Prólogo.

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Igor Salazar

— Por favor, Igor! Vamos comigo para a festa do Heitor. Você prometeu. — Minha irmã Ingrid implorava para ir a uma festa do cara que ela tem um rolo.

— Hoje? Ah, me desculpe, mas não estou com vontade alguma de sair de casa. — Falei.

Pode parecer estranho, mas esse fim de semana não estava a fim mesmo de sair. Já tinha desmarcado compromisso com Gabriel e Fernando. Não estava com saco para barulho, ou uma festa com uma grande quantidade de garotos bêbados. Estava me recuperando de uma dengue que não faço ideia de quando, onde e como fui picado por aquele maldito mosquito, mas ele me fez um estrago grande. Fui vencido por um mosquito! Foram dias que prefiro esquecer. E agora, a pirralha da minha irmã me cobrava uma promessa que fiz há uns dias quando tinha bebido além da conta. Mas será que promessa de bêbado vale?

— Eu não quero ir sozinha. E é dever do irmão mais velho acompanhar a irmãzinha. — Fez bico, essa chantagista. Ensinei todos os truques a essa charlatã, só nunca imaginei que usaria contra mim. Seu próprio irmão. E o feitiço virou, realmente, contra o feiticeiro.

Ingrid é minha única irmã. Acabou de completar vinte e um anos e está cursando Publicidade. Desde que o nosso pai morreu, quando ela era ainda uma garotinha, assumi a figura paterna. Fiz de tudo para absorver a dor de não se ter um pai presente, esquecendo até a minha. Aos treze anos assumi o papel do homem da casa e, tomo conta da minha mãe e irmã até hoje. Tenho certeza que meu pai teria orgulho de mim.

— E por que você não chama uma daquelas suas amigas sem sal para te acompanhar? — Questionei.

Ingrid consegue tudo de mim e, com certeza, eu iria com ela a essa festa, mas não custava nada fazê-la implorar.

— Elas estarão lá. — Respondeu abrindo um sorriso malicioso. — Você sabe né? As minhas amigas sem sal acham o meu irmão um gato e muito gostoso. — Sorri maliciosamente já pensando em qual delas daria o prazer da minha presença. Ingrid sabia que meu ponto fraco era mulher. Mesmo sendo as ninfetinhas das suas amigas. Eu não deixaria passar.

— Tá bom. Tá bom. Eu faço esse sacrifício de ir à festa com você. — Dei de ombros. Fingindo boa vontade. Mas no fundo não negaria nada a minha irmãzinha.

Realmente iria a essa festa apenas para acompanhar a Ingrid. Estava sem animação. As festas do Heitor eram famosas e atraía muitas beldades. Mas essa dengue acabou me deixando enjoado, e sem vontade para fazer nada. E não sei se teria paciência para ser gentil com a mulherada. E, também, ultimamente eram sempre as mesmas mulheres que encontrava. Aquelas que na maioria só comem alface e só falam de Carmen Steffens.  Estava precisando de desafios maiores.

Ingrid vibrou de felicidade quando falei que ia à festa.

— Dessa vez, a festa será anos setenta. Haverá uma banda cover do ABBA. O Heitor fala que cresceu ouvindo as músicas da banda e decidiu homenageá-los. — Comentava toda radiante. Ela não admitia, no entanto eu sabia que sua relação com Heitor não era apenas um sexo sem compromisso. Ingrid nutria sentimentos por ele que não eram correspondidos da mesma forma. E isso me preocupava.

Sou mulherengo e sempre fui sincero com as mulheres que fico. Não quero me enlaçar a uma mulher só, mas também não quero que as pessoas que amo sejam desiludidas, mas estava começando a achar que em breve alguém bateria na porta do meu apartamento com um pote de sorvete para chorar suas mágoas.

Conhecia todo o lado feminino. Convivo com duas mulheres, e mesmo sem você querer acaba aprendendo alguma coisa. Então vai por mim, sorvete de flocos ajuda bastante a recuperar desilusões. Essa receita não é daquelas que se aprende na faculdade, mas pode confiar, funciona.

De Repente Apaixonado (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora