• Capítulo 1 •

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OBS: Pra quem não sabe POV = Point Of View, ou seja, quando estiver "POV Gerard", por exemplo, a história estará sendo contada pelo ponto se vista dele.

POV Gerard

Acordei nove da manhã e tudo que eu queria era dormir mais um pouco. Primeiro dia de férias e meu organismo já tinha que me acordar tão cedo?
Bom, pra mim isso é cedo, considerando que eu poderia ter acordado umas três horas depois.

Sentei-me na beirada da cama e fiquei fitando o chão por alguns segundos. Meus pés brancos demais por raramente entrarem em contato com o Sol contrastavam com a cor bege do chão frio. Falando em frio, parece que o tempo começou a mudar.

Encarei a janela do apartamento, que eu quase sempre deixava aberta, por gostar de sentir a brisa de verão, mas resolvi fechá-la pelo menos naquele momento, já que meu corpo estava quente e eu não queria que aquele vento me deixasse doente no primeiro dia de férias.

Fiz minhas necessidades matinais e, depois de tomar o café, tomei um banho e resolvi sair. Apesar de não ser muito comunicativo eu sempre adorei sair sozinho e observar a vida das pessoas por aí, curtir a luz do Sol e gastar um pouco do meu tempo pensando em coisas aparentemente inúteis, mas que não são tão inúteis assim para uma pessoa que precisa usar sua criatividade no trabalho.

Antes de sair, parei em frente ao espelho da sala e tentei arrumar o cabelo de uma maneira diferente, porém toda hora algum dos fios vermelhos caía na minha cara.

"Uma merda, como sempre", me peguei pensando. Eu tentava não me diminuir muito, na aparência, na personalidade, no meu trabalho... Mas sempre foi meio complicado, pra mim eu sempre fui completamente errado.

Saí daquele jeito mesmo, peguei um pouco de dinheiro caso fosse necessário e chamei o elevador. Fui para um parque próximo e fiquei dando voltas por lá, vendo as pessoas e imaginando como é a vida delas quando elas não estão ali. Para mim isso é bem legal, mas eu não vou perder tempo contando sobre todo mundo que vi.

Andei demais e, como era de se esperar, uma hora fiquei com sede. Pensei em comprar uma água com o pipoqueiro e continuar o passeio, até ouvir a conversa de duas moças atrás de mim:

-Você tem horas aí?

-É quase meio-dia.

Quase meio-dia, a hora perfeita. Virei-me e tomei a direção de casa, apesar de não estar indo para lá. Perto do meu prédio havia um mercadinho, não muito grande e com pouca variedade, mas que sempre me ajudava quando eu precisava, e era lá que eu estava indo comprar uma garrafa d'água.

Você deve estar se perguntando pra que voltar todo o caminho quando eu poderia comprar uma água ali mesmo. Já era quase meio-dia, o horário que ele, por algum motivo, gostava de fazer compras.

Ele quem? Bom, eu não sei nada sobre ele. É um cara baixinho e fofo, todo tatuado e com jeito de rockeiro que eu encontro no mercado com certa frequência. O que ele tem de especial? Além de ser um dos homens mais bonitos que eu já vi, a voz dele é linda e ele é uma das pessoas que eu mais gosto de observar.

Sempre que a gente se encontra, eu fico apenas apreciando e tentando imaginar o que ele faz da vida, mas é quase impossível decifrar, já que ir no mercado é algo que todo ser humano faz. Ele tem um estilo um pouco peculiar, adora usar jeans rasgado e camisetas de bandas que eu não conheço, mas, apesar de seu jeito, é possível perceber que ele é alguém muito comunicativo e educado, já que sempre tenta puxar assunto com o velho rabugento que fica no caixa (e quase sempre recebe uma reclamação em troca).

Little LooksOnde histórias criam vida. Descubra agora