Suffering.

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Eles correram por cerca de três quadras até Deaky parar, ele tinha asma, como ninguém queria matá-lo asfixiado todos pararam. Roger colocou a mão na cabeça seus dedos enrolavam no cabelo longo e loiro, Deaky estava com as duas mãos no joelho respirando fundo.

-Droga! Esquecemos a van! 

Freddie começa a gargalhar, era muito azar para um único grupo, Deaky era asmático, Mary havia corrido três quadras de salto e Roger tinha esquecido a van, que teria sido de grande ajuda, mas que se fosse dirigida por Roger todos estariam mortos em cinco minutos, sem falar em Freddie que correu meia hora antes de ir pro pub, correu para o pub e teve que correr para fora do pub.

-Eu.... Volto.... Com.... Você... -Fala Deaky entre pausas para respirar. -Mas.... Só.... Se Você.... Me deixar.... Na casa....

-Do Freddie. -Completou Roger o interrompendo, Deaky fez uma cara brava, pouco convincente, ele apenas não gostava quando o interrompiam. -Desculpa estava muito devagar, vamos. Afinal, não é possível que o segurança ainda esteja lá. 

-Eu só espero que a gente possa tocar lá depois do que aconteceu. -Fala Freddie olhando sério para Roger. -Eu vou deixar Mary em casa e vou arrumando as coisas lá em casa. Não chegue tarde Deaky Freak. -John tirou uma das mãos do joelho e deu dedo do meio para Freddie, ele odiava o apelido Deaky the Freak. Era uma longa história.

Roger e John caminhavam em direções opostas as de Mary e Freddie, estava um clima tenso no ar, eles não estavam rindo, na verdade a postura deles estavam bem distantes de serem o que eram. Eles não sabiam o que falar, tinha alguma coisa acontecendo, mas ninguém sabia por onde começar. Resolveram não começar, apenas andaram até a casa de Mary, batia um vento frio que fazia os dois encolherem e se juntarem mais ao próprio corpo se abraçando.

-Você está diferente. -É claro que Mary iria fazer algum comentário e era isso que Freddie temia.

-Isso não muda nada... -Sussurra Freddie mais para si mesmo do que para formar uma resposta.

-O que? -Freddie para de olhar para o chão e a encara, ela tinha olhos lindos, olhos que ele via em coisas pequenas correndo pela casa e fazendo bagunça e deixando marquinhas de mãos com tinta pela parede branca, que gargalhavam com qualquer coisa, inclusive com o futuro bigode que Freddie pretendia deixar crescer, não só por estilo, mas também para disfarçar os dentes. O peso da mentira pesava em Freddie.

-Eu não ando sendo totalmente sincero com você.... -Longa pausa e silêncio constrangedor. -Eu te amo mais que tudo, você é tudo que eu poderia pedir...

-Freddie vá direto ao ponto. -Ela roía as unhas e seus olhos estavam ficando vermelhos, acho que ela sabia onde isso ia chegar.

-Eu acho que sou bissexual.

-Você é gay Freddie! -Ela não o olhava, não era por nojo, era compreensível, ela sentia que estava perdendo Freddie e ele também era o amor de sua vida e essa ideia doía nos dois.

-Eu te trai... -Agora Mary o olhava, era o fim, os dois sabiam, ela estava chorando. ele estava chorando.

-O que? -Ela abaixa a mão parando de roer as unhas. -Eu não... Nossa... 

-Mary... -Ele tenta encostar nela, mas ela puxa o braço e põe a mão na frente.

-Não... Eu vou embora para a casa sozinha. -Ela dá alguns poucos passos, Freddie estava parado ainda no mesmo lugar. Ela volta correndo, coloca as duas mãos no rosto de Freddie e o beija de forma terna e verdadeira, aquilo era um Adeus, os dois choravam, era inevitável. Ele a segurava pela cintura, seus braços a enlaçavam e aproximavam o máximo que podiam. Eles afastam as bocas devagar, ela para ainda com a mão no rosto de Freddie, mantinhas as testas coladas e a respiração sincronizada. -Sua vida vai ser muito difícil...

E aquilo era tudo, era o fim e o início e muito provavelmente o início do fim. Ela já estava a dez passos de Freddie quando ele voltou a chorar, uniu forças e retomou seu caminho para casa. Sozinho. 

Ele entrou em casa, estava um silêncio absurdo, certas vezes quado tudo está conturbado o silêncio, não o absoluto, pois isso ele não existe, faz bem, mas quando tudo está claro, quando tudo foi explicado, quando os créditos do filme já passaram e o fim já apareceu na tela e tudo fica preto o silêncio se torna seu pior inimigo. Freddie subiu as escadas e foi até seu quarto, deu de cara com todos os porta-retratos dele e de Mary, foi o fim. Ele passou a mão na bancada derrubando todas as fotos no chão, ele gritava e chorava, parou olhou para o chão, pegou uma das fotos, era ele e Mary no último verão, sorrindo de verdade um para o outro, sem culpa, sem remorso e sem traição.

Ele abraçou a foto, era tudo o que podia fazer. Acidentalmente ele havia pisado em um dos cacos de vidro, ele foi até o banheiro, sentou na privada e puxou o caco com um tesoura, levantou se olhou no espelho, lavou o rosto e de repente ele não gostava mais do visual que tinha, olhou para a tesoura e iniciou o que ele podia chamar de nova era. Voltou para o quarto, se ajoelhou na frente do piano, tocou umas poucas teclas...

-Love of my life you've hurt me...

I Was Born To Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora