Last breath

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Justin está no hospital já faz algumas semanas, e apesar dos seus pais terem vindo para ficar com ele, fazer todo o trabalho de Jack é bastante exaustivo. Até agora estou conseguindo manter tudo escondido da mídia, é incrível que as pessoas só ficam sabendo do que você quer que elas saibam. Tudo nesse meio é manipulável, ainda mais quando dinheiro está envolvido.

Hoje Jeremy foi embora, e agora apenas Pattie está comigo. Mas ela também precisava descansar, e então sou eu que tenho que ficar no hospital. Nos outros dias eu me mantinha ocupada com outras tarefas e fugia de ficar como acompanhante o máximo possível.

Agora está quase anoitecendo, uma claridade tímida ainda entra pela janela. Já faz uma hora que estou sentada na poltrona do acompanhante, trocamos apenas algumas palavras necessárias, mantenho-me concentrada no notebook à minha frente aproveitando para colocar alguns trabalhos em dia.

- Norah. - Ouço Justin me chamar.

- O que? - Levanto a cabeça para olha-lo, Justin está com uma mão estendida em minha direção.

- Vem aqui. - Ele pede.

- O que você precisa? - Pergunto, fechando o notebook.

- Eu preciso que você venha aqui. - Ele responde, lançando um olhar significativo para sua mão ainda estendida para mim.

Largo o notebook e vou até ele, pego em sua mão e Justin me faz sentar na beirada da cama.

- O que você quer? - Pergunto sentindo-me desconfortável pela nossa proximidade. Ele olha dentro dos meus olhos e me analisa.

- Nada. Só queria saber se você está bem, não parece ter tido muito descanso nesses últimos dias. Você tem dormido?

Sorrio e tiro minha mão da sua.

- Quem precisa de cuidados aqui é você, Justin, não eu.

- O que aconteceu com a Jack? Eu não tenho a visto. - Justin pergunta.

- Eu a despedi.

- Por que?

Fico em silencio, sinto-me cansada e tudo parece voltar ao pensar no porque demiti ela.

- Por que ela estava nos destruindo. - Respondo baixinho.

Justin inclina a cabeça quando nossos olhares se encontram, levanto - me rápido e fico de costas para ele quando sinto que não posso mais segurar as lágrimas.

- Norah, você não precisa se esconder de mim. - Ele diz. Encolho-me ainda mais no meu próprio abraço - Hey, vem aqui.

Sinto o peso das últimas semanas finalmente cair sobre mim, eu estava aguentando muito bem até agora.

- Norah... - Justin me chama mais uma vez.

Vou em passos lentos até ele e sento na cama novamente, respiro fundo antes de falar.

- Peço desculpas pelo que te falei aquele dia, nada daquilo é verdade. - Mordo o lábio para conter um soluço - Eu não odeio você.

- Está tudo bem, Nori. - Ele me puxa para mais perto de si, me abraçando - Eu também peço desculpas por tudo o que tenho feito. Sinto muito, de verdade.

Nós ficamos mais um tempo abraçados, em silêncio. Quando sento novamente e limpo as lágrimas, noto que ele também está chorando.

- Eu achei que tinha chegado ao fim - Justin diz, me fazendo prestar atenção nele - Antes do carro capotar, eu achei que era meu fim e por um segundo eu não fiquei triste por isso. Por um segundo eu quis realmente morrer, por que viver a vida que eu estava vivendo não estava mais valendo a pena. Eu não consigo mais viver desse jeito.

- Justin... - sussurro e levo minha mão até seu rosto, sinto minhas lágrimas voltarem a cair.

- Estou falando sério, Norah. Eu recebi mais uma chance e não quero mais viver como se estivesse me afogando.

Em resposta faço um sinal positivo com a cabeça e o puxo para um abraço.

- Nós podemos fazer isso juntos. - Afirmo.

Não falamos mais nada, apenas me aconchego mais em seu abraço e fecho os olhos, aproveitando para ouvir seu coração batendo, sua pele quente contra a minha, sinais de que ele está bem vivo e presente para mim. Nós dois recebemos uma nova chance, mas teríamos que lutar para conseguirmos mantê-la.

Durante a madrugada acordo com os gemidos de Justin. Me aproximo de sua cama e noto que mesmo dormindo, ele ainda sente muita dor. Chamo a enfermeira e ela diz que ele já está tomando todos os remédios possíveis, e que agora a única coisa que podemos fazer é esperar.

A manhã demora para chegar, e quando chega vou outra vez atrás de algum médico. Não consegui dormir à noite ouvindo seus murmúrios de dor. Estava ficando preocupada pois as últimas vezes que fiquei aqui, Justin não parecia estar tão incomodado assim. Mais uma vez a enfermeira tenta me acalmar dizendo que era normal ele sentir dor, que seu corpo ainda estava muito machucado e que teria dias que seriam piores do que os outros.

Perto da hora do almoço Pattie chegou e eu precisei sair, mas algo me dizia para ficar. Sentia que tinha alguma coisa errada, talvez por termos nos "acertado" ontem, agora eu não queria deixa-lo.

- Pode ir, Norah. Se algo acontecer eu vou te ligar. - Olho para ela, pego a minha bolsa e caminho inquieta até a porta. Ela me acompanha. - Não vai adiantar você ficar aqui, Justin não vai acordar tão cedo por conta dos remédios.

Respiro fundo e sinto meu peito apertar quando abro a porta para sair.

- Tudo bem. Não hesite em me ligar se algo acontecer.

Pattie faz sinal positivo com a cabeça e quase me empurra para fora do quarto, deixo o hospital e tento prender meus pensamentos nas coisas que tenho para fazer.

Passo o dia tentando escolher pessoas novas para compor nossa equipe. Apesar de querer, não consigo controlar a minha carreira e a de Justin sozinha. Preciso de profissionais em certas áreas para me ajudarem a fazer tudo. É claro que agora vou fazer o possível para supervisionar todas as decisões tomadas.

Chego de volta ao hospital no final da tarde, e logo quando dobro no corredor do quarto de Justin, sei que tem algo errado. Vejo Pattie parada do lado de fora abraçando seu próprio corpo, ela parece aflita.

- O que está acontecendo? - Pergunto assim que me aproximo.

Pattie me olha com seus olhos azuis aflitos, mas quando sua voz sai ela parece estar calma.

- A dor que ele estava sentindo se deu por causa de uma complicação em uma das cirurgias. Vão ter que a refazer, vão leva-lo daqui a pouco.

- Por que você não...

- Não há nada que não possamos fazer, Norah. - Ela me corta e pelo seu olhar machucado sei que ela sente o mesmo que eu.

Solto o ar e largo minha bolsa no chão, espio um pouco para dentro do quarto para ver o que está acontecendo. Vejo no rosto de Justin, que está com olhos fechados e o cenho franzido, que ele está sofrendo. Meu peito aperta e se tivesse qualquer coisa que eu pudesse fazer para que tudo isso acabasse, eu faria.

Viro-me de costas e deixo o quarto para trás assim que sinto as lágrimas deixarem minha visão turva. Pattie me puxa para um abraço apertado e nos duas desabamos, uma contando com o apoio da outra.

- Eu sei. Eu sei. - Ela sussurra. - Tudo vai ficar bem, Norah.

Mesmo sabendo que ela não pode prometer isso, e que suas palavras são totalmente clichês, me agarro à elas.

After YesOnde histórias criam vida. Descubra agora