Cap III

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"Nota da Mary: e mais um, espero que gostem, de novo >///<

Boa leitura~"


         

               Os sons a sua volta pareciam em segundo plano e havia sangue.

               Muito sangue.

               As roupas, o chão... Tudo manchado com o tom carmesim. O cheiro o deixava tonto e enjoado. Não queria mais olhar para a cena em sua frente. Não queria mais olhar para o rosto branco como papel da pessoa em seus braços. Por que tinha que ser ele? O que tinha feito de errado para merecer aquele fim?

               Sabia que devia sair dali. Se mover e deixar tudo para trás, simplesmente fugir, mas sentia seu corpo pesado demais para qualquer movimento como se tivesse tomando um monte de remédios de dormir.

               Um vulto na escuridão o fez tentar olhar naquela direção e podia jurar que sentiu até mesmo o vento soprando de uma janela em algum lugar da construção como se sua pele tivesse mais sensível que o normal e tudo estivesse em câmera lenta, como a cena de um filme de terror. Por mais que nos filmes parecesse legal o efeito, naquele momento chegava a ser claustrofóbico por não conseguir controlar bem nada ao seu redor como queria e precisava.

               Prendeu a respiração quando o vulto se mexeu pisando em alguns cacos de vidro que estalaram tão alto que lhe causou arrepios ao ecoar pelos corredores destruídos. Tentou soltar o corpo em seu braço, mas ainda não pode se mover.

               -Estou sonhando... – murmurou para si mesmo.

               Tinha que ser um sonho. Se lembrava de ter tomado alguns remédios e deitado na noite anterior esperando dormir rápido e quando não conseguiu ficou lendo alguns capítulos do livro que precisava para as aulas das próximas semanas até que não viu mais nada. Isso era prova de que estava dormindo e aquilo era um sonho. Por isso continuou repetindo aquilo como uma ladainha tentando se convencer e acordar.

               -Quem sabe? – a voz nas sombras lhe respondeu.

               -Por quê? – finalmente conseguiu mover a cabeça mais rápido e encarar diretamente os olhos na escuridão – Por que estou aqui novamente?

               -Não podemos fugir do que somos, Angel.

               Seu corpo se retesou com aquele nome e ainda mais com o toque em seu rosto, como se uma mão invisível o acariciasse. Tentou escapar só para perceber que já não tinha ninguém em seus braços, mas ainda havia sangue. Por sempre tinha que haver sangue?

               -Por que tem medo de mim? – a voz parecia tão triste que por um momento se sentiu confuso.

               -Eu não tenho... – apertou os olhos pensando, será que não tinha mesmo? Nem sabia quem era como poderia saber seus sentimentos sobre?

               O vulto deu mais um passo em sua direção e finalmente conseguiu divisar aquele rosto que conhecia tão bem. Bem o bastante para sentir o estômago embrulhando de medo, um medo que parecia algo muito pior, mas não conseguia lembrar o que como se até mesmo seus pensamentos e sentimentos fossem limitados por aquele maldito sonho.

               -Você tem medo sim e ... – parecia irritado e triste ao mesmo tempo - Prometeu que me protegeria! Você...

               A palavra ficou engasgada quando os olhos se arregalaram antes de se tornarem vítreos e opacos. Uma mancha escura apareceu em seu peito ficando maior a cada segundo, sangue foi cuspido e manchou os lábios dele e mais uma vez como se estivesse em câmera lenta o corpo pendeu para frente até cair de joelhos. Com um último olhar na direção de JeongHan ele desabou pesadamente no chão o manchando com ainda mais vermelho.

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