Amelia.
Seu maxilar estava trancado enquanto eu esperava uma resposta.
Cruzei os braços e bufei.
- você é surdo Noah? O que está fazendo aqui? - repeti
Ele reluta, mas responde.
- estou estudando.
Sua resposta foi simples, mas não entendi nada.
- como assim estudando?
- essa é a minha faculdade.
E então meu corpo gelou e quase foi ao chão.
- vo... você vai estudar aqui?
- achei que ficaria feliz ao me ver, apesar de não ter se despedido de mim.
Era só o que me faltava.
- o caminho da sua casa é o mesmo até a minha. - retruquei
Ele riu.
- eu só queria te ver e contar a novidade. Acho que vamos nos esbarrar muito por aí.
- espero que não. - murmurei e lhe dei as costas, pegando minhas coisas e saindo dali
Caminhei a passos largos até meu quarto e sentia que estava sendo seguida.
- espera Amelia!
Parei de andar e me virei, desejando que tudo aquilo fosse um sonho, ou melhor, um pesadelo.
- olha... aqui é melhor pra eu estudar, sabe? Ficar perto dos meus pais também...
Porque eu não acreditava em nenhuma palavra sequer?
- sei... - falei cruzando os braços
- sempre fomos amigos, não quero que isso mude aqui. - completou
- okay. - respondi e me virei novamente para continuar andando
E ele novamente me parou, entrando na minha frente.
- vai ficar me ignorando? - perguntou fitando meus olhos
Senti um calafrio e vergonha.
- olha Noah... faz o que você quiser. O campus é enorme, nossos cursos são diferentes, então vai lá fazer novos amigos... É pra isso que começamos uma nova etapa de nossas vidas, não é mesmo?
Ele olhava pros meus olhos e pra minha boca. Aquilo me matava por dentro, mas tentei não perder o foco.
- acho que não importa quantos amigos eu faça. - retrucou
Mas não continuou a frase.
- eu preciso ir. - falei e finalmente consegui sair dali
Bom, só meu corpo conseguiu sair dali, mas minha mente ficou nele.
Porque diabos ele teria ido pra mesma faculdade que eu?
Esse papinho de que aqui é melhor eu não caí. A faculdade que ele tinha escolhido era infinitamente melhor que essa.
Alguma coisa está acontecendo.
- claro que está, Amelia. Ele ainda tá a fim de você e não conseguiu ficar longe. - disse Paul dando uma mordida no sanduíche
- ah tá. Nessa eu não caio mais! - respondi
- eu tenho certeza que é isso. - insistiu
- ele quer me infernizar, isso sim... sabe, eu estava tão feliz, porque finalmente viveria dias sem a presença dele e sem esse amor que me...
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Cicatrizes
RomantizmVida não deveria ter esse nome, deveria se chamar "clichê". Pois é, a minha era assim, me apaixonei pelo meu melhor amigo, achei que ele era uma pessoa, mas era outra, sofri muito e aprendi que a cicatriz gigante que eu tinha acima do umbigo não er...