S.I.X

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Andrea's P.O.V:

Ainda me encontrava cara a cara com a tirana. Me encarava, aparentemente apreensiva.
— O que eu preciso saber, An-dre-a?

" An-dre-a ".

Sua voz soou como um chicote e dilacerou quaisquer pensamentos sanos que eu poderia ter. Miranda me causava alguns danos, muitos irreparáveis. Eu não era mais a garota de vinte e poucos anos que sonhava em casar com Nate e ter filhos.

— Bem, Miranda... — Suspirei. Procurei pelas palavras corretas, porém, tive um certo bloqueio. Não consegui formar frase alguma.

— Entendo, Andrea. Você não irá aceitar a minha proposta. Já era de se esperar, afinal, você nunca teve muita coragem.

Miranda calçava seus sapatos e já pegava a bolsa para se levantar.
Em um impulso, eu me levantei junto e, como uma tempestade, enfurecida e inconstante, resolvi contar a verdade:

— Miranda! Não ousa sair por esta porta antes de me ouvir. E o que eu vou dizer, não tem nexo algum e não tem a ver com a sua maldita proposta! A sua proposta, é o de menos aqui. Sente-se novamente nesta droga de sofá e cale-se, eu ouvi seus desaforos e vivi seu desafeto por anos!

Miranda arqueou uma das sobrancelhas e soltou uma leve gargalhada debochada; sentou-se novamente, tirou os óculos que estavam presos ao seu decote e levou uma das pernas do objeto aos lábios. O único som vindo da Dama de Ferro foi um discreto " hmn?! " e passou a me fitar atenciosamente.

— Eu não tenho psicológico para você, Mrs. Priestly. Eu lhe abandonei em plena Paris e até me arrependo do que fiz. Mas o meu problema, nunca foi o emprego, nem o glamour que você me deu, nem o reconhecimento, nem nada. Meu problema se chama Miranda Priestly. Que está sentada na minha frente, nesse exato momento. Você é a responsável pelo fim do meu relacionamento e pelo terror que andei vivendo. Todos os dias, Miranda, todos os dias, eu pensei e ainda penso em você. E em como você está. E em como você esteve. Me pergunto o que deve estar fazendo e qual o próximo coração que vai quebrar.

— Então você acha que eu sou a responsável pela sua insatisfação pessoal, Andrea? — Me perguntou.

Eu permanecia de pé. Pensei em desistir.

" Esqueça isso tudo, Andrea. "

Mas não podia. Eu já havia disparado a falar.

— Você foi a responsável por eu não ser mais a mesma pessoa, Miranda. Eu nunca mais fui a mesma depois de você. Eu esqueci de citar que isso tudo foi bom, Miranda.

Estremeci.

— O maior erro foi te-la deixado me dominar. Você nunca, sequer acreditou em mim ou me ouviu. Aliás, você sequer olhou pra mim sem dar ordens. Exceto quando tomávamos vinho. Mas isso, fez de mim quem eu sou hoje. E quem eu sou, não tem medo. E, por pior que você seja, eu ainda via e vejo algo bom em você, Miranda. Por trás da sua frieza e imponência. E é por isso que...

Meu coração havia disparado novamente. Minhas mãos estavam trêmulas.
Eu queria chorar. Gritar. Ou simplesmente desaparecer.

— Por isso que... Eu acabei me apaixonando por você, Miranda.

Senti que algumas lágrimas escorreram do meu rosto.
Miranda ainda me observava, mas não expressava absolutamente nada. Talvez estivesse processando a ideia.

Mea CulpaOnde histórias criam vida. Descubra agora