The coming back

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Dizem que todo mundo muda depois das férias de primavera. No meu caso, eu esperava que fosse verdade.

Eu me senti nostálgico ao erguer minha mala para subir os degraus de mogno do meu dormitório. Depois de dizer os olás e apertar as mãos necessárias, ganhando uns sorrisos estranhos de estranhos, eu me senti em casa de um jeito novo. Um jeito menos estagnado. Eu era conhecido aqui. A maioria das pessoas do meu último dormitório nem sabiam meu nome. Aqui, eu carregava um bolinho com um G na cobertura, cortesia de Maya, que havia sentido falta de meus pedidos de fim de tarde.

Eu não havia visto Frank nas férias. Eu não havia visto muita coisa, para ser sincero. Só muitas temporadas de The Office, mas não acho que isso conte como interação social.

Nós havíamos nos despedido com o que eu planejava ser um aperto de mão, mas Frank bufou, revirou os olhos e deu um tapa nela, jogando seus braços por meus ombros. “Me liga, tá bem?” Ele pediu, a voz abafada contra meu pescoço.

Frank tinha descido até a costa ensolarada, pelo que ele contava nas mensagens. Nós não conversávamos de fato, ele só me mandava fotos dos lugares e Bert me mandava fotos engraçadas dos dois. Tinha essa que era minha favorita. Frank deitado na areia, um de seus braços coloridos sobre o rosto e o nome de Bert desenhado em sua barriga, um dos poucos pontos sem tatuagens, com protetor solar. Ele deve ter sofrido para tirar aquela marca.

Eu nunca liguei. Na verdade, eu tinha esperança de que não ouvindo sua voz eu superaria.

Ah, sim. Eu finalmente admiti. Eu estou apaixonado por Frank. Espero mesmo não estar mais.

Honestamente, eu mal lembrava de como ela soava em meus ouvidos. Seu rosto eu não pude esquecer, me peguei desenhando seus traços vezes demais para ser considerado normal. Mas me convenci de que era porque ele tinha a estrutura óssea perfeita para desenhos avulsos. Mas acabei incluindo ele nos mais bobos, onde ele lutava com vampiros e lobisomens, coberto de sangue e sorrindo.

Voltei a fazer isso também. Desenhar por prazer.

Na faculdade, meus desenhos eram limitados a anatomia, paisagens, essas coisas monótonas. Com pedidos de Mikey, voltei a fazer as figuras esquisitas que ele adorava. Ele me pediu certa vez para desenhá-lo como Luke Skywalker. Ele amou tanto que enquadrou e pendurou no quarto, dizendo que meus talentos estavam sendo gastos fora de uma grande editora de quadrinhos. Eu concordava secretamente.

Meu pai continuava me ignorando, e quando não ignorava, era para soltar comentários secos sobre minha faculdade, futura carreira, corte de cabelo. Tudo era motivo. Mikey acabou explodindo, mandando nosso pai pro inferno, correndo pelas escadas e batendo a porta em pleno jantar de família. Nossa mãe estava exausta e Mikey a perguntou como ela aturava aquilo. Ela só abriu e fechou a boca, com uma dúvida sincera em seu rosto que logo virou obstinação. Deus. Só Deus mesmo.

Eu parei de rezar todas as noites. Mikey voltou a vir para meu quarto nas noites de chuva, mesmo que raras nesta primavera. Ainda era Jersey. Ainda era meu lar.

Eu quase contei a ele. Mas aquela noite no meu aniversário vivia voltando em meu cérebro, e a julgar pela forma que ele me olhava ao perguntar “Então, como vai Frank?”, bebericando seu café e erguendo uma sobrancelha, eu achei que ele já sabia. E que estava tudo bem.

Eu também havia parado de cortar o cabelo por tempo demais, para o desespero de Donna, que estava ansiosa para testar seus cortes novos. Mikey nunca deixava ela fazer no dele.

Apesar de tudo, ela nunca viu problema em cortar e pintar meu cabelo. Dizia que a relaxava e que ela sentia como se eu ainda fosse uma criança sob seus cuidados. Era um momento de ligação nosso, então eu deixei que ela cortasse dando movimento e pintasse as raízes. Agora ele parava um pouco abaixo de minhas orelhas e eu tinha uma franja que se arrumada, me fazia parecer Danny Zucco.

Head Over HeelsOnde histórias criam vida. Descubra agora