4.

253 15 0
                                    

Algumas vezes nossos olhares se cruzavam enquanto almoçávamos.

Meus pais não paravam de falar, enquanto eu e Noah ficamos a maior parte do tempo em silêncio.

Eu ainda tentava digerir (junto com a lasanha) as palavras que ele havia dito. Eu ainda tinha esperança que ele pudesse me ver como mulher ou que me desejasse de certa forma, afinal, estávamos no auge da puberdade. Porque não se interessar por mim? Assim como eu me interessei por ele.

Não, não aconteceu. Ele deixou bem claro. Talvez fosse o sinal para que eu desse mais atenção para outros caras, como o Paul por exemplo.

- vai ser legal, não é Amelia?

Pisquei algumas vezes ao escutar meu nome. Eles me olhavam, esperando que eu respondesse algo que eu nem havia prestado atenção.

- oque?

- eu disse que vai ser legal vocês estudarem juntos, filha. - respondeu meu pai

Olhei para Noah e engoli seco. Eu não queria ser rude com meus pais, mas também não queria mais. Eu não queria mais ver Noah todo o dia, como já acontecia no colégio e ainda em casa.

Apoiei o garfo no prato e encarei meu pai.

- pai, acho que não precisamos insistir nisso. Tudo bem se formos para faculdades diferentes, eu não me importo.

Noah se remexeu na cadeira assim que terminei de falar, mas não abriu a boca.

- pensei que queriam isso. Noah quer. - meu pai completou

Ele queria?

Noah ficou corado e aquilo me deixaria intrigada se as coisas não tivessem mudado entre nós.

- pra mim tanto faz. - dei de ombros e voltei pra minha lasanha

- vamos tentar. - completou minha mãe

Percebi que Noah sorriu discretamente, mas não quis olha-lo.

Depois do almoço minha mãe serviu a sobremesa e eu só queria ficar sozinha no meu quarto.

- vou subir.

Eu estava parada no início da escada, enquanto Noah falava algo com meu pai. Eles me olharam e eu não fiquei lá parada, então subi de uma vez, fechando a porta em seguida.

Joguei-me na cama e fechei os olhos.

Mas alguns minutos depois senti um peso extra na cama.

- ei dorminhoca.

Noah estava sentado ao meu lado e mexia em meu rabo de cavalo.

Suspirei alto e praguejei mentalmente.

- oque foi? - perguntei ainda de olhos fechados tentando não me deixar levar por aquela mão em meu cabelo

- semana que vem é meu niver, você sabe. - falou

- hum. - grunhi

- e vai ter festa na piscina do Paul. Talvez eu leve um bolo. - completou

- tudo bem. - murmurei

- você vai?

Abri os olhos e me levantei. Ficando de joelhos na cama.

- e por acaso eu já deixei de ir em algum aniversário seu? - perguntei encarando-o

Ele riu.

- não. - falou deitando na cama, com as mãos debaixo da cabeça

A visão do paraíso. Cretino.

Cicatrizes Onde histórias criam vida. Descubra agora