Capítulo 1

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Camila POV

- Tyler James Cabello, venha aqui agora! - eu estava possessa, era a segunda vez na semana que a diretoria da escola me ligava para reclamar do meu filho.

Um vulto negro passou correndo do meu lado, o susto que aquele pequeno ser havia me dado havia sido grande. Ele, com certeza, vai ficar muito tempo de castigo.

- Tyler! - gritei mais uma vez.

Meu rosto ganhou uma coloração avermelhada tanto pelo nervosismo quanto pela impaciência. Eu já estava ficando estressada com esse comportamento dele, eu nunca pensei que ser mãe daria tanto trabalho.

Meu pé batia incansável no piso de madeira, os meus braços doíam por conta da força com que eu os cruzava abaixo dos seios, se eu fosse ele teria pensado muito bem antes de aprontar seja lá o que ele tenha aprontado.

Quando eu já estava quase explodindo de raiva, uma montanha de fios castanhos e bagunçados apareceram por detrás do estofamento do sofá, logo em seguida dois olhinhos castanhos e amedrontados surgiram e por fim um nariz pequeno, que se não fosse pelo momento trágico eu acharia uma graça.

Foco Camila, nada de narizinhos fofinhos.

- Oi, mamãe. - o som abafado de sua voz infantil se fez presente.

- Não me venha com "mamãe", você sabe muito bem porque a diretora Carter me ligou. - eu batalhava internamente comigo mesma para não ser boa demais com ele. Já estava passando dos limites.

...

Do outro lado de Miami, alguns minutos antes

Lauren POV

- O que foi, meu amor? - perguntei preocupada, era a segunda vez que eu flagrava meu pequeno sentado no canto do quarto e resmungando para as paredes.

- Nada, mamãe. - ele disse coçando os olhinhos e com um tom de voz choroso.

Adentrei o quarto, indo em direção ao corpo encolhido ao lado dos travesseiros com formato de dinossauros. Sentei-me ao seu lado, acariciando os fios do cabelo extremamente escuro e em troca recebi duas esmeraldas verdes me encarando de forma tristonha.

Que bela mãe você é Lauren, não sabe nem do que acontece com seu próprio filho.

- Anthony Jauregui, você acha que eu não te conheço? - disse brandamente, enquanto acariciava a face branca do garotinho à minha frente.

- Eu e o Willy estamos conversando, mamãe.

Willy, como costumava chamar meu filho, era seu amigo imaginário. No começo, eu havia ficado extremamente preocupada com o Anthony, mas os pediatras na época diziam que  não tinha nado de errado com meu pequeno, era normal para a idade dele.

- E eu posso saber o que os dois mocinhos estão conversando? - disse fazendo cócegas em sua barriga.

Eu amo muito esse garoto.

- Coisas de menino. - disse ele ainda rindo, fazendo uma espécie de careta que consistia em colocar a língua entre os dentes e enrugar o nariz. - Mamães estão proibidas de saber.

- Ah, então é assim? - disse fingindo estar magoada e colocando a mão sobre o peito, recebendo um balançar de cabeça positivo como resposta. - Então eu acho que vou ter que comer aquela pizza toda sozinha, já que ninguém gosta de mim aqui nessa casa.

Antes me levantar por completo senti uma mãozinha gelada segurar meu pulso e me puxar para baixo novamente. Nada que um pouco de chantagem emocional e comida não resolvam.

Ponto pra você, Jauregui.

- Calma mamãe, eu gosto de você. - e no momento seguinte dois bracinhos me apertavam em um abraço gentil e puro.

Quando senti Anthony se desgrudar de mim, pude ver que agora seus olhos verdes estavam mais claros, ele estava com medo. E meu sensor de mãe coruja apitou logo em seguida.

- Você promete que não conta pra ninguém? - suas bochechas começaram a ganhar uma coloração mais rosada, ele estava prestes à chorar. Eu não aguentava ver meu filho chorar.

- Claro, meu amor, o que foi? - perguntei um pouco exasperada, eu estava me corroendo de curiosidade e apreensão.

- Tyler e os amigos dele riram de mim hoje na escola. - vi uma pequena e única lágrima descer por seu rostinho angelical.

- Tyler? - parei um pouco para pensar, esse nome não me era estranho, eu já havia escutado em algum lugar. Tyler... - E por que eles riram de você?

- Ele disse que eu sou um bebê e que ainda faço xixi na cama, depois me empurrou.

Eu não tolerava nenhuma falta de respeito, seja contra quem for, e agora que meu filho estava sendo alvo de piadinhas e brincadeiras sem graça na escola eu não iria deixar isso barato. Não vou permitir que crianças desordeiras maltratem meu filho, não enquanto eu estiver por perto.

Assim que escutei todo o discurso do meu pequeno e fiz mais algumas perguntas sobre esse 'tal Tyler', levantei-me da cama e arrumei minha roupa, eu iria fazer uma ligação urgente para aquela escola.

Quem quer que sejam os pais desse tal de Tyler, eles vão ter que se ver comigo.

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