O que você faria se recebesse poemas anônimos?
Frank Zhang sempre estava cansado. Cansado de tudo. Cansado da faculdade, cansado do trabalho, menos de admirar Hazel Levesque, a moça dos olhos dourados e coração partido que sempre visitava a cafeteri...
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Quando o professor de Frank Zhang anunciou que eles teriam de fazer um trabalho agendado para semana que vem, o garoto quis morrer.
Ele estava totalmente ferrado.
Além de ter que arrumar tempo para fazer o maldito trabalho, teria que equilibrar isso com suas horas de trabalho na terra dos deuses, seu sono, sua malhação e seu tempo livre pra respirar e, quem sabe, rever Vovó Zhang. Aparentemente, tudo estava um caos e ele estava ali, ao lado do furacão.
Ele estava acompanhado do caos justamente por não ter conseguido prestar muita atenção naquela matéria específica em nenhuma mísera aula. Quando o professor começava a falar com sua voz aguda e agitando suas mãos de forma espalhafatosa, o cérebro de Frank desligava e começava a vagar por qualquer outro lugar que não fosse aquela sala de aula.
Bateu o punho quase sem força em cima da mesa em sinal de relutância, engoliu seus xingos direcionados ao professor e retirou a mochila do chão, firmando-a em seu ombro. Aquela seria sua última aula da manhã, ainda teria que correr para sua aula à tarde e por sorte, aquela noite ele estava livre.
Correu pelos corredores do prédio em que estava, passando pelas portas das enormes salas de escultura, literatura, até a sala de filmes, onde vários estudantes viam filmes e faziam redações críticas de dez páginas.
Desceu os andares com pressa e colocando como prioridade não se atrasar para o trabalho. Depois de finalmente sair do prédio e passar na frente do primeiro refeitório, andou mais um pouco e já pode ver as letras douradas reluzindo ao lado da enorme porta de vidro.
Olimpo Café.
Riu baixo encarando o slogan idiota, pelo menos, ele tinha uma garantia de risada todos os dias. Acenou para Lou Ellen que estava no caixa, uma garota grega que por acaso arrumou trabalho ali.
A fisionomia cansada de Zhang se atenuou, os olhos pequeninos sendo surpreendidos com a luz forte, piscando algumas vezes para se acostumar com a claridade. Frank vestiu o uniforme com pressa, abotoando errado a grande camisa branca de manga curta. Ajeitou o cabelo militar com os dedos e correu até o caixa, onde Lou fez um sinal positivo com as mãos e sussurrou um "você demorou, garoto".
Frank revirou os olhos e logo assumiu o caixa, anotando pedidos e mais pedidos de alunos matando aula e alguns em seus devidos intervalos. Suspirou, cada vez mais entediado pelo trabalho monótono.
Frank queria ser veterinário, adorava animais com todo o seu grande coração. Já pensou em procurar trabalho como um auxiliar, mas sabia que não conseguiria. Ele acreditava que não tinha diferencial nenhum para convencer alguém a lhe contratar. Tragou uma quantidade enorme de ar, talvez tentando explodir sua frustração de oxigênio.
Ele já cuidou de vários animais, e realmente tinha jeito até com os mais ferozes. Quando era mais novo, oferecia serviços de banho em animais em troca de um dinheirinho de vez em quando, e era bom. Mas sentiu que começou a decair nas notas, e então parou e focou nos seus estudos para garantir uma vaga em Nova Roma, pelo menos. Suspirou forte com o rosto cansado cada vez mais evidente.
