EXTRA: Arte da Capa

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DIFERENTE
Texto dedicado para a capa deste livro.

Eu queria que fosse diferente. Apenas diferente do que eu sinto. Sem depender da sorte. Porque é cansativo ser uma marionete do imprevisto. Respirando por acaso. Sofrendo pelo acaso. Como se estivesse vivendo apenas para desfrutar da minha mente que tornou-se um caos iminente. Eu só queria que fosse diferente.

Como um soldado ferido no meio de uma batalha. Eu me sinto como se o inimigo tivesse vencido. Perdedor. Perdedor. A minha criança interior não para de espernear. Eu nao quero desistir, mas desistir parece ser a única forma de seguir. Fracassado. Fracassado. E sigo continuamente desfrutando da mente que tornou-se um caos iminente. Eu só queria ter nascido diferente.

Eu tentei buscar no amor um refúgio da minha própria solidão. E me perdi dentro de mim. E no desespero, eu tentei encontrar-me nos espelhos, mas eles só cospem confusões o dia inteiro. Esses espelhos estão por toda a parte. Mas eu não me reconheço neles. Eu não consigo me igualar a eles. São só reflexos distorcidos, que surgem nesses cacos de vidros espelhados pelo chão. Eu só queria que tudo parasse de ser recorrente, e começasse a ser diferente.

O passado se repete. A dor se reverte. A solidão não enfraquece. E o meu medo torna-se cada vez mais insuperável. Sozinho, abandonado, no quarto sem formato. Coagulando a mente que tornou-se um caos iminente. Eu só queria que tudo fosse diferente.

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