios ?
Não faço a menor ideia, mas vou colocar uma calça legging e um moletom por cima, por que apesar de tudo tá fazendo um pouco de frio e eu não sei pra onde ele vai me levar.
Quando terminei de me vestir fui até o quarto da minha minha mãe e avisei que ia sair. Dei as informações básicas de : pra onde eu iria, com quem e fazer o que e fiquei esperando o Vinicius sentada no sofá da sala.
Estava fazendo frio, mas meu corpo sentia um calor de trinta e cinco graus celsius. Minha ansiedade é claro que estava tentando me matar, então fui pra cozinha comer cubos gelo.
Entre um cubo e outro meu celular vibrou no bolso.
Estou aqui fora ;)
Olhei pela janela e vi o carro do Vinicius parado.
Então sai tranquei a porta e pus minhas chaves naquelas entradinhas que tem para pôr as mãos no moletom.
Entrei no carro e coloquei o cinto. Tudo isso enquanto o Vinicius me observava como se eu fosse um ser de outro mundo.
– Oi. - eu disse me virando pra ele.
– Oi, vou levar a gente para um parque que tem perto do shopping. Lá a gente vai poder conversar e comer alguma coisa.
– Claro, to morta de fome. - soltei no impulso ficando ruborizada.
Ele deu um sorrisinho e ligou o carro.
– Eu sei, te liguei assim que você saiu do trabalho então não deve ter tido tempo de você jantar.
– Exato. - respondi.
Ele estacionou o carro e quando a gente saiu ele apertou um botão pra travar as portas.
Ele estava com um semblante triste, mas eu não quis comentar, ia deixar ele tocar no assunto primeiro.
Ele comprou um cachorro quente e uma latinha de refrigerante pra mim e sentamos em um dos bancos do parque.
Enquanto eu comia parecendo uma criança, derramando ketchup na roupa ele passou o dedo onde a gota de molho tinha caído no moletom e começou a rir de mim.
– Você tá comendo igual passarinho gatinha.
Eu amo esse sorriso, vai continua.
Era bom fazê-lo rir, mesmo que fosse da minha porquice.
– Eii! - eu disse.
Quando estava terminando de comer ele começou a falar dos seus problemas familiares que até então tinham causado o jeito esquisito com que ele estava agindo ultimamente.
– Então... A um ano atrás as coisas já não estavam dando certo lá em casa. Meu pai andava muito desconfiado da fidelidade da minha mãe, e ela não parava mais em casa. Ia pra jantares e festas de gente chique. Por que os pais dela vêm de família rica e ela herdou tudo que eles tinham por ser filha única. A uns dois meses meu pai não aguentou mais e pediu o divórcio, só que ela não queria assinar, e foi aí que começou a dor de cabeça.
A história me era familiar. Existem muitas pessoas passando por isso no planeta mas algo na historia dele queria fazer mais sentido ainda na minha cabeça, eu só não sabia o quê.
– Ela quebrou muitas coisas dele e hoje ela finalmente assinou o divórcio, ela ficou com a casa e meu pai não tem onde morar ainda. Ele disse que tá tudo arranjado e que posso ficar com ele se quiser e que é só uma questão de semanas para ele resolver tudo. - então ele se calou e ficou esperando eu responder.
Eu não sabia o que dizer, era complicado. Mas avaliei a situação e respondi.
– Acho que depois de tudo que seus pais passaram juntos, eles merecem ser felizes e se for separados, melhor assim né. Meu pai foi embora de casa quando eu era pequena e minha mãe sofreu muito com isso. Só que agora eu sei que ela está melhor assim porque parece que arrumou um namorado que gosta dela e ainda aceita ela do jeito que é. Espero que seu pai e sua mãe também sejam tão felizes quanto ela.
Ele assentiu e ficou chutando a grama enquanto não sabia o que dizer.
Então eu toquei no assunto "Chatini" .
– A Larissa está preocupada. Você precisa contar pra ela o que tá acontecendo, por que eu não vou, e não quero ela no meu pé.
– É eu sei, ela é bem insistente, só que eu não posso contar pra ela ainda, por que ela tem uma família exemplo em casa e nunca vai entender. Vou dizer que era só fase mesmo.
Sorriu e se virou pra mim como quem queria perguntar algo.
– Que é ? - analisei seu rosto enquanto ele analisava o meu.
– Você é uma pessoa tão boa. Tipo você sempre tem bons conselhos e sei lá é espontânea, entende ?
Ele ficou lá com os olhos saltados esperando minha resposta e eu não fazia a menor ideia de como responder a elogios vindos dele.
Sorrie e acene "Kowalski".
Bom eu tento ajudar né. - engoli toda bebida de modéstia.
Ele assentiu, ficou sério e disse:
– O cara que te namorar vai ser o maior sortudo.
Que tal comprar essa sorte ?
– Acho que sim. Isso se ele me aguentar por muito tempo né. Muito paranóica.
Fiz um gesto apontando para mim e ele riu.
– Que nada gatinha, qualquer cara toparia namorar você, até com toda paranóia do planeta.
Nem é exagerado!!!
Ate você ?
Que atrevidinha em Brih!
