- O que aconteceu? - pergunta Isabella, com as mãos pálidas pousadas em sua testa, tentando adivinhar o que havia ocorrido para tantas pessoas estarem na sala dela.
- Um acidente... - responde Laura com a voz baixa, quase que imperceptível, olhando de relance para Anna Flor.
- Que tipo de acidente? - Isabella soa cortante.
- Um acidente, ué - diz Anna Flor, alterada - Um acidente é um acidente e só, nada mais.
A coordenadora a fita, esperando que ela cometa algum deslize, algum erro estúpido que a faça confessar seu pecado, sua culpa. Então, calmamente, prossigo:
- O que ela quer dizer é: nós não tivemos culpa do que aconteceu. Só queríamos apresentar o trabalho, pôr o slide que preparamos e tal... É só que... Bom...
- Uma foto minha apareceu no lugar -interrompe Carlos, impaciente.
Todas nós o olhamos, surpresas e sem acreditar que aquelas palavras realmente haviam saído da boca dele. Logo nossos olhos se voltaram à pacífica coordenadora, sentada e sem entender exatamente o que estava acontecendo. Com um breve movimento de cabeça, manda todos embora, exceto eu e Carlos. O ar da sala torna-se cada vez mais pesado e o nervosismo preenche todas as células existentes no meu corpo.
Merda! Merda! Merda!
No meu bolso, o celular vibra. É uma mensagem da Anna Flor.
Anna [8:07 am]: Plmds atualiza a gente
Anna [8:07 am]: Eu não tô muito afim de ser suspensa não tá?! só dizendo...
Ah, qual é?! Ela faz a bosta e ainda quer que eu limpe tudo? Não mesmo, lindinha, não mesmo.
- Sophia...? - chama Isabella - Você pode largar o seu celular por um segundinho e dar a mínima atenção a conversa?
- An... - bloqueio a tela do celular - Sim, sim, claro.
A coordenadora, aparentando estar ainda mais estressada que no momento em que entramos na sua sala, agora pressiona as têmporas com os dedo indicador e médio. Respira fundo e continua:
- Bom... É o seguinte, vocês dois só vão sair desta sala quando me disserem o que está acontecendo - aponta para nós dois, com um tom de ameaça - E não me obriguem a falar com o Tomás.
- Ah, qual é?! - eu e Carlos falamos ao mesmo tempo.
"Ah, qual é?!" nada Carlos. Esse é o meu momento. MEU. MOMENTO. Vai se ferrar idiota!
- Então... Qual dos dois vai começar a falar? - pergunta Isabella, como se isso tudo fosse um interrogatório e ela fosse o "policial bom", enquanto o Tomás era o "policial mau".
Eu e Carlos nos entreolhamos. Nenhum de nós quer fazer isso. Nenhum de nós quer ser suspenso. Nenhum de nós quer ser castigado por algo que nem é sua culpa. Mas, se parar para pensar, de nós dois, quem tem mais vantagem é o Carlos...
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Crônicas De Um Amor Proibido
RomanceApós se meter numa briga no Colégio Militar, Carlos, expulso, decide ir para uma nova escola e, logo no primeiro dia, conhece alguém que foi capaz de mexer com os alicerces do seu coração: Tomás Ribeiro, professor enigmático de Artes, PhD em deboch...