Andrea's P.O.V:
Olhei o calendário do computador. Sexta-feira. Uma sexta-feira pacata. Aliás, o ano havia sido pacato. Logo completariam dois anos longe da loucura chamada Runway.
Eu me sentia melhor.
Me sentia mais útil.
Me sentia mais respeitada.
Me sentia.
Já se passavam das duas da tarde.
Um tilintar repentino e um zumbido abafado.
— Droga de celular.
Em seguida, mais duas notificações.
Chequei as mensagens.
" Nigel? "
Expressei confusão.
" Querida! Sinto sua falta. Esta revista está cada vez pior. " — Dizia a primeira mensagem.
" Mas, trago novidades! " — A segunda.
" Me passe seu endereço e me dê a honra de uma visita acompanhada de um vinho. " — A terceira.
Arqueei a sobrancelha e hesitei por alguns instantes.
Deveria?
Bem, ao menos eu teria um programa para hoje ou amanhã. E, ver Nigel, renderiam boas risadas. Saber fofocas, também. Ok, ele venceu.
" Quais as novidades? " — Respondi.
" O endereço é 666 Greenwich Street, apartamento 956. "
Deixei meu celular do lado e chequei o computador. Todo meu trabalho já estava pronto.
Ao menos, Miranda havia me ensinado a não procrastinar. Sempre estava adiantada com tudo.
" Excelente qualidade, Andrea. "
Café cairia muito bem.
Me levantei da minha mesa, após bloquear o computador. Alcancei a bolsa e tirei de lá um pequeno espelho que refletiu a janela do prédio onde eu trabalhava. Chequei o batom. Em perfeito estado. Os cabelos, também. Uma leve olhada para a roupa: Trajava um blazer azul marinho e riscado, com a calça social e alta, do mesmo estilo, acompanhado de uma simples camisa branca e, peep toes da mesma cor. Poucos acessórios, apenas um colar e, relógio. Aquela era eu. Agarrei a alça da bolsa.
O café me aguardava.NIGEL'S P.O.V:
Não sabia se a ideia de enviar uma mensagem tão sucinta para Andrea poderia funcionar. Não trocávamos muitas palavras, por falta de tempo, provavelmente. Havia a visto em um almoço há mais de três meses. Bem, agora é apenas esperar a sua resposta.
Uma notificação me anima.
Peguei rapidamente o celular para checá-la.
" ANDREA! "
Vibrei. Comemorei. Senti vontade sair correndo, mas, precisava me manter sério. Eu não fazia ideia do que Miranda pretendia, porém com certeza, teria confusão.
Saí rapidamente em busca do elevador mais próximo. Apertei o andar correspondente á sala de Miranda. Respirei fundo.
Após alguns instantes, estava em frente á porta da sala da Dama de Ferro. Dei algumas batidas.
— Entre. — Soou a sua voz.— Com licença, Miranda. — Pedi, enquanto abria a porta e andentrava o local.
— Estou com o endereço de Andrea. Aqui está. — Coloquei o bilhete sobre sua mesa. Rapidamente, o pedaço de papel foi pego e observado por trás da sua armação charmosa, pelo seu par de olhos azuis.
— Sugeri que eu tomasse um vinho com ela, Miranda. — Revelei — Sendo assim, eu posso conseguir informações dela.
— Você não precisará brincar de espião, Nigel. Quem irá tomar o vinho, sou eu. Em carne e osso. Quero Emily em cinco minutos. Isto é tudo.Miranda virou-se de costas para mim.
Eu estava desacreditado.
— M-miranda... - Gaguejei, tentando encontrar uma forma de abrir uma conversa mais profunda.
— Emily em cinco minutos. — Me interrompeu.
— Sim, Miranda. Com licença.Saí rapidamente pela porta, para procurar por Emily.
" Diabos, Miranda! Por que não deixa as coisas como estão? "
Avistei a ruiva, falando ao telefone, sentada na sua mesa.
— Miranda quer vê-la em cinco minutos.
Segui para o elevador, balançando a cabeça confusamente.MIRANDA'S P.O.V:
Cinco minutos e novas leves batidas na porta.
— Entre. — Falei; Em seguida, ali estava Emily.
— Sim, Miranda? — Se prontificou.
— Desmarque todos meus compromissos para hoje. Me compre um vinho da melhor qualidade possível. Mande preparar o motorista. Ligue para minha casa e avise que eu não terei horários. Isto é tudo.
— Sim, Miranda.
Vi a apenas a silhueta de Emily saindo da sala.Me virei novamente de costas, para que pudesse contemplar a paisagem da selva de pedra nova iorquina. Tirei meus óculos e, eu tinha a péssima mania de trazer sempre uma das pernas do acessório aos meus lábios. Meus pensamentos correram soltos e imprecisos:
" Eu gostaria de ver o futuro, prever qual seria a reação de Andrea. Eu gostaria de ter o domínio sobre meus pensamentos, sobre a ansiedade, sobre essa história mal acabada. Touché, Miranda! Aja como se nada estivesse acontecido. Aja como sempre agiu: Como um general de guerra, com um vazio no peito e se escondendo atrás da imponência. Seja você, acima de tudo, ou melhor, a Dama de Ferro.
Domine o que você sente, Miranda Priestly. São apenas sentimentos, eles não são tão fortes quanto a sua razão. São demônios que precisam ser exorcizados e, bem, uma garotinha de vinte anos não é nada intimidadora perto da sua meia idade, Miranda.
O amor é um paradoxo e não faz nenhum sentido. Você não vive um conto dos irmãos Grimm e você mora em N.Y. Isso não existe. Você não tem tempo para isso, Miranda.
As paixões tornam os humanos tolos e fracos.
A esperança torna os humanos os piores idiotas.
Você não se tornou amarga, você apenas não experimentou este doce.
Mas, você não sabe o que sente.
Não! Não, Miranda!
Você sabe o que sente.
Mas você é incapaz de admitir;
Ou, você é tão insensível que mente para si? "Voltei á mim com o barulho irritante da notificação no telefone.
O peguei rapidamente.
Nigel.
" Você tem certeza, Mrs. Priestly? "
Fechei a barra de notificação do aparelho.— Eu tenho certeza.
Sorri.
Nota da autora:
Espero que gostem do capítulo. Tentarei não demorar, mas, ás vezes a vida se complica.
Beijos á todos os leitores.Att.
Liev.
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Mea Culpa
RomanceDepois que Andy deixou para trás toda a sua carreira na renomada Runway, ela segue uma vida normal, como almejava. Uma visita inusitada promete colocar tudo a perder.