Os 3 próximos dias foram fáceis de se fingir ser a namorada de Dylan.
Saímos de mãos dadas, tomávamos o café rindo igual um casal de recém namorados, fazíamos as atividades ( a que eu mais gostei foi a atividade em que eu recebia 2 horas de massagem no spa natural). Tudo estava bem, até não literalmente tudo desandar.
— Você é doente?! Um egoísta, idiota, canalha!— Eu dizia com as palavras soltando pela minha boca sem parar.
O tempo estava tão bom quanto o meu humor naquela tarde.
Nós acordamos com uma manhã agradável de sol e rapidamente após o café da manhã fomos chamados para um grupo que ia conhecer o ambiente de bicicleta. E, antes que você me pergunte como eu ia fazer isso, a ideia era uma bicicleta de casal.
Eu sei, totalmente brega.
No entanto, esse não tinha sido o motivo da minha raiva. Eu estava disposta a tentar andar de bicicleta e, até certo, eu andei de bicicleta com Dylan. Porém, depois de 30 minutos pedalando gotas começam a cair e nós e o pequeno grupo de ciclistas nos abrigamos por debaixo de uma tenta de madeira.
— Quem diria que iria chover hoje— Dylan dizia enquanto me ajudava a tirar o capacete.
— É— foi o que respondi.
O barulho da chuva ficava mais forte e eclodia em meus ouvidos, e depois de 15 minutos de espera uma van acabou chegando para buscar a gente.
— Dylan amigão!- Alguém dizia com um tom engraçado— Eu fiquei sabendo que você tinha voltado para cá, porém não tinha te visto ainda!— Ele prosseguia e ouvir Dylan correr na chuva.
— Aaron, você ainda está aqui?!— Dylan dizia com um tom animador.
Depois de entrarmos todos na van eu descobri que Aaron, o motorista, era um amigo de Dylan de Cottage. Dylan havia se sentado na frente e eu na fileira de trás ao lado de um garotinho que supus ter uns 9 anos.
— Porque seus olhos são brancos?— O menino perguntou.
— Caleb! Quieto, é feio ficar fazendo perguntas assim... me perdoe, ele não sabe o que fala— Ouvir uma mulher dizer com um tom firme em sua voz, devia ser a mãe.
— Tudo bem, foi em um acidente.— Respondi a criança.
— Que tipo de acidente?— Ela voltou a perguntar.
— De carro— Foi a única coisa que respondi e, talvez eu tenha sido insensível naquela hora em minha resposta, no entanto, era tudo o que eu queria responder.
A criança não falou mais nada diretamente a mim, contudo, eu juro que a ouvir cochichar com sua mãe algo sobre '' mamãe, a gente pode descer da van? Eu não quero ter olhos assim e se a van cair?!''
E depois que a mãe havia esclarecido ao menino sobre como a van era segura, não havia mais conversa na van. Fora Dylan e Aaron que parecia duas amigas se reencontrando e colocando papos em dia.
— Então, vocês estão juntos a muito tempo?— Ouvi Aaron perguntar em um tom baixo e fingir cochilar para que não notasse que ouvia.
— O tempo é relativo...— Foi a resposta de Dylan.
— Achei que você tivesse ido para lá resolver o problema do...
— Cale a boca! Eu não quero que ninguém ouça— Dylan disse e por um instante eu tenho certeza que ele se virou a mim para ter convicção que estava dormindo.
— Me desculpe, mas sei lá... você saiu daqui aquele dia tão...perturbado... eu não imaginaria você voltar aqui para ter férias e com a sua namorada.—Ele voltou a dizer.
Um estrondo de trovão forte foi ouvido o que fez leves murmúrios na van.
— ... Ela ainda não sabe e, eu ficaria grato se você e sua linguá de matraco não falassem nada.— Dylan respondeu em um tom sério.
— Falar o que? Que você trouxe sua atual namorada para sua casa onde sua ex mora?— Aaron respondeu e eu podia ouvir Dylan dizer um rápido cale a boca e Aaron rebater que ninguém tinha ouvido.
Porém eu já tinha ouvido. E, parte de mim já sabia de quem se tratava.
Nos últimos dias era nítido a intimidade entre Dylan e Léia. Parte de mim queria esgana-lo por ser tão idiota, no entanto, eu não faria isso em público. Se eu matasse, teria que fazer no privado para que ninguém ao menos descobrisse que tinha sido eu.
Nós descemos e ainda tinha uma pequena caminhada até nossa cabana.
— Alana, porque está indo tão rápido?!— Ouvir Dylan reclamar enquanto andava a passos largos.
Não respondi.
— Alana, a madeira está molhada você vai...— Não teve tempo de terminar e eu estava escorregando e caindo. Dylan foi mais rápido e conseguiu me segurar.— Viu, porque você não me ouve?!— Completou dizendo.
— Me solta— Me desvenciei dele e continuei andando.
— Pode parar e me ouvir?!— Ele disse.
— Dá ultima vez que minha família te ouviu você teve a brilhante ideia de me trazer para a casa da sua ex namorada— Eu disse entrando na cabana e trancando a porta antes dele entrar.
— O que?— Ele diz com uma voz confusa.
— Você ouviu bem.
— Me deixe entrar que eu explico... isso é passado, Alana!
— Você é doente?! Um egoísta, idiota, canalha! — Eu dizia com as palavras soltando pela minha boca sem parar.
— Do que você está falando? Você que me trancou aqui fora, se tem alguém doente aqui e você!
— Pelo menos eu não engano as pessoas!
— Eu não enganei ninguém!
— Então foi coincidência você querer vir justamente aqui, onde está sua ex namorada?!
— Isso não tem nada a ver.
— Pois para mim se parece que você veio aqui para reconquistar alguém!
— O que?!... Não! Se você abrir a porta eu posso explicar...
— Explicar o que? Que você trouxe sua namorada pra sua casa com sua ex?!
— Para começarmos... nem namorados nós somos.
Tudo bem, preciso admitir que isso foi como um tiro no estomago.
— Aaata! Você se esqueceu que todos pensam que somos?! O que eles vão falar!
— Eu não dou a mínima para o que falam!
— Pois eu sim!
— Alana, pelo amor de Deus, deixa eu entrar que a chuva tá forte e eu te explico tudo que você quiser
— Pois eu não quero nada de você, porém, se tá querendo tanto entrar que entre!— Digo abrindo a porta e enquanto ele entra eu saio correndo da cabana.
— Onde você está indo?!— Ouço Dylan gritar— Alana...Alana! Volta aqui é perigoso sair assim!
Seus gritos ficavam mais fracos a medida que eu corria sem rumo. Eu sabia que ainda estava na trilha por causa do piso de madeira e das proteções laterais.
Eu estava literalmente encharcada e exausta. O que me vez eu parar em meio a chuva mesmo para descansar.
— Alana...Alana!— A voz de Dylan voltava a dizer e demoro um tempo até entender que não era minha imaginação.
Droga!
Foi a única coisa que veio em minha mente.
Eu estava literalmente desesperada e, talvez por isso a chuva e meus neurônios não estavam funcionando corretamente. Tudo o que queria naquele instante era ficar longe de Dylan.
Pensando nisso, como ultima media eu saí da trilha e entrei totalmente a merce de uma mata fechada.
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Num piscar de olhos
Lãng mạnAlana é possuidora de um universo que orbita sua mente e um arsenal de por quês ela continua em terra firme. Em uma tragédia na sua vida ela se vê em sua nova super-família, os Jackson's, que apesar de distribuírem tudo que ela precisa o mais necess...