The Love is Vintage

Nine

Encarar o telefone como se fosse um inimigo mortal não estava funcionando. Havia passado o dia se questionando se deveria ou não ligar para Itachi e chamá-lo para sair um pouco. Depois de ter sido pego com Anko em uma momento não muito propício, não sabia o que o primo estava pensando dele, e isso o preocupava bastante.

— Droga! — esbravejou para si mesmo ao se levantar, começando a andar de um lado para o outro da sala.

Voltou a encarar o teclado numérico por um momento e, em um lapso de coragem o tirou do gancho, discando o número da casa de Itachi automaticamente. Sentiu seu coração acelerar após ouvir o telefone chamar algumas vezes e um nó se formou em sua garganta, mas se acalmou assim que ouviu uma voz que não era a do primo.

— Alô — soou a voz feminina do outro lado da linha.

— Tia Mikoto, é o Shisui.

— Oh, como vai, querido? Faz um tempo que não o vejo.

— Eu ando bastante ocupado — sorriu sem graça em lamentação, mesmo sabendo que a mulher não veria.

— Entendo... Aconteceu alguma coisa?

— Não, não, eu apenas queria saber se o Itachi está em casa.

— Está sim, quer que eu o chame?

— Por favor.

— Tudo bem, só um minuto.

A linha ficou em silêncio por alguns minutos, e Shisui sentiu a mesma apreensão de antes voltar, obrigando-o a respirar fundo enquanto esperava.

— Shisui — anunciou-se — ele falou que não pode atender agora porque está ocupado com uma pesquisa da escola, mas que te retorna mais tarde.

— Tudo bem tia, eu vou esperar, obrigado — disse compadecido.

— Sabe, você deveria aparecer para o jantar. Itachi está trancado no quarto estudando desde ontem, e eu não sei o que fazer para arrancá-lo de lá. Sabe como ele é, não sabe?

Shisui se lembrou das várias vezes que já havia sido convocado para fazer esse tipo de coisa e riu de forma tristonha. Era difícil perceber que muita coisa havia mudado.

— Eu vou aparecer sim, tia, pode contar comigo para tirar o gênio do seu habitat natural.

— Tudo bem — riu — Até mais tarde então, querido.

— Até.

Assim que a ligação foi encerrada, Shisui olhou o relógio de parede, percebendo que logo teria que estar na casa dos tios. Subiu para o quarto visando tomar um banho rápido, já que não faltava muito para o jantar. Fazia semanas que não via os tios e sentia saudades disso, sentia falta das noites que permanecia ao lado de Itachi brincando com Sasuke até que ele pegasse no sono e das horas que passavam no telhado observando as estrelas ou o pôr do sol... É, com certeza, sentia falta desses momentos.

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Shisui, havia estacionado na frente da casa dos tios há mais de dez minutos, mas ainda permanecia dentro do carro em uma tentativa de unir o máximo de forças possíveis para agir naturalmente. O sol já terminava de se pôr no horizonte, e a ansiedade lhe causava um frio na barriga. Ainda estava receoso quanto a reencontrar Itachi, mas já estava na hora de ajeitar as coisas para que tudo voltasse ao normal.

— Vamos lá, vai dar tudo certo — encorajou a si mesmo.

Com isso, respirou fundo uma última vez antes de descer do carro e seguiu na direção da casa dos tios. As luzes já estavam acesas e era possível ver a sombra de Sasuke correndo pela casa através das janelas. Quando estava prestes a tocar a campainha, uma risada familiar invadiu seus ouvidos fazendo-o parar por um momento. O som parecia vir dos fundos e, quando menos percebeu, seus pés já o levavam para o jardim, mas não havia ninguém lá. Olhou em volta por um momento e, em meio a luz baixa do sol poente, pode ver duas sombras sob o telhado do primeiro andar. Itachi e Deidara conversavam algo que seus ouvidos não conseguiam captar devido à distância, mas pela expressão do primo, Shisui soube que se tratava de algo sério.