The coffee pot

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Eu tropecei ao correr pelas escadas, mas nunca deixando de sorrir. Finalmente.

Era quarta-feira. Pela hora, eu sabia que ia pegar Frank no fim de seu “treino”, fazendo o alongamento final. Desde minha conversa com Nora há uma semana, eu vim tentando me soltar mais perto dele. Não encarar tanto. Falar mais. Tocar mais. Não esquivar dos toques dele. Ficamos estranhamente mais próximos, e eu tinha mais facilidade em mandar a voz dizendo errado, errado, errado tomar no cu. Embora eu não fosse o tipo de cara que manda tomar no cu. Eu sou mais de ir à merda.

“Frank! Você não vai acreditar no que chegou!” Eu gritei, logo antes de abrir a porta. Encontrei-o sentado no chão, as mãos tocando seus dedos do pé enquanto a outra perna estava dobrada contra sua coxa. Seu rosto estava vermelho contra seu peito, e ele grunhiu qualquer coisa enquanto eu tirava meus sapatos e andava até a cama, soltando a caixa em minhas mãos com cuidado sobre meu edredom.

“Okay… você está animado demais, o que houve?” Levantando e esticando os braços contra o pole em suas costas, a barriga ficando chapada e as costelas aparecendo, depois respirando fundo e dobrando o corpo, a voz grave e esganiçada ao mesmo tempo pelo esforço. Frank não era exatamente magro ou musculoso. Ele tinha músculos mas eram parecidos com os meus, só mais torneados. Ele tinha gordurinhas no quadril, que deixavam sua figura mais feminina. Eu era quadrado e curvado. Ele ergueu o corpo de novo, parecendo tonto ao saltitar até minha cama. Ele vestiu rapidamente uma regata branca e puxou a calça de moletom de sua cama, a subindo pelos quadris. Ele se jogou na cama e eu lhe dei um olhar, segurando a caixa com medo dela cair. Ele cheirava ao giz de suas mãos e a loção que eu o via colocar escondido nos cotovelos. Amêndoas.

“Olha!” Eu enfiei uma tesoura no papelão, a arrastando até abrir as abas da caixa. De dentro, puxei devagar de um saco de plástico-bolha a nossa mais nova cafeteira, vermelha e lustrada. Eu quase chorei e Frank suspirou um “uau”.

“Porra. Eu acho que te amo.” Ele me puxou para um abraço e nós caímos para trás, eu rindo ao que ele enterrava o rosto contra meu pescoço. Senti sua barba por fazer roçar em mim. Eu me arrepiei mas ele se afastou, fazendo carinho na cafeteira. “Como? Onde? Quando?!”

“Eu tinha uma antes de vir para cá, mas ela quebrou. Então eu pedi a meu irmão para me dar uma de aniversário. Ele resolveu mandar antes do recesso. Chegou hoje.” Nós sorríamos como dois idiotas. Universitários.

“Quando é seu aniversário?” Ele franziu a testa, torcendo a cabeça para o lado.

“Abril. Daqui umas semanas.” Ele fez “oh” e eu levantei, colocando a cafeteira na minha mesinha. Percebi que não tinha espaço.

“A gente pode colocar na minha. Eu só coloco livros lá.” Ele apontou sobre seu ombro, estendendo os braços para mim. Entreguei com cuidado, ele engatinhou em sua própria cama, ficando de joelhos ao colocar a cafeteira em cima de dois livros.

“Vamos precisar de um Benjamin. Eu devo ter algum na bagunça.” Eu anuí com a cabeça, pigarreando para sua bunda em meu campo de visão. Apoiei as mãos entre os joelhos, encarando a janela. Pelo canto do olho, vi Frank virar e puxar algo debaixo da cama, mas não liguei de ver, até ouvir um click. Voltei meu olhar para ele, e o vi com o rosto baixo, mexendo nos botões de uma câmera.

“Hey!”

Ele levantou a cabeça, os lábios entreabertos. “O que?”

“Você tirou uma foto minha?”

“Uh, yeah.” Ele disse simplesmente, com um tom óbvio na voz.

“Me deixa ver, então.” Ele sorriu e bateu na cama ao seu lado, eu dei um pulo do meu colchão para o dele, o fazendo rir quando a cama balançou sob meu peso.

Head Over HeelsOnde histórias criam vida. Descubra agora