- Ameliaaaaa! Noah já está aqui!!
Escutei a gritaria e me olhei novamente no espelho. Eu havia escolhido um vestido azul escuro, curto, mostrando os ombros. Ele era moldado ao corpo, mas menos na barriga pra não marcar a cicatriz.
Eu nunca me vestia daquele jeito, mas naquele dia eu queria mudar.
- pronto. - falei ao descer as escadas
Noah me olhou por inteiro, mas nada que não fizesse sempre quando saíamos.
- vai assim? - meu pai perguntou
Aproximei-me dele e dei-lhe um beijo.
- vou. Boa noite.
Escutei meu pai dizer algo pra minha mãe, mas não dei bola.
Noah veio atrás de mim, em silêncio. Percebi o quanto as coisas já haviam mudado em algumas horas. Nunca ficávamos em silêncio.
Entrei no carro, coloquei o cinto e esperei.
- está muito quieta desde que voltamos da casa do Paul. - ele disse soltando um suspiro em seguida, antes de continuar a falar. - você ficou com ele?
Virei-me com os olhos arregalados para encara-lo.
- claro que não. De onde tirou essa ideia?
- vocês fazem aquela cena na piscina, depois você diz que só vai na Pink por ele, volta pra casa estranha. - sua voz se alterou no final
- não fizemos cena nenhuma. Estávamos brincando e pronto.
Eu não estava a fim de explicar nada e nem de estender uma conversa.
Noah já havia dado a partida no carro. Havia trânsito para o meu desespero. Eu não queria ficar parada com ele no carro em uma situação propícia para fazer perguntas.
- ele acha que vai ficar com você, tá? Só pra que você saiba. - jogou olhando pra frente, sem tirar as mãos do volante
Soltei um riso e mordi os lábios pensando na cara do próprio Paul.
- você tá estranha. - Noah continua
- não estou. - retruquei - e porque todo esse auê sobre eu ficar com o Paul? - perguntei de uma vez
Ele batucava o volante como se fosse uma bateria.
- sei lá, vocês que deram a entender. E não tem nada a ver, vocês são amigos. - completou ainda batucando as mãos
Fiquei com raiva do pensamento dele. Só porque éramos amigos não poderia rolar nada?
- tem tudo a ver. - respondi fazendo parar o batuque
Noah me encara sério. Consigo ver a luz dos carros refletirem em seus olhos castanhos, quase mel.
- então você tá a fim dele? Porque não me disse?
Soltei um riso frouxo.
- somos amigos, mas não preciso contar tudo a você, Noah. E não, não estou a fim dele. - respondi com um tom irônico no final
Ele me encarou, mas não disse mais nada. Eu abaixei o olhar e lembrei das coisas que escutei.
- mas não seria nada mal gostar do Paul. - joguei e continuei. - eu não teria vergonha de ser quem eu sou com ele.
Pronto. Joguei a merda no ventilador mesmo sem ele saber o que estava acontecendo.
Noah estava com os olhos no transito e assim que escutou o que eu disse fez uma cara esquisita.
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Cicatrizes
RomantikVida não deveria ter esse nome, deveria se chamar "clichê". Pois é, a minha era assim, me apaixonei pelo meu melhor amigo, achei que ele era uma pessoa, mas era outra, sofri muito e aprendi que a cicatriz gigante que eu tinha acima do umbigo não er...