É como um vício. Pensar nela.
É quando mais estou despreocupada, indefesa e esquecida que ela surge: tão bela quanto o nascer do sol em meus pensamentos. Loira, clara e macia. A própria Vênus surgindo do mar em uma concha como um presente obscuro para o meu subconsciente. Um lembrete de tudo que fizemos. Inesquecível e irrevogável.
- Ragazza... - Pisco repetidas vezes ao ouvir o meu marido chamar e trato de afastar a imagem da francesa da cabeça. - Está frio... Não quer vir para dentro?
Desvio o olhar da baía lá embaixo e apoio a base das costas na grade de metal para encara-lo. Ele caminha até mim com o roupão meio aberto e seu sorriso faz meu coração se encher com um calor descomunal.
Eu o escolhi. E não interessa se minhas escolhas me fazem perder o sono. Foi o certo a se fazer. Era o que precisava ser feito.
Laurence e eu viemos para Nápoles assim que a Milão fashion week acabou.
Estamos hospedados há três semanas na imensa mansão de seus pais no topo de uma alta colina que nos garante a vista mais encantadora de todo o continente Europeu. Sem hipérbole. A baía, a praia, os barcos ancorados e as construções coloridas são o conjunto paisagístico mais adorável e ''italiano'' que conheci. Me encantei pela cidada na primeira vez que a vi, em minha lua de mel, e agora aproveito para conhecer mais afundo sua história e sua culinária, passeando pelos centros históricos e visitando todo e qualquer restaurante.
Mas como era de se esperar, meu lugar favorito se tornou a varanda do quarto que divido com Laurence, que além da vista, me faz ter contato com a brisa mais pura e fresca que já penetrou em meus pulmões. O cheiro de água, sal e peixe tempera tudo com mais uma pitadela de emoção.
- Já vou, amore mio. - Passo os braços em seu pescoço e beijo a pontinha do seu nariz fino. - Só estou tomando um ar.
E relembrando meus pecados.
- Parece perdida em pensamentos. - Tento não surtar com sua indagação repentina, mas felizmente seu sorriso me parece tranquilizador. - Dou um euro por todos eles.
Acho que você não gostaria de saber o que frequentou meus pensamentos nas últimas semanas, amore mio.
- Me sinto ofendida com a oferta. - Levo a mão no peito, teatralmente. - Sou uma mulher cara. Creio que meus pensamentos devem ser mais valiosos nesta parte do mundo.
- Não quis ofender, minha rainha. - Ele finje uma reverência desajeitada ao se render a brincadeira. - Devo perder a mão por meus crimes?
- Creio que esta punição não será possível, Sor. - Pego sua mão e a seguro diante dos olhos antes de levar um de seus imensos dedos até a minha boca. Laurence observa a tudo fascinado e geme baixinho quando a introduzo pela fenda do meu roupão até o ponto pulsante entre minhas pernas. - Tenho muitos planos que envolvem sua mão intacta.