Um encontro.

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Tentando se acalmar, ela tira uma garrafa de refrigerante da bolsa e a abre, antes que tivesse tempo de lembrar, o refrigerante derramou em tudo, ela se esqueceu de que o refrigerante foi sacudido antes, mas já era tarde demais, seu conteúdo espirrou em seu colo, na janela e pra seu horror no jornal do passageiro da frente, que por sua vez escorria até o colo. Arregalando os olhos já grandes, ela tira da bolsa um pacote de lenços e começa a limpar o liquido das pernas do rapaz, se desculpando a cada milímetro que tentava seca-lo. O homem dobra seu jornal molhado, deposita-o no banco ao lado e surpreso ele segura as mãos da mulher, quando ela já ia limpando suas coxas. Quando a mulher se deu conta do que fazia, soltou um gritinho e se afastou rapidamente de suas coxas que ela notou ser firme por baixo da calça jeans que ele vestia, envergonhada ela lhe entrega um punhado de lenços e se desculpa novamente, ela pegou mais lenços e passou a limpar a própria roupa e a janela o melhor que conseguiu.

Depois de fazer o possível pra tirar a mancha da blusa, ela olha para o homem para se desculpar melhor, e fica surpresa com sua beleza, ele tinha um sorriso no rosto enquanto limpava sua roupa, distraído passava as mãos vez ou outra por aqueles cabelos de aparência sedosa, que deu muita vontade de tocar, os óculos estavam caídos no nariz que era um pouco pronunciado no rosto, o que não o deixavam menos sexy, pelo contrário, realçou sua beleza de uma forma que ela nunca imaginou ser possível, ele vestia uma camisa branca, de mangas compridas, repuxada até os cotovelos, uma calça jeans escura, e tênis cano alto também brancos, quando ela levantou os olhos de sua analise dele, ele a encarava esperando, e ela arfou surpresa, os olhos dele eram de um azul bem claro, ela nunca vira nada igual. Se dando conta que ela estava encarando por tempo demais, ela desviou o olhar para suas mãos. Ao o ouvir rir, ela volta a olhar pra ele.

_Me perdoe por ter derramado o refrigerante em você, eu tinha me esquecido que o tinha derrubado antes de embarcar.

_Não se preocupe com isso, quem mais sofreu danos foi o jornal. E lhe aponta o jornal ao lado.

_Assim que chegarmos à estação eu te comprarei um novo exemplar.

_Não precisa, estava só brincando, eu já tinha acabado de lê-lo antes.

_Mesmo assim vou te comprar outro, não me sentiria bem com isso.

_Eu aceitaria um café no lugar do jornal, se você quiser me compensar tanto assim.

_Tudo bem, te pagarei o café então. Nem me apresentei direito com toda essa confusão, meu nome é Sofia Dias, meus amigos me chamam de Sofi. Ela estende a mão pra ele com um sorriso amigável.

_O meu nome é Tiago Dante, é um prazer conhece-la; ele também estende a mão.

_O prazer é meu. Eles trocam um aperto de mão e um sorriso. Ela pede licença a Tiago e se encaminha ao banheiro.

Quando ela volta algum tempo depois, para seu alivio, ele não estava em seu assento, ela se senta e algum tempo depois ela recebe duas mensagens no celular, ela pega o celular e verifica de quem são as mensagens, a primeira é de seu amigo Teo lembrando-lhe da festa de seu aniversário na semana seguinte, e a chingando por ter ido viajar sem ele. Ele era seu melhor amigo, desde o fundamental, era como um irmão que ela nunca teve, e sempre fora carinhoso com ela. A segunda mensagem era de Cloe, sua colega de trabalho:

"Sofi, fiquei sabendo que você não conseguiu encontrar o agente do Ângelo Pinheiro, por culpa do estagiário, ele se distraiu e enviou o endereço errado para o seu e-mail, a Veridiana quase o despediu de tão brava que ficou. Coitado do Fernando, até chorou no banheiro depois, ela está deixando todos loucos aqui, então eu consegui contato com o agente dele, e ele vai te encontrar em Pucón daqui a dois dias, eu deixei seu numero de telefone com ele e ele vai entrar em contato lhe passando o local e hora certa do encontro, então pelo amor de Deus você tem que conseguir esse projeto dessa vez, ou estaremos todos perdidos, estamos contando com você. Aguardo boas noticias beijos."

Ela respondeu as duas mensagens rapidamente, e bocejando ela recolocou os fones de ouvido, encostou-se à poltrona e adormeceu.

Quando Tiago retornou ao seu assento, e a encontrou dormindo profundamente, ele tinha decidido ir almoçar, e dar um pouco de espaço para a moça, agora que conseguiu vê-la melhor, ela era ruiva, tinha umas poucas sardas no nariz e bochechas, seus olhos estavam fechados, mas ele ainda se recordava da cor verde intensa de seus olhos grandes, que contrastavam lindamente com o ruivo de seus cabelos, ela o prendia em um coque alto, por isso não dava para descobrir o comprimento deles, ela vestia uma blusa de cor verde, com uma calça social preta. Enquanto ele observava cada detalhe sobre ela, o sol entrou pela janela e iluminou-a, sua pele era tão clara, que ele se lembrou de bonecas de porcelanas antigas, e por um momento ele pensou nela como um anjo adormecido.

Quando Sofia acordou, já estava no final da tarde, e sua barriga reclamou de fome, cansada ela pulara o almoço, e com certeza não iria encontrar o restaurante aberto há essa hora, ela olhou para Tiago que dormia em frente, sua respiração suave, e calma, ela olhou para seus lábios que antes não reparara, era carnuda em um tom rosado, quase sem perceber ela molhou os seus. "Devo ter ficado louca, só pode" ela pensa, voltando a si, quando escuta pelos alto-falantes, que faltavam cinco minutos para chegarem à cidade de Chillán, ela junta seus pertences, dá uma ultima olhada para um Tiago adormecido, ela pensa se deveria acorda-lo ou não, mas acaba optando por não, e sai em direção à saída mais próxima olhando uma última vez para trás.

Se for com você, ficarei felizOnde histórias criam vida. Descubra agora