Capítulo 6

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Minhas pernas tremem quando me aproximo da casa. Será que ainda tem moradores? Alguém da família ainda morará lá? E se assim for, alguém pode finalmente me dizer qual relacionamento Emil e Xaver tinham?

Estou na frente de um grande portão de madeira. Nele, uma grande placa diz TASCHLER HAUS BOUTIQUE HOTEL. Um hotel... Não é uma boa notícia, mas pelo menos o prédio não está abandonado.

A porta está fechada. Eu toco a campainha e espero um tempão até que a porta se abra. Uma mulher de uns 50 anos acena com a cabeça e me pede para entrar. "Você quer um quarto?", ela me pergunta.

"Não, eu quero respostas. E talvez você seja a única que pode me dar".

OK, OK, eu confesso que não disse isso, mas achei que era uma ótima frase para começar. Ou não?

Quando digo que não estou procurando por hospedagem, ela me olha com desconfiança. Naquele momento percebo que não posso dizer a verdade. O que eu direi então? Que sou um romântico inveterado que se tornou obcecado por duas pessoas mortas de um século atrás?

Decido adotar minha personalidade de Carmen Sandiego: "Estou fazendo um trabalho de pesquisa sobre à Primeira Guerra Mundial na área. Eles me disseram que a família Muler morava aqui, é verdade?"

A mulher diz sim. Que o prédio pertence a sua família há gerações. ESPERE SUA família? Você está me dizendo que ela é descendente dos Mulers?

Sim, amigos. O nome da senhora é Dorothea Taschler, filha de Helmut Taschler e Maria Muler, que por sua vez era filha de Adolf Muler, o irmão mais velho de Emil.

 O nome da senhora é Dorothea Taschler, filha de Helmut Taschler e Maria Muler, que por sua vez era filha de Adolf Muler, o irmão mais velho de Emil

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Naquele momento, conto-lhe sobre o túmulo, tentando não me abalar. Eu deveria ser um pesquisador frio. "Não fique fora do personagem, Guillem!!", penso. E ela balança a cabeça: "Sim, eles foram enterrados juntos, mas eu não sei por quê."

"Me contaram que Emil e Xaver eram amigos", arrisquei. Ela acena novamente: "Sim, eles foram à escola juntos, como a maioria deles estão enterrados lá." Outro calafrio. O instituto vem à minha cabeça. Aquele, ao lado do cemitério.

Para mim está claro que Emil e Xaver se conheceram quando eram adolescentes

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Para mim está claro que Emil e Xaver se conheceram quando eram adolescentes. Ou talvez mais cedo. E que sua amizade foi forjada nos corredores do prédio, uma amizade que foi interrompida quando Emil foi para a Universidade de Munique por volta de 1912 e Xaver ficou em Sighisoara.

É por isso que Xaver pintou a janela de Emil. Porque sentia falta dele. Mesmo um ano depois da separação dos dois, ele ainda dedicou suas pinturas a Emil.

"Só os dois estão enterrados juntos, senhora!" Dorothea pensa um pouco e acaba dizendo que não sabe o motivo. "Talvez a família de Xaver Sumer não tinha dinheiro para um túmulo próprio?" A explicação não me convence em nada.

Continuamos conversando sobre os Mulers por um longo tempo. Falamos sobre como Emil morreu, mas Adolf sobreviveu e ficou com a casa. Ela também lamentou que Emil tenha morrido solteiro e sem filhos.

Naquele momento eu aponto para a janela que está bem acima de nós: "Esse era o quarto de Emil, certo?" Ela abre os olhos arregalados. "Como você sabe?". Mostro-lhe a foto da pintura e arrisco: "Você poderia me mostrar?"

 Mostro-lhe a foto da pintura e arrisco: "Você poderia me mostrar?"

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Ela acena que sim e me deixa passar. Entro na velha casa de Emil quase que fazendo reverência, mas me chateia o fato de que reformaram o quarto completamente e eles está TERRIVELMENTE FEIO. Os afrescos nas paredes são de arrancar os olhos (desculpe, Dorothea).

No meu caminho para o quarto, um dos afrescos na parede me chama a atenção

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No meu caminho para o quarto, um dos afrescos na parede me chama a atenção. É o desenho de um moleiro (Müller, em alemão, o símbolo da família de Emil). Eu definitivamente estou no lugar certo.

Emil & XaverWhere stories live. Discover now