Se for com você, ficarei feliz

...já mora dentro da gente.

Tiago não sabia como reagir, um misto de emoções e pensamentos vinham a sua mente, por alguns minutos ele ficou ali parado, só absorvendo essa notícia. Durante todo tempo o velho aguardava calmamente, e por fim Tiago se recompôs.

_Eu nunca conheci meus pais, a única coisa que tenho é uma carta que foi deixada comigo no orfanato, como pode ter certeza só pelo meu nome?

_Vou te contar tudo sobre seus pais e como eu descobri que você estava vivo. Mas antes deixa eu me desculpar primeiro com a forma que eu o trouxe até aqui.

_Porque fez isso?

_Eu não tive escolha, se eu fosse reconhecido por alguém, me causaria uma dor de cabeça que no momento não quero arriscar. Então tive que trazê-lo discretamente. Deixa eu me apresentar primeiro, me chamo Anthony Sarleno Júnior, ou conhecido apenas por Tony, prazer em finalmente conhecê-lo. Ele estendeu a mão.

Tiago aceitou-a por reflexo, ele estava ainda mais confuso que antes.

_Você já conheceu Sebastian antes né, ele é filho de minha filha mais nova Helena sua tia.

Tiago olhou para Sebastian, que na menção do seu nome, prestou atenção na conversa, ele sorriu e deu de ombros como quem se desculpa, e voltou a mexer no celular. Tiago tornou a olhar para Tony, que tinha começado a tossir e respirar com bastante dificuldade, ele se ajeitou de forma a ficar sentado, e pegou do seu lado uma máscara com oxigênio, e respirou por alguns momentos.

_Desculpe, minha saúde não é mais a mesma.

Ele apoiou a máscara no colo e começou sua história.

_Helena era bem jovem quando Martin fugiu de casa, então não se lembra muito de seu pai, ele era um homem gentil, quando mais novo era uma criança calada, mas quando chegou à adolescência, sempre se metia em confusões. Nossa família mora em San Bernardo, no Chile, não vou entrar em muitos detalhes sobre nossa família por ora mas, irei contar o que aconteceu antes de vocês nascerem. Ele olhou pra mim e Sebastian.

Ficou em silêncio, se perguntando por onde começar.

_Quando seu pai tinha 16 anos, ele se apaixonou por uma estrangeira, que foi trabalhar em nossa casa, seu nome era Emília, por muito tempo, os dois guardaram segredo, então eu nunca soube do relacionamento deles. Um certo dia, Emília escutou sem querer uma reunião da família, que era proibida a todos os empregados, com risco de morte certa. ela com medo de ser morta, ela tentou fugir sem ser vista, mas meu pai, a descobriu e mandou seus homens atrás dela. Ele era um homem que não confiava nem em sua própria sombra, então desconfiou que ela era uma espiã de uma família inimiga. Por isso, ele mandou a torturarem, até ela confessar tudo que havia descoberto espionando eles. Uma outra empregada, amiga de Emília e que sabia do envolvimento dos dois, correu até Martin implorar por ajuda. Desesperado, ele foi até a mim, implorando para eu salva-la. Eu neguei ao pedido insano que ele me fez, não iria arriscar minha vida por uma mulher que nem conhecia. Ele então me confessou o relacionamento dos dois, e disse que já planejavam fugir em três dias, pois ela descobriu que estava grávida, e sabia que eu não permitiria ele se casar com ela. Eu fiquei realmente zangado com a revelação desse segredo, não porque ela estava grávida, mas sim com a fuga que ele havia planejado. Ele ajoelhou diante de mim e implorou por ajuda com lágrimas escorrendo pelo rosto em desespero, eu temia pela vida do meu filho, mas sabia que mesmo que eu o prendesse a força e o impedisse de ir tentar salvá-la, se ele a perdesse, seria apenas uma casca vazia e infeliz. Pensando somente na felicidade do meu filho, por fim concordei em ajudar. Ele me agradeceu e me prometeu que iriam fugir para bem longe, e que ninguém iria descobrir onde eles estavam.