The day after

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Acordei bem. Estranhamente bem. Abri meus olhos devagar e encarei o teto. O sol contra a porta. A luz meio forte, e eu espremi meus olhos. Levantei meus dedos e esfreguei meu rosto. Senti um cheiro forte. Uísque? Licor? Eu não fazia ideia. Talvez os dois. Afastei o cabelo do rosto e olhei para o lado. Frank não estava na cama. Na verdade, ela estava feita, o edredom azul e branco dele dobrado perfeitamente sob o travesseiro. Franzi o cenho, sentando devagar. Então veio. Com tudo, a dor me arrepiou e desceu por meus membros. Eu gemi, trazendo meus joelhos ao meu peito, a dor me deixando tonto e latejando na minha nuca e têmporas. Puta merda, o que eu fiz?

“Hey…” Levantei a cabeça e vi Nora. O que ela estava fazendo aqui? Oh não. “Eu te trouxe um café, imaginei que estivesse…” Eu grunhi. “É… assim.” Ela riu suavemente, e eu encarei seu rosto limpo. Ela tinha sardas mas a pele era bronzeada. A achei bonita de novo, o cabelo preso num coque no topo de sua cabeça, seus cachos caindo perto das orelhas. Ela ainda usava seu vestido, com meias coloridas que iam até perto de seus joelhos. Usava um moletom (meu moletom) cinza por cima, embora não estivesse frio no quarto. Ela sentou na beira da cama, me entregando um copo com seu nome escrito. “Eu não sabia de qual você gostava, então pedi um preto simples.” Eu fechei os olhos, suspirando contra o copo. “Ah, e eu espero que não se importe. O moletom. Eu fiquei com frio e bem, tem seu cheiro.”

Eu não sabia que tinha um cheiro. Eu abri e fechei a boca, como um peixe fora d'água.

“Na verdade é meu favorito. Obrigado.” Eu tentei sorrir e ela sorriu largo, apoiando a cabeça em seu próprio ombro, como na noite passada. O que aconteceu na noite passada? “Eu não ligo, sobre o moletom. Então… eu devia lembrar de algo, Nora? Eu não fiz nenhuma burrice, fiz?” Ela coçou atrás da orelha, brincando com seu brinco de pérola.

“Ah… não, eu acho. Nós não fizemos nada, se esse é seu medo. Você não parecia… sóbrio o suficiente, não queria parecer que, sei lá, eu estava tirando vantagem de você.”

“Eu… sóbrio?”

“Essa dor que você está sentindo. É o que te sobrou de ontem.”

“Oh. Mas… eu não lembro de muita coisa. Tudo tá meio… nebuloso.”

Franzi o cenho e ela mordeu o lábio me observando tomar o café. Ela sentou sobre seus calcanhares, enfiando uma mão no bolso do meu moletom e tirando duas aspirinas de lá. Estendi o copo, e meu café fez bloop quando os comprimidos caíram nele.

“Bem. Eu posso te ajudar com isso. Nós saímos para fumar, bem, para você fumar, e a gente se beijou…”

“Sim, eu lembro disso.” Eu soei animado demais, e minha cabeça latejou mais uma vez.

“É porque você não tinha bebido ainda. Enfim.” Ela pareceu irritada, e eu me calei, bebericando mais do meu café. “Nós entramos de novo e você me ofereceu um drink e me pediu para te fazer um. Então você bebeu tudo de uma vez. Foi na sala e saiu falando com as pessoas e pedindo goles dos drinks delas. Nesse meio tempo você bebeu muitos goles de muitas coisas diferentes. Então Frank apareceu e te fez beber água. Então você roubou a cerveja dele e ele meio que correu atrás de você. Vocês caíram na sala e ele subiu em você para pegar de volta."

Oh. Certo.

Eu lembrava dessa parte, agora que ela havia mencionado. Frank em meu colo, rindo e apontando um dedo para mim. Lembrava de ter apertado as coxas dele, me contorcendo, tentando me soltar. Frank todo cor de rosa. Ele estava tão lindo.

“Então ele te soltou, daí você correu até mim e nós dançamos uma música lenta.” Ela disse essa parte com um sorriso carinhoso e eu sorri de volta. Lembrei dos dedos dela no meu braço e de uma música que dizia sobre ter tudo, depois um pouco e nada de alguém, sobre voltar à noite que se conheceram. Eu gostei muito dessa música. Lembrei dos lábios dela no meu pescoço. “Você é um péssimo dançarino aliás, pisou nos meus pés o tempo todo.” Ela riu suavemente e eu corei, Nora levando os dedos ao meu braço, fazendo carinho como um 'tá tudo bem’ e continuando. “Você bebeu mais. Frank tentou te impedir, mas você fez cócegas nele toda vez que ele chegava perto. Foi bem fofo.” Ela se aproximou e beijou meu cabelo. Então eu segurei seus dedos, frios, e beijei seu rosto. Ela se pressionou contra meu toque, e eu adorei a sensação. Ela era ótima. “Daí, foi ladeira abaixo. Você bebeu muito. Nenhum de nós conseguiu te impedir. Você falou com muita gente também. Pegou muitos números. Tirou umas fotos. Dançou mais. Então desmaiou no sofá. Frank me fez tomar conta de você e me fez prometer que eu passaria a noite aqui para garantir que você não engasgasse no próprio vômito. Você não vomitou aliás, o que é bom.”

Head Over HeelsOnde histórias criam vida. Descubra agora