Still like you

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Entro no carro e respiro fundo diversas vezes, me sinto zonza e só quando meu celular começa a tocar novamente, é que me dou conta que tenho que o atender.

- Alô? - Tento manter a voz estável.

- Pelo amor de Deus, Norah, onde você está? Estamos te esperando há mais de meia hora! - Jack grita no telefone, fecho os olhos e o afasto um pouco para não ficar surda.

- Já estou indo. Desculpa. - Respondo e desligo o celular.

Ligo o carro e vou direto para a agência, me recuso a pensar no que acabou de acontecer.

Chegando ao prédio, vou correndo para o banheiro trocar de roupa, na verdade, colocar roupa. Corro e me escondo das pessoas como se estivesse suja, olho apenas para o chão até entrar no banheiro.

É quando olho meu reflexo no espelho que tudo vem à minha mente, aperto os braços em volta do meu corpo tentando me fazer parar de tremer. Um soluço dolorido escapa pela minha garganta, mas não derramo nenhuma lágrima. Não sou merecedora delas. Me sinto um lixo, já é a segunda vez em menos de dois dias que me dizem que não tenho valor, que sozinha não conseguiria chegar onde cheguei.

Tiro o colete e o jogo no lixo, coloco de volta as minhas roupas. Não sei como não morri congelada no caminho até aqui, lá fora está muito frio e eu estava quase pelada.

Ouço alguém bater na porta e estranho, ela está aberta e não precisaria bater. Afinal, é um banheiro com várias cabines.

- Norah, você está aí? - Ouço a voz de Justin.

Tento falar com uma voz estável e limpar as poucas lágrimas que escaparam.

- Sim, já estou indo. Só um minuto. - Grito em resposta.

Respiro fundo e aperto a boca, tudo piora quando lembro o assunto da reunião e quantas discussões ainda vou ter que aguentar hoje.

Não posso chorar. Não posso chorar. Não posso chorar.

Repito para mim mesmo tentando me acalmar. A porta ao meu lado é aberta e eu levo um susto.

- Norah? Você está bem? - Justin pergunta, colocando a cabeça para dentro do banheiro. Ao me ver, ele entra totalmente e fecha a porta atrás de si.

- Você não pode entrar aqui. - Falo baixinho.

- Fui buscar um café e vi quando você chegou. O que aconteceu?

Faço sinal negativo com a cabeça como se não fosse nada, mas não consigo segurar o choro. Ele me puxa para um abraço. Até ali eu não sabia, mas era exatamente isso que precisava nesse momento.

- Ele tentou me tocar. - Falo, minha voz sai estranha e abafada por causa do choro.

Justin aperta mais o abraço e eu sinto vontade de me esconder ali. Não é à toa que eu costumava dizer que ele era meu lugar favorito. Ele me afasta e passa a mão pelos meus braços procurando por algo de errado.

- Ele te machucou? - Justin pergunta receoso, noto pelo seu olhar que ele não tem certeza se quer mesmo ouvir a resposta.

- Eu fugi. - Respondo quebrando todas as suposições que poderiam surgir. Justin solta o ar pesadamente, aliviado.

- Eu sinto muito que você tenha passado por isso, babe.

O jeito que ele fala babe não é debochado, é carinhoso e me lembra como éramos antigamente, o que me lembra o motivo da reunião de hoje e me faz chorar mais ainda.

After YesOnde histórias criam vida. Descubra agora