Acordei naquela manhã de Domingo achando que seria mais do mesmo. Mas não.
- o que aconteceu, filha? - perguntou minha mãe
Noah não havia aparecido para o almoço. Não me ligou, não mandou mensagem. Sumiu.
E como eu já havia tomado minha decisão de desistir deixei pra lá e não o procurei.
- nada mãe, porquê?
- Noah não apareceu hoje. - falou ajudando-me com a louça
- talvez ele esteja ocupado, só isso. - falei
- aquela sua viagem de formatura não é na próxima semana?
Levantei o olhar e fechei os olhos praguejando por dentro.
Eu havia esquecido.
- precisa comprar algo? Roupa de praia? - perguntou
O colégio fechou uma viagem por um fim de semana para um resort na praia. Íamos na Sexta e voltaríamos no Domingo a noite. Seria nosso último fim de semana como alunos daquela escola.
- acho que não, tenho o que preciso. Eu apenas esqueci. Droga. - resmunguei
- Combine com o Noah para irem juntos até o ônibus.
Minha mãe sorriu e saiu da cozinha.
Naquela semana que antecedia a viagem eu não teria aula, então foi uma semana tranquila.
Tranquila e triste.
Talvez toda a mudança que se deu nos últimos meses, depois que escutei aquela maldita conversa, fez nossa amizade diminuir.
Descobri que Noah não era quem eu achava que fosse, descobri também que ele nunca me veria com outros olhos, enfim, tudo mudou e acho que no tempo certo, porque felizmente (ou não) eu não veria Noah por muito tempo.
Quinta-feira eu comecei a arrumar minha pequena mala. Praia nunca pedia muita coisa, então uma mala era suficiente.
Eu estava entretida em separar as coisas pra levar quando meu celular começou a vibrar.
- oi Paul.
- oi gata. Fazendo?
- arrumando as coisas pra amanhã.
- quer ir comigo? Eu passo aí e vamos pro colégio juntos. O ônibus estará lá bem cedo.
- pode ser.
- e o Noah? Deu as caras? O cara sumiu!
- não. E eu também não quero mais saber, apesar de sentir saudade da amizade dele.
- sei... bom, amanhã a gente se vê.
- ta bom.
E desligamos.
Olhei pro mural de fotos que havia no meu quarto. Noah estava em quase todas as elas. A nossa amizade era verdadeira e naquele momento senti remorso por não dizer a ele o que sentia de verdade.
Apesar de tudo ele esteve lá por mim, quando eu mais precisei.
Talvez ele estivesse distante porque eu fui infantil. Eu não fui clara. E como disse meu pai eu sou prova viva de que coisas não podem ficar pra depois. Coisas precisam ser ditas, porque depois pode ser tarde demais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cicatrizes
RomanceVida não deveria ter esse nome, deveria se chamar "clichê". Pois é, a minha era assim, me apaixonei pelo meu melhor amigo, achei que ele era uma pessoa, mas era outra, sofri muito e aprendi que a cicatriz gigante que eu tinha acima do umbigo não er...