26 Capítulo

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- Cheguei - Damon diz sentando-se na mesa quase caindo, o que me faria ri em outra situação. Vejo algumas pessoas que estão na sorveteria olhando-o e reconhecendo.

- Pontual - Digo olhando o relógio.

- Posso pedir um sorvete?

- Pode começar a contar?

- Não posso tomar um sorvete? - Damon pergunta nervoso, batucando com os dedos na mesa.

- Vai então Damon.

    Damon levanta meio sem jeito e vai até o atendente pedir um sorvete. Não vem se sentar quando o homem vai buscar o que ele quer. Fica lá aguardando, consigo ver seu nervoso, seu medo ou seja lá o que está sentindo. Quando o homem finalmente volta com seu pote, ele fica dois segundos a mais parado olhando para o homem que fica sem entender, então agradece e se vira para me olhar. Caminhando até a mim, senta-se e abre o bote de sorvete, colocando uma colher cheia na boca. Apenas observo sua atitude, vendo seus olhos azuis me encarando.

- Pode começar - Digo me encostando na mesa.

- Pode ser no carro?

- Ai meu saco - Digo me levantando bruscamente e caminhando até a saída.

Escuto seus passos vindo atrás de mim, caminho até o volante e entro me sentando, vejo Damon se arrastar até o banco do carona, ele senta e começa a comer novamente o sorvete sem me olhar. Depois se vira para mim.

- Não sei o que Cristal disse para você...

- Disse nada.. só agiu e falou como se vocês tivessem algo. E pelo visto sim.

- Katherine tem coisas do meu passado que eu me arrependo - Damon diz se virando para me olhar - Eu a trouxe para cá, dei uma vida para ela diferente. Me sinto responsável por ela.

- Mas por que responsável? por que ela ficou grávida?

- Não, me sinto responsável porque eu fui o culpado de ela perde o nosso filho - Damon diz se virando para me olhar nos olhos, nunca tinha visto eles tão escuros, como naquele momento.

- Oi? Não entendi, por favor pode começar do começo?

- Vou começar do começo - Damon diz, e então abre a porta do carro e jogo o sorvete no lixo, quando volta ele bate forte a porta e se vira para mim - Quer saber  a verdade? então vou te contar. A verdade Katherine, é que não sou bom e nunca vou ser bom.

- E por que não?

- Eu a conheci em Portugal, como não se apaixonar por aquela morena? Quando bati o olho nela, me senti totalmente louco. Porém sempre fui um filha da puta e ela tinha problemas, seus pais não ligavam muito para ela e meio que tentavam vende-la para conseguir as  coisas para dentro de casa. Quando descobriram de mim, não deram mole. Jogaram e eu a peguei. Eu a tratei mal, expulsei ela de minha casa em Portugal inúmeras vezes, sozinha, sem nada. Ela já sofreu tanto por mim. Até que engravidou - Damon se vira para o outro lado e ver as pessoas saindo da sorveteria, mas logo depois sua atenção se volta para mim - E sabe o que eu fiz Katherine?

- O que? - Digo olhando seus olhos que mostram raiva.

- Mandei que ela tirasse, não queria uma aberração, não queria um filho com uma mulher que não amava, eu a odiei e a fiz mal ainda mais. Mas ela nunca saiu do meu lado, sempre tentando ver meu melhor lado assim como você. Mas não sou sempre controlado, tem horas que sinto vontade... - Damon não completa a frase e eu também não peço que termine - Então um dia ela estava em minha casa, eu estava muito bêbado, ela já estava com uns três meses, quando fui tomar banho e ela veio me ajudar. Mas eu não queria ajuda, discutimos, ela se virou e escorregou no boxe. E o resto eu não preciso completar.

- Se ela perdeu o filho, quem é esse que ela disse?

- Cristal vem de uma família muito pobre, quando perdeu o bebê eu me senti mais do que responsável por ela. Então tentei fazer tudo para agrada-la, mas ela não queria olhar para minha cara. Eu não queria que ela perdesse, mas mesmo assim fui culpado por sua queda - As mãos de Damon começam a tremer, o que me deixa nervosa de ver ele desse jeito, seus olhos parecem voar no tempo, onde tudo aconteceu e é como se estivesse passando em um campo minado, pego minha mão e coloco sobre a sua, que está gelada, ele se surpreende, aperto-a - Ela sempre foi muito misteriosa sobre sua vida antes de mim, nunca contou nada. Conforme o tempo, ela ficou bastante depressiva, então procurei maneiras diversas de me desculpar, sabendo que não se tem como. Quando finalmente ela voltou a falar comigo, tentei inúmeras vezes engravida-la novamente, e com toda certeza depois do que aconteceu eu virei outro homem. Mas ela não ficava grávida, resolvi chama-la para morar comigo já que estava vindo para o rio de janeiro e ela claro, aceitou. Então aconteceu que sua irmã estava sendo rejeitado pelos seus pais, então ela conseguiu fazer com que seus pais deixassem ela vir com a gente. E ela é a nossa filha desde então.

- E por que ela não mora mais com você?

- Com o tempo Cristal mudou. Ela sempre teve um lado muito obscuro e eu nunca descobri o motivo, ela se criou sozinha e quando veio pra cá cresceu na sua profissão com seu próprio esforço. Sempre soube desse jeito dela, dominante. E já não nos dávamos mais e já estava fazendo mal a Manuela. Foi quando resolvi acabar com tudo e então separamos de casa.

- E o quarto ao lado do seu é o da Manuela?

- Sim - Damon diz.

- E ela tem quantos anos?

- Manuela agora tem sete anos - Damon fala e sorri ao pensar nela - Queria que a conhecesse, eu a considero e a chamo de filha e ela me considera também. É o motivo de minha alegria, só que as vezes Cristal usa ela para me irrita. E novamente ela usou a Manu, para estragar o que temos.

- Damon. Vou te dizer uma coisa e quero que você escute muito bem - Digo colando a mão no seu rosto e virando-o para mim - Você é um cara maravilhoso, todos nós temos momentos ruins, entende? Não importa, e você mesmo disse que não queria que ela perdesse...

- No começo...

- No começo sim, eu entendo...

- Eu estava bêbado, eu não queria ter feito ela cair - Os olhos de Damon ficam marejados, sinto uma vontade louca de abraça-lo bem forte.

- Você não fez, foi um acidente, ela escorregou, você não a empurrou. Entenda isso! Não precisava ter me escondido, eu iria entender se tivesse me explico, só não gostei de ser pega do jeito que fui, foi como se fosse mais uma qualquer que você transa...

- Ela sabe que você não é isso, já falei de você para ela...

- Eu acho isso ótimo, mas sei que ela ainda gosta de você, deu para ver hoje o jeito que ela me olhou.

- Mas eu não quero nada mais com ela e eu também não vivo atrapalhando a vida pessoal dela. Falou de propósito, ela sabe que nunca me atraso para meus compromissos, ainda mais quando incluí a Manu.

- Tudo bem - Digo passando a mão pela sua. Agora mais calma - Eu já te entendi.

- Mesmo assim eu vou conversa com ela. Já vou direto para lá agora, vamos comigo?

- Fazer o que?

- É coisa rápida, só para ver a Manu, quero que conheça, ela vai amar você, tenho certeza.

- Melhor não.

- Ela vai ter que se acostumar com isso Katherine, é bom que comece agora. Porque pretendo não te deixar tão cedo - Damon diz se inclinando para me beijar. Sei que quando por os pés dentro da casa de Cristal, vou se considerada a pior inimiga dela...

Alucinante demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora