Alucinante demais

44 Capítulo

Dizem que devemos perdoar, todos não importa as circunstâncias, pois não sabemos quando iremos morrer. Mas eu perdôo, aqueles que merecem meu perdão.

    Estou dirigindo em direção a casa de Cristal, não faço ideia se ela está em casa, mas se não estiver também ficarei lá aguardando. É meio complicado me lembrar o caminho para lá, mas eu consigo ir e quando vejo seu portão me sinto aliviada. Estaciono o carro logo de frente a casa e saio, assim que estou próxima a porta ela é aberta para mim, não tem ninguém ali, pois é alguém em algum lugar que comanda a entrada e saída como um porteiro. Vou entrando e caminho para o interior da casa, até as grandes portas que dão a casa.

   Não Bato, não faço nada, apenas abro e entro. Mil coisas passam por minha mente sobre o que poderia ter acontecido naquele lugar e nenhuma é agradável, me da vontade de vomitar, o que me faz engolir em seco bastante até encontrar com Cristal que está na sala. Assim que entro na sala ela me encara, está sentada em uma poltrona com as mãos cruzadas na frente da barriga como se já estivesse me aguardando.

- Veio tarde - Cristal diz

- Talvez não - Digo caminhando até ela e me sentando em seu sofá um pouco distante - Não tem vergonha?

- Vergonha de que? - Cristal faz cara de paisagem.

- De tentar enganar Damon desse jeito? - Como eu suspeitava, seu olhar fica vago e então ela volta a fazer a cara de paisagem.

- Então ele te contou sobre o que rolou? - Cristal diz como se estivesse se sentindo mal com a situação - Sinto muito.

- Sinto muito? - Digo rindo - Você acha mesmo que ele ia perde o grande tempo dele com você? Traindo-me? Ainda mais com você? Que o prendeu por tantos anos, agora que ele está livre, livre de você e da "responsabilidade" que colocou nas costas dele, ele se sente melhor e eu sei que não rolou nada amor. Mulher conhece a outra melhor do que a si mesma.

- Não estou entendo porque você está nessa fase de negação, por que não aceita logo que rolou sim alguma coisa?

- Porque não rolou alguma coisa - Digo sorrindo - Amor, aquela frase patética "pelo jeito ela não está lhe satisfazendo" foi assim mais ou menos que disse não? Amor, ele nunca ficaria tão faminto, assim como você disse, ele come muito bem e a comida é de ótima qualidade e quem a prepara sabe trabalhar muito bem, se é que me entende.

- Não estou entendo sua visita.

- Então vou esclarecer, bem calmamente para que você entenda - Digo levantando-me e indo até a mesinha de centro onde tem uma revista, pego-a e passo as paginas vendo o que tem ali, então coloco no lugar novamente e me viro para ela - Não sou amiguinha, você não está se envolvendo com qualquer uma e não pense que tenho medo de você, porque não tenho, quer me atacar? Tente melhor da outra vez, porque realmente você estava desesperada. Ache alguém que te ame de verdade e cuide de você e vê se para de se fazer de coitada. Manu é um amor e ainda bem que não tem esse seu jeito, não herdou, não a envenene com seus venenos. E só uma dica, ver se para de tentar parar o talento dela, porque Damon odeia isso e ai você ta perdendo de um a zero.

   Viro-me e caminho em direção ao corredor. Mas antes me viro para ela novamente.

- Valorize-se, porque se não fizer isso eu terei que por você em seu lugar. Estamos avisadas.

   Então dessa vez me viro e caminho de vez para a saída e sinto um grande peso na consciência por tudo que disse a Damon. Pego o celular no caminho para meu carro, chama duas vezes e então escuto sua voz chorosa e tão serena que tanto amo.

- Oi - Ele diz tentando parecer normal.

- Esteja em minha casa daqui a cinco minutos.

- Por que?

- Esteja lá Damon - Digo e então desligo.

   Se estou aliviada? Estou além que isso, estou arrependida de ter mandado-o beijar meu pé. Mas aconteceu, pelo menos agora eu sei que Cristal não dormiu com ele e se eu não tivesse tão cega pela minha paixão, teria visto. Mas esse é o problema dos que amam, não vêem o que está na sua frente quando é coisa errada, age sem consciência e recebe as consequências.