Ele ficou todo desconcertado, acho que estava pensando no que falar.
– Bom, até eu. Se eu não fosse apaixonado pela Larissa.
Quem fala o que quer acaba ouvindo o que não quer !
Está se sentindo melhor ? - falei para mudar de assunto.
– Sim. E você, ainda tá com fome ?
– Eu poderia comer uma porção de batata média ainda.
Ele fez uma cara de surpresa e nos dois rimos.
– Nossa, então vamos procurar um lugar que vende batata , deu fome até em mim agora.
A gente foi para um lugar com vários food trucks por que o Wyn estava fechado a essa hora. Chegando lá sentamos em uma das mesinhas que ficavam ao ar livre e o Vinicius foi até uns dos trailers e pediu uma porção de batata da grande e enquanto a gente esperava ficar pronto ele levou dois sucos de laranja.
– Sai em uns quinze minutos pelo o que o carinha lá me disse. - ele se sentou enfiando a carteira no bolso.
O "quintal" de food trucks ficava no parque então não precisamos nos mover por um longo trajeto, esse local é bem conhecido na cidade e só funciona no final de semana por que o fluxo de pessoas é bem maior no período noturno.
Esse é o bom de morar em San Francisco, temos praias lindas, ótimos lugares para comer e ainda garotos lindos como esse que está sentado a minha frente obviamente mandando uma mensagem pra linda namoradinha dele que não sou eu. Haha que ótimo. Odeio San Francisco.
Ele apertou em cima do play no áudio e aí emitiu um recado da Larissa perguntando se ele ia passar na casa dela ainda hoje e onde ele estava.
Ele digitou rapidamente algo que claro eu não consegui ler por que eu não tenho uma boa visão e ele estava com o celular de um jeito que não era pra ninguém bisbilhotar.
– Se você quiser a gente pode ir embora pra você poder ir lá.
É claro né, por que a idiota aqui é a salvadora da pátria !
Não, tudo bem, essa noite é minha e eu não estou afim nenhum pouco de ver a família feliz da Larissa, para lembrar o quanto minha vida particular está ficando ferrada.
– Entendo.
Cocei a cabeça e fiquei brincando com um cacho aleatório por que estava pouco confortável com aquele assunto.
O cara acenou pra gente e o Vinicius foi buscar nossas batatas no balcão do mini caminhãozinho.
Era até engraçado como eles montavam todo um equipamento de cozinha para fazer os lanches.
Comemos em silêncio e quando acabou o Vinicius me levou pra casa, ja eram dez da noite quando ele parou em frente a minha calçada e a gente ficou olhando um pro outro, eu sem vontade de me despedir e ele eu não sei o que estava fazendo.
– Foi bom conversar com você, me fez bem. E também é engraçado estar com uma garota que eu não tenho nada além de amizade.- flexionou os dedos no cabelo mostrando que estava meio com vergonha.
Você não precisa jogar na minha cara que não quer nada comigo e que eu sou só sua amiguinha conselheira, que ótimo.
– Pois é né - dei o sorriso mais falso que tinha por que os verdadeiros acabaram assim que ele disse a palavra amizade. - que bom que pelos pra ser amiga de alguém eu sirvo.
Nossa miga se valoriza né .
Você é dez sabia!?
– Sim. Agora acho que vou entrar por que tá tarde e amanhã minha mãe vai fazer uma faxina e quer que eu ajudo ela.
Minha mãe quer causar uma boa impressão no namorado dela é claro. Até o quarto do térreo que era o dela e do papai ela quer arrumar.
– Se quiser posso vir pra ajudar vocês a tirar os móveis do lugar.
– Não, pode deixar. A gente vai dar conta, obrigada.
– Então beleza. Até mais.
– Até. Manda mensagem quando chegar em casa.
Me senti estranha depois disso, parecia que a gente era algo mais. Só que não era e isso dói.
– Tá eu mando.
A gente foi um em direção um ao outro pra tocar beijinhos na bochecha mas no último milésimo alguém foi um grau errado e ele deu um beijinho leve como uma pluma bem no canto da minha boca, eu claro fiquei vermelha igual um pimentão.
– Desculpa - ele disse sem graça.
– Não foi culpa sua, foi um acidente relaxa.
Tudo que acontece de bom com a gente é acidente mesmo né?!
– De todo jeito foi mal.
    – Tá.
Sai do carro e bati à porta , entrei em casa sem olhar pra trás mas sabia que ele estava me esperando entrar.
     Sair com ele não era uma boa ideia, não sei como a Larissa aceitava um garoto lindo como o namorado dela sair com amiga, se fosse eu não queria nem saber de nada a única amiga dele seria eu.  Ela não tinha medo de nenhum comentário maldoso nem nada, afinal ninguém  vai pensar que um garoto como o VR vai trocar a namorada dele que é linda e popular por mim que não tenho nada de especial.
     Enfim essa sexta feira passou ligeira e nesse sábado e eu só espero ansiosamente pela hora do jantar. Vamos ver se os dias tristes da minha mãe vão ser compensados, espero que eu goste dele, se não a convivência no jantar vai ser difícil.

Me Apaixonei Pelo ErradoOnde histórias criam vida. Descubra agora