Prólogo

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Jake

Deixei meu quarto sem fazer barulho, torcendo para não encontrar com o meu pai, eu ainda não havia me recuperado do discurso dele, durante minha formatura a algumas horas antes.

Com certeza foi um discurso memorável, pelo menos para mim.

O doutor Evans tinha o dom de ser desagradável e não entendia porque eu estava indo para tão longe, quando algumas das melhores Universidades de medicina do país estavam tão perto de casa.

Mas haviam boas universidades em outras partes do país e a costa oeste parecia boa o suficiente para mim, ainda mais com 5 horas de voo me distanciando de casa.

Eu estava prestes a abrir a porta principal e escapar, quando ouvi sua voz me chamar da biblioteca.

Juro que fiquei tentado a fingir que não ouvi, mas com um suspiro de resignação, voltei até a biblioteca, onde funcionava como seu escritorio quando estava em casa.

__O senhor me chamou? - perguntei da porta.

__Sim, entre que eu preciso falar com você, não estarei aqui amanhã, quando partir. - ele respondeu de sua cadeira atrás da escrivaninha caríssima de mogno.

Enquanto me sentava a sua frente, olhei as horas em meu relógio e percebi que chegaria atrasado na casa do JJ.

__Eu esperava que seguisse o mesmo caminho que eu segui, sabe que as portas de Harvard estão abertas para você. - ele falou, se recostando na cadeira.

__Papai... - comecei a falar me sentindo frustrado por ver mais uma vez o assunto vir a tona.

Ele fez um sinal para que eu me calasse e continuou.

__Entendi que você insiste em trilhar o próprio caminho, mas quero que se lembre que tem um compromisso aqui.

__Stanford tambem é referência na area de pesquisas, pai. O senhor sabe que fiz uma boa escolha. - o lembrei.

__Eu não vou mais discutir isso com você. Sei que tem um longo caminho a percorrer, mas também sei que se sairá bem. - meu pai disparou a falar.

__Obrigado.

__Mas nunca se esqueça de que seu lugar é aqui, e quando acabar sua residência, estarei esperando você para assumir a direção do St. Patrick.

__Nós já conversamos sobre isso pai. - respondi tentando me manter calmo.

__Besteira, você deve voltar e me ajudar a administrar o hospital que um dia será seu. - ele falou balançando a mão direita no ar, como se estivesse afastando alguma coisa.

__O senhor já tem uma filha fazendo isso pai, e Hanna é uma excelente administradora. - lembrei calmamente.

__Mas não sabe ser firme, eu preciso de você por causa disso, um homem saberá se impor.

__Se ela ouvir o senhor falando assim... - falei levantando uma sobrancelha.

__Ah, que ouça, estou cansado de seus discursos feministas, não sei onde erramos na educação da sua irmã. Ainda bem que você tem sorte.

__Tenho sorte porque?

__Oras, sua noiva é perfeita, Jéssica ficará aqui esperando sua volta e será uma ótima esposa, cuidará de você e da casa com um sorriso no rosto e ainda te dará belos filhos, não vejo a hora de ter netos correndo pela casa.

Jessica não era minha noiva e nem nunca seria, suas ideias e pensamentos já haviam deixado claro que ela não era mulher para mim. A esposa perfeita e do lar estava longe do que eu queria, na verdade, casamento era uma possibilidade remota para mim.

O dificil estava sendo fazer meu pai entender isso.

Olhei para uma das paredes e lá estavam seus vários diplomas e certificados, emoldurados um a um, ostentando o sucesso acadêmico e profissional do doutor Evans.

Meu pai se formou com louvor na universidade e se tornou um médico renomado dentro e fora do país, mas sua mente atrasada para determinados assuntos sempre foi um problema dentro de casa, principalmente depois que minha mãe nos deixou.

Na verdade, sua morte piorou tudo, todo o seu conhecimento não foi suficiente para salvar a vida da mulher que amava e desde então, ele vem se dedicando a transformar o hospital que fundou em uma referência na área da oncologia. O St. Patrick é o sonho de qualquer médico, mas qualquer outro médico não seria forçado a aguentar o meu pai da mesma forma que eu.

__Eu preciso ir, tenho que me encontrar com o JJ. - falei me levantando.

__Certo, não esqueça do que falei e reforce para o seu amigo o meu convite, se ele for um bom médico, ele já tem seu lugar garantido no St. Patrick.

__Até mais, pai. - escapei para longe dele e sua mania de querer que eu fizesse a sua vontade.

Deixei a biblioteca vestindo o agasalho da equipe de futebol, pois a noite estava fresca apesar de estarmos no verão, e fui direto pegar meu carro, eu precisava combinar com JJ sobre nossa partida no dia seguinte e tinhamos nossa própria festinha de despedida com algumas garotas e nossos amigos, claro.

Corri com o carro pelas ruas vazias, o bairro pequeno em que viviamos nunca tinha transito, ao contrário do que encontraríamos quando chegássemos a costa oeste.

Praia, sol, transito, gente... vida. Eu vinha contando os dias desde que fomos aceitos em Stanford.

Sorrindo, parei o carro na frente da casa do JJ e assim que desci, avistei sua irmã Kat, sentada no escuro, em um dos degraus da escada que levava a varanda.

__Ei Kit Kat, onde está seu irmão? - perguntei me aproximando.

A menina levantou a cabeça, deixando os longos cabelos castanhos deslizarem para longe de seu rosto e percebi que ela estava chorando, seus olhos verde claro estavam marejados e senti meu coração apertar, sabendo que ela sofria por causa da partida do irmão.

Sentei ao seu lado, abraçando o seu ombro.

__Ei querida, você sabe que estaremos de volta sempre que for possível e prometo ficar de olho no JJ pra você.

Ouvi ela fungar e então afundar a cabeça no meu ombro, chorando ainda mais.

Fiquei sem saber o que fazer, nunca fui bom em consolar ninguem, ainda mais uma menina de 11 anos.

Mantive meu braço em seu ombro e esperei que o choro acalmasse. Quando isso aconteceu, ela se afastou sem jeito, querendo esconder o rosto.

__Não fique assim, seu irmão será um grande médico e ainda te dará muito orgulho, princesa. - falei segurando o seu queixo.

__E você? - a pergunta não passava de um sussurro.

__Eu? Vou tentar ser melhor do que ele sempre. - respondi sorrindo enquanto me levantava.

Ela desviou o olhar para a rua.

__Se cuide, pequena. - falei beijando sua cabeça e subi os degraus que faltavam para entrar na casa.

O que não vi, foi o olhar apaixonado da menina enquanto eu atravessava a porta.

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Preparadas meninas?

Estou a pleno vapor escrevendo mais um casal apaixonante para vocês.

As postagens começam no dia do meu aniversário, dia 30 de janeiro e acontecerá toda quarta feira.

Espero por vocês, para prestigiarem mais uma história escrita com carinho.

Beijos e até mais...

Um Sonho De Doutor (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